O Brasil ocupa hoje uma das piores posições em rankings de educação. Em uma lista com 65 países participantes do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), do Ministério da Educação, por exemplo, o País amarga o 53º lugar. Fatores sociais podem influenciar diretamente nesse número e é isso que uma startup pernambucana tenta reverter. Por meio da inclusão social, três pequenos empresários resolveram inovar e transformar a vida de milhares de crianças e adolescentes em todo o Brasil por meio da educação.
Criada em 2015, a startup Prol Educa oferta bolsas de 70% a alunos e alunas que não têm condições de arcar com o valor integral da mensalidade em mais de 400 escolas parceiras. No total, mais de cinco mil famílias em todo o Brasil são alcançadas com a iniciativa. O objetivo é incentivar crianças e adolescentes a não desistirem de estudar e reduzir a inadimplência.
“A gente ajuda famílias que sonham em matricular seus filhos em boas escolas, mas que não têm condição de arcar com as mensalidades. Nosso modelo se baseia em ofertar vagas ociosas que não foram preenchidas pelas instituições de ensino privadas por um preço mais acessível”, explica Pettrus Nascimento, um dos idealizadores da Prol Educa, com sede em Recife (PE).
Orientações do Sebrae ajudam micro empresários na sustentação dos empregos durante a pandemia
A startup atua em mais cinco estados (Rio Grande do Norte, Alagoas, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo) e garantiu faturamento superior a R$ 1 milhão em cinco anos de operação. Das cinco mil famílias ajudadas, 90% têm renda média de um salário mínimo. Com a ideia, 40% dos matriculados estão com melhor desempenho no ensino fundamental e 51% no ensino médio.
Por conta da pandemia, ele e os dois sócios resolveram ampliar o portifólio e passaram a oferecer também auxílio em cursos de graduação e ensino técnico. “Esperamos colocar nossa plataforma com mais inovação em breve e beneficiar cada vez mais estudantes que buscam uma educação de qualidade, é esse nosso papel”, garante Pettrus.
Parceria e tecnologia
A história dos empresários pernambucanos se cruzou com a do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) em 2017, quando foram selecionados para participar do InovAtiva Brasil. De acordo com a entidade, o InovAtiva Brasil é o maior e mais abrangente programa de aceleração de startups do Brasil, oferecendo capacitação, mentoria, conexão e visibilidade a empreendedores inovadores – e o melhor, tudo de graça. Desde 2013, ano de lançamento do programa, mas de mil negócios foram atendidos pela iniciativa.
“Da forma como os pequenos negócios funcionam hoje não será mais possível sustentá-los. O cliente não está mais na porta da rua. E mesmo aquelas cidades que liberaram para consumo, para reabertura, a forma como cliente está interagindo, está consumindo, o produto mudou. Então, esse pequeno negócio vai ter que se adaptar, vai ter que inovar nesses novos tempos. Ele vai poder alterar o seu modelo de negócio, produtos e processos para continuar no mercado. Todas essas alterações, quando são feitas de forma estratégica, são inovações”, defende o gerente de Inovação do Sebrae, Paulo Renato.
Antes da pandemia, segundo ele, muitas empresas ainda operavam no “off-line”, ou seja, sem inserção na internet. “O Sebrae criou vários programas que incentivam o pequeno negócio a vender pela internet e interagir com redes sociais, para mudar a visão do empresário também para uma versão ‘on-line’”, diz o gerente.
A goiana Elizângela de Oliveira sabe bem como é isso. Dona de uma loja varejista de calçados em Posse (GO) há mais de 20 anos, a empreendedora viu que era o momento de começar uma transformação, já que, antes da pandemia, ela só trabalhava com a loja física. “Nós buscamos oferecer o melhor atendimento e qualidade nos produtos comercializados. Há alguns anos, sentimos a necessidade de mudar para o e-commerce, mas por vários motivos não foi possível”, conta.
Com a crise, segundo ela, veio a necessidade de buscar opções para ampliar as vendas. “Surgiram várias ideias, mas a melhor foi a de criar um site de vendas, tornando realidade o sonho da loja virtual”, lembra Elizângela. O Sebrae entrou na vida da empresária nesse momento. Ela teve ajuda a partir do Sebraetec, que disponibiliza serviços tecnológicos para empresas, conectando os pequenos negócios a uma rede de prestadoras de serviços tecnológicos que atendem em todo território brasileiro.
“Há muitos anos, fazemos parceria com o Sebrae, com cursos de aperfeiçoamento e consultoria”, afirma. “Para mim, o e-commerce é presente e é futuro. Trabalhamos buscando sempre inovar, tanto o site quanto as redes sociais, fazendo parcerias com empresas e sites virtuais”, projeta.
As vendas da empresária cresceram e as expectativas de ampliar o negócio também. Ela já está pensando, inclusive, nas festas de fim de ano. “Esperamos fortalecer as vendas da loja física, da virtual e um Natal melhor, com ótimas oportunidades de vendas e de negócios.”
Paulo Renato acredita que, daqui para frente, a tendência é adotar uma estratégia híbrida de negócios. “É uma estratégia tanto on-line quanto off-line, em que você promove um tipo de experiência para seu cliente com atendimento presencial e na internet com outra estratégia de atendimento”, sugere o gerente de Inovação do Sebrae.
“A inovação, de fato, será fundamental para que esses negócios se adaptem ao novo tempo econômico que vivemos agora”, aposta ele.
Inovação no Brasil
Hoje, um em cada quatro donos de pequenos negócios implementou alguma inovação desde o início pandemia. Segundo pesquisa do Sebrae, em parceria com a FGV, empresários com práticas inovadoras em seus negócios tiveram mais sucesso no nível de faturamento. Enquanto os pequenos negócios inovadores registraram perda de 32%, as empresas que não inovaram tiveram um percentual de perda de 39%.
Em 2017, o Sebrae investiu mais de R$ 300 milhões em iniciativas de inovação. No ano seguinte, foram aplicados R$ 245 milhões em ações e programas como as incubadoras; InovAtiva, programa gratuito de aceleração de startups; Like a Boss, competição para fortalecer o ambiente das empresas com foco digital; e o Sebraetec, que promove o acesso a soluções em sete áreas de conhecimento da inovação.
Já em 2018, o Brasil subiu do 69º lugar para o 64º no Índice Global de Inovação, considerada a melhor posição até então desde 2014. Em 2020, subimos mais dois degraus, alcançando a 62ª posição. As dez primeiras colocações foram ocupadas, neste ano, pela Suíça, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, Dinamarca, Finlândia, Singapura, Alemanha e Coreia do Sul. O Índice Global de Inovação reúne 126 países e é publicado anualmente, desde 2007, pela Universidade Cornell, pelo Insead e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual.
O Sebrae conta também com o Programa Nacional de Encadeamento Produtivo. Segundo a entidade, são mais de 270 projetos em todo o País que promovem a aproximação entre grandes e médias empresas e pequenos negócios em diversas cadeias de valor.
Apoio a gestores
Incentivar a geração de emprego e renda e qualificar quem mais precisa são algumas das dicas que podem ser inseridas nas propostas de governo dos (as) futuros (as) prefeitos (as) e vereadores (as) que serão escolhidos em novembro deste ano, nas eleições municipais. A ideia do Sebrae, em parceria com várias entidades, é inserir a pauta do empreendedorismo nas campanhas.
Uma delas, por meio do documento “Seja um candidato empreendedor – 10 dicas do Sebrae”, é investir cada vez mais em inovação, garantindo internet de qualidade nas escolas, prédios públicos e praças; apoiando espaços de inovação, startups locais e incubadoras de empresas; implantando serviços online e desburocratizados para a população, modernizando o atendimento da prefeitura; estimulando os empreendedores locais na adoção de fontes de energia sustentável e reciclagem de resíduos, e fomentando a implantação do Código Florestal, a preservação de mananciais e do meio ambiente no meio rural e urbano.
O documento é uma iniciativa do Sebrae com apoio da Frente Parlamentar Mista da Micro e Pequena Empresa, da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), do Instituto Rui Barbosa, com a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público, e da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil.