Os petroleiros da Bahia chegam, nesta segunda-feira (8), ao quarto dia da greve, retomada na última sexta-feira (5). A diretoria do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) da Bahia informou que, após quatro rodadas de negociação, e sem avanço, a Petrobras rompeu o trato com a entidade e encerrou as negociações.
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Jairo Batista, coordenador do Sindipetro Bahia, acredita que esta será “uma greve forte, com boa adesão da categoria. Uma greve legítima, legal e necessária, diante das tentativas recorrentes da Petrobras de retirada de direitos dos trabalhadores, das atitudes antissindicais e da utilização do assédio moral e da pressão como ferramentas de gestão nas unidades da estatal”.
Desde fevereiro, o movimento paredista estava suspenso, após a sinalização da Petrobras de reabrir a negociação. Trabalhadores concursados e terceirizados da Refinaria Landulpho (RLAM) – cerca de 900 concursados e 1,7 mil terceirizados – e de outras unidades da estatal no estado aderiram ao movimento.
Para o diretor de Comunicação do Sindipetro Bahia, Radiovaldo Costa, existem desafios de diversas ordens para a realização da greve: “Infelizmente, a truculência, as ameaças para os trabalhadores da Petrobras e terceirizados e o assédio moral são muito fortes. E isso acaba sendo um obstáculo para a construção da greve”.
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A greve não acontece só na Bahia, foi deflagrada regionalmente também pelos Sindipetros nos estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Amazonas, Pernambuco e São Paulo (Mauá e Campinas). Filiados à Federação Única dos Petroleiros (FUP), esses sindicatos também estavam em negociação suas pautas reivindicatórias regionais diretamente com a Petrobras.
Reivindicações
Entre as reivindicações da categoria, estão: a implementação de uma política efetiva de combate ao assédio moral nas unidades da Petrobras; a incorporação dos trabalhadores concursados da Petrobras Biocombustíveis (PBIO) à Petrobras, caso a Usina de Biocombustíveis de Candeias seja realmente vendida; o fim das dobras de turno e das prorrogações de jornada; e a revisão da política do efetivo mínimo do O&M (Organização e Método) nos diversos setores da estatal, em especial na RLAM.
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Os petroleiros reivindicam também que a Petrobras envie ao Sindipetro Bahia a cópia do contrato de venda da Refinaria Landulpho Alves para o fundo Árabe Mubadala ou apresente e coloque em discussão o cronograma de transição da operação da unidade pela Petrobras, bem como os prazos de transferências de trabalhadores, seus critérios e prioridades, além das regras que utilizará para indenizar as transferências desses trabalhadores.
O objetivo é garantir a permanência dos postos de trabalho dos trabalhadores próprios e terceirizados e também que não haverá redução salarial, retirada de direitos, de benefícios e de vantagens.
Surto de covid-10 em refinaria
O adiamento da parada de manutenção da RLAM, negado pelo RH Corporativo da Petrobras, é outro ponto de pauta dos petroleiros, em razão do surto de infecção pela covid-19 na refinaria.
A parada de manutenção está marcada para acontecer no próximo dia 15. De acordo com o Sindicato, são 75 trabalhadores próprios infectados pelo vírus da covid-19 na refinaria. Oito estão hospitalizados e três em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), intubados.
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Desafios da greve da categoria
Radiovaldo Costa aponta ainda outros desafios para o movimento: “A Petrobras tem utilizado muito, nos últimos movimentos que realizamos, a justiça do trabalho, como forma de obter algum tipo de liminar que impeça a categoria petroleira, os trabalhadores e a própria entidade de realizar esse direito constitucional que é o direito de greve”.
O diretor de Comunicação do sindicato destaca também que os petroleiros estão lidando com um componente que não pode deixar de ser considerado, a pandemia: “Claro que a entidade sindical se preocupa com a pandemia, já que toda greve você acaba, em algum nível, concentrando pessoas. A gente tem tomado os cuidados necessários, inclusive evitar ao máximo esse tipo de aglomeração de pessoas”. “Mas temos tomado os cuidados para evitar qualquer tipo de contaminação entre os presentes, seja de diretores do sindicato ou também dos próprios trabalhadores da base”, acrescentou.
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O diálogo com a categoria e a sociedade também é um ponto destacado por Radiovaldo. “Nós fizemos um trabalho prévio de diálogo com os trabalhadores da Petrobras e terceirizados. Temos feito uma comunicação digital intensa, com áudios, vídeos e notas em nosso site. Mostrando para a categoria a necessidade de realizar o movimento, a deixando informada diariamente de tudo o que acontece, sobre o processo de negociação com a Petrobras, do não atendimento da Petrobras a nenhuma de nossas reivindicações e desse cenário difícil de privatização, o que naturalmente coloca em risco, além dos interesses da sociedade como um todo, também os interesses dos trabalhadores petroleiros próprios e terceirizados”.
Fonte: BdF Bahia
Edição: Elen Carvalho e Rebeca Cavalcante