Na terça-feira (8/12), Marcelo Tas entrevista a historiadora e antropóloga brasileira Lilia schwarcz no #Provoca.
Na conversa, eles falam sobre racismo, desigualdade e política de reparação. A edição vai ao ar a partir das 22h15, na TV Cultura e no YouTube.
No bate-papo com Tas, Lilian comenta que a sociedade brasileira ficou muito tempo longe da vacina do racismo.
“Sabe o que é grave no Brasil? Todo racismo é ruim, mas o nosso é terrível, porque o racismo brasileiro é pautado naquilo que Florestan Fernandes falava, ainda nos anos 70, e que Kabengele Munanga tem dito agora nesse momento, que é um preconceito pautado no preconceito de ter preconceito. Ou seja, eu não tenho preconceito, mas você tem, todo mundo aqui tem. E isso não cria uma auto reflexão. Eu me apoio na ideia de que é o meu amigo, a minha mãe, meu pai, meu tio, o meu marido que são racistas”.
A antropóloga explica ainda que a política de reparação será uma política de memória também. “Como diz o grande teórico Frantz Fanon e, no Brasil, Mário Medeiro, as populações negras falecem duas vezes. Fisicamente e falecem na memória. Não vieram da África apenas trabalhadores escravizados, ao contrário, por isso que eu uso o termo escravizados. Ninguém foi escravo no passado. As pessoas moraram no Congo, na Nigéria, em Moçambique. E com as populações africanas vieram tecnologias, filosofias, cosmologias, religiões, padronagens estéticas. Veio toda uma linguagem com a qual nós vivemos hoje. Então essa é uma política de reparação da maior importância”, conclui