O Festival Caixote no MAM é uma mostra de dança e performance a ser realizada no Museu de Arte Moderna do Rio, MAM, de forma totalmente online em razão da pandemia, com duração de uma semana, sendo um final de semana de performances (quatro por dia), e cinco dias de oficinas. As performances serão exibidas no canal de Vimeo do museu (https://vimeo.com/mamrio).
A programação inclui trabalhos de artistas de longa trajetória e atuação na dança do Rio de Janeiro; um artista convidado de São Paulo; e coreógrafos que apresentam suas primeiras criações. Na semana que antecede as apresentações, o festival promove uma oficina por dia, com objetivo de mobilizar dançarinos, performers e/ou curiosos. A cada dia a oficina será proposta por um profissional de um estilo diferente de dança.
O Festival Caixote no MAM conta com o patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro/Secretaria Municipal de Cultura, do Governo do Estado do Rio de Janeiro/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, e da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo/Governo Federal, a partir de recursos da Lei Aldir Blanc.
PROGRAMAÇÃO:
Oficinas, sempre às 16hs
. Segunda 15/03 – Oficina “Criações Imagéticas” com Eduardo Hermanson/Rennan Fontoura
. Terça 16/03 – Oficina “Desenvolvimento de movimentos através de conceitos de dança” com Leonardo Laureano
. Quarta 17/03 – Oficina “Passinho e suas variações” com André Oliveira Db
. Quinta 18/03 – Oficina “Afro Dance” com VN Dançarino Brabo
. Sexta 19/03 – Oficina “Dance com (c)alma” com Cia. Skuadra
. Sempre exibição via Zoom, a partir de inscrições prévias
Apresentações Sábado, 20/03 (online)
. O Pássaro e a Enguia (Laura Samy /Maria Alice Poppe) – 18hs às 18h40 (40min)
. Intervenção Leonardo Laureano – 19hs às 19h20 (20min)
. A Força do Sensível (Alan Ferreira / Cia Skuadra) – 19h30 às 19h50 (20min)
. Homem Torto (Eduardo Fukushima) – 20hs às 20h20 (20min)
Apresentações Domingo, 21/03 (online)
. Intervenção Eduardo Hermanson/Renann Fontoura – 18hs às 18h20 (20min)
. Quilombo (Cia Afro Black) – 18h30 às 18h50 (20min)
. Ensaio_MÃO (mão_coletivo) – 19hs às 19h50 (50min)
. aCORdo (Alice Ripoll / Cia Rec) – 20hs às 20h35 (35 min)
Entenda o Festival
O Festival Caixote no MAM é idealizado pelas coreógrafas Laura Samy e Alice Ripoll e surge do desejo de movimentar a cena da dança carioca contornando a escassez de espaços e contextos para a circulação de trabalhos de dança e performance no Rio de Janeiro.
Junto a amigos e artistas com os quais dialogam, Alice e Laura realizaram uma mostra de dança em parceria com a Escola de Cinema Darcy Ribeiro, com algumas edições realizadas entre 2017 e 2019, com encontros que fomentaram um espaço de compartilhamento entre artistas variados. Nesta rica experiência brotaram trabalhos de grande excelência artística que ganharam o mundo, o que impulsionou as coreógrafas a idealizar o Festival Caixote MAM.
Seguindo a tendência de museus e espaços culturais como MOMA, Centre Pompidou e Palais de Tokyo, o Festival Caixote no MAM, que explode o tradicional espaço do teatro, receberá trabalhos híbridos entre dança e performance, que exploram uma relação direta com o público e com o espaço. A proposta foi de imediato abraçada pelo Diretor Executivo do MAM, Fábio Szwarcwald, e seus Diretores Artísticos, Keyna Eleison e Pablo Lafuente.
O Festival Caixote no MAM contribui para ampliação e resgate da cena da dança contemporânea e da performance, levando ao público trabalhos de excelência. O mercado da dança carioca, que vislumbrou um futuro promissor nos anos 2000, foi sendo desde então gradativamente minado devido à escassez de políticas públicas e privadas. O festival proporciona espaço para intérpretes consagrados apresentarem seus trabalhos autorais, consolidando uma nova geração de coreógrafas. Laura Samy e Maria Alice Poppe, que dançaram com grandes diretores do Brasil e com eles construíram a dança contemporânea nacional, agora assumem o rumo de suas criações trazendo um olhar de dentro do fazer da dança e se reafirmando como protagonistas de suas obras.
O festival traz também artistas internacionalizados, como Alice Ripoll / Cia REC e Eduardo Fukushima, que muitas vezes têm mais oportunidades de apresentar seus trabalhos fora do Brasil do que para o público daqui.
Ainda estarão presentes jovens criadores de áreas periféricas do Rio, que dificilmente têm oportunidades para mostrar seus trabalhos nas áreas mais centrais onde circula maior poder aquisitivo da cidade, em trabalhos como o da Cia Afro Black, composta por dançarinos do Complexo de favelas da Penha.
Diretoras do evento
Alice Ripoll
Alice Ripoll nasceu no Rio de Janeiro, formou-se na escola e faculdade de Angel Vianna, e logo começou a trabalhar como coreógrafa. Ela dirigiu muitas peças, dançou em algumas – principalmente dela mesma, e também colaborou com atores e artista de circo. Trabalhou com Laura Samy, Renato Linhares, Dani Lima, João Saldanha, o grupo teatral Foguetes Maravilha, entre outros. Atualmente seu trabalho abarca os estilos de dança contemporânea e danças urbanas do Brasil, por meio de uma pesquisa que abre espaço para que os bailarinos transformem em imagens as experiências e memórias que vivem em cada um. Alice atualmente dirige dois grupos: REC e SUAVE. Seus espetáculos já foram apresentados em diversos festivais no Brasil, como Panorama Festival, Bienal SESC de Dança, Dança Gamboa, MIT, FIAC, Bienal de Dança do Ceará, Trisca, e na Europa: Rencontres Chorégraphiques de Seine-Saint-Denis, Zurich Theater Spetakel, Kunstenfestivaldesarts, Centre Pompidou, HAU, Wiener Festwochen, Festival Dias da Dança, entre outros.
Laura Samy
Performer, coreógrafa e formada em Teoria do Teatro pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/Unirio (2016), Laura atua no campo da dança desde 1986, ano de sua formação como bailarina clássica. Com uma vasta experiência profissional vem realizando seu trabalho através de pesquisas coreográficas autorais e em parceria com diversos outros artistas, nacionais e internacionais, em projetos de dança e das artes da cena em geral. dentre eles, Thiago Granato, João Saldanha, Marcela Levi, Renato Linhares, Alice Ripoll, Tunga e Xavier Le Roy. Seu trabalho contínuo como performer e dançarina tornou-se uma importante referência para outros artistas na cidade. Nesse percurso desenvolve pesquisas em formato de solo, onde estrutura e problematiza no corpo e na cena os seus anos de experiência artística. Nos últimos anos tem sido convidada a participar na elaboração de dramaturgias de movimento, tanto em peças de dança como de teatro. A partir dessas experiências vem construindo múltiplos espaços de atuação, ministrando oficinas em formatos variados e promovendo a circulação de artistas através da idealização e realização da Mostra Caixote.
APRESENTAÇÕES
1. ALAN FERREIRA / Cia. Skuadra
A força do sensível
Guiada pelo flow do músico ganês Pat Thomas, a pesquisa explora movimentos que antes podiam ser considerados tabus no universo da tão controversa masculinidade. Desde o momento em que este convite surgiu, quatro homens, para criar um trabalho de dança, passam a esmiuçar questões “masculinas”. Isto se dá sem enfrentamento direto, mas trabalhando o que pode ser divertido em revisitar posições tabus, com humor e sensibilidade, através da dança.
O convite do diretor aos dançarinos é para que explorem o desejo da ampliação de liberdades: do cabelo, da mente, das pregas. A cintura ganha acentos, a bacia é iluminada por um interesse curioso. De acordo com Alan, à medida em que os homens podem se encostar, ficam mais pertencentes a esse mundo.
O trabalho apresenta cenas que abordam a vulnerabilidade: o “cair”, o “estar por baixo” o “atrás”, trabalhados de forma metafórica e concreta, como quedas causadas pela falta de coordenação ou de força; deformação do rosto, a careta e o humor que se aproxima do desespero.
Vozes questionadoras que podem também rir de si mesmas, cheias de potência, ritmo, musicalidade, tragédias e tentativas de renascimento e transformação.
Alan Ferreira
Alan Ferreira foi criado na favela Chácara do Céu. Ainda adolescente teve contato com Hip Hop e foi coreógrafo do grupo Cubo. Na ONG Pró Saber conheceu a dança contemporânea e foi cofundador da Cia REC, dirigida por Alice Ripoll, consagrada por unir estéticas da periferia à performance. Com o grupo, Alan conheceu muitos países, se apresentou no Centre Pompidou em Paris, foi assistente de direção e agora se vê pronto para fazer a roda girar. É o momento de Alan dividir sua experiência no lugar da direção, tendo se instrumentalizado para abordar a estética poderosa das danças urbanas, que quando unidas à contemporânea, apresenta um formato capaz de agradar aos mais exigentes festivais do mundo.
O grupo Skuadra, idealizado pelo intérprete Rafael Fernandes, se reuniu inicialmente para pesquisas de dança e vídeo. Em 2020 o diretor Alan se aproxima do Skuadra por encontrar interesses em comum, criando assim uma nova formação que também conta com a participação de Liuz La e Zeca Pita, para a criação de “A força do sensível”.
2. ALICE RIPOLL | Cia. REC
aCORdo
Em aCORdo quatro performers nascidos em favelas do Brasil transformam as hierarquias e relações existentes entre os participantes. Os consumidores das artes cênicas muitas vezes estão a uma distância segura do crime e do caos, dentro de uma ordem social. No entanto, a manutenção dessa ordem é acompanhada de opressão e intimidação. De uma maneira sutil e aparentemente inocente, a performance sugere uma nova ordem na qual tanto o dançarino quanto o espectador devem inevitavelmente se reorientar.
“aCORdo” surgiu quando Alice Ripoll foi convidada para participar com uma criação inédita, feita para ser encenada em uma sala da ocupação “Que Legado”, realizada no Castelinho do Flamengo, no Rio de Janeiro, de março a abril de 2017. O trabalho deveria dialogar com a indagação do que teria ficado como legado para a cidade após os grandes eventos que supostamente trariam melhorias para a vida dos cariocas, a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Sem responder literalmente à pergunta, a artista propõe pensar a cidade na posição dos intérpretes da Cia REC com quem trabalha há oito anos. Eles são negros e moram em uma favela carioca.
Aquele que é pedreiro, que vai à sua casa consertar o fogão, que está na sua universidade por uma firma terceirizada fazendo faxina, que lhe serviu café no foyer: ele é um cantor de rap, um poeta, ele sente ciúmes, ele fica preso no engarrafamento, ele morre de amor, ele faz dança contemporânea.
Quem está roubando o que? De quem é o crime?
Ficha técnica
Direção: Alice Ripoll
Intérpretes criadores: Alan Ferreira, Leandro Coala, Romulo Galvão, Tony Hewerton
Assistente de Direção: Anita Tandeta
Produção: Natasha Corbelino | Corbelino Produções
Fotos e vídeo: Renato Mangolin
Arte gráfica: Daniel Kucera
Classificação: 14 anos
Duração: 30 minutos aproximadamente
Alice Ripoll
Coreógrafa, intérprete e diretora de movimento para peças teatrais. É diretora da Cia de dança REC, com a qual realizou os espetáculos “Cornaca” (2009), “Katana” (coprodução Festival Panorama 2012), “Bô” (2015), e “Pé de vento cabeça no chão” que estreou em 2015, também em coprodução com o Festival. Em 2014 dirigiu os espetáculos “Suave” e “O princípio da casa dos pombos”. É diretora de movimento do grupo teatral Foguetes Maravilha. Seus espetáculos têm sido apresentados em diversos festivais no Brasil como Festival Panorama, Bienal SESC de Dança, Bienal de Dança do Ceará; e no exterior: Kampagel – Internationales Sommerfestival, Zurich Theater Spetakel, Noorderzon Performing Arts e Rencontres Chorégraphiques de Seine-Saint- Denis. Em 2016 participou do Projeto Brasil na em quatro cidades da Alemanha e se apresentou no projeto Camping, Centre National de la Danse (Paris, França) e noFestival de la Cité (Lausanne, Suíça).
Cia REC
Fundada em 2009, a Cia. REC é dirigida por Alice Ripoll e conta com os bailarinos Alan Ferreira, Leandro Coala, Tony Hewerton e Rômulo Galvão. A companhia, com produção intensa, se firma como um potente grupo de artistas da periferia que elabora e recria a arte contemporânea. A Cia REC realizou cinco trabalhos; são três espetáculos adultos, “Cornaca”, “Katana” e “Bô”, o infantil “Pé de vento cabeça no chão”e a performance para salas “aCORdo”. Os trabalhos foram apresentados no Festival Panorama, Casa do Povo, Trisca, FIAC, Bienal SESC de dança, Centre Pompidou, Kunstenfestivaldesarts, Festival Dias da Dança, Wiener Festwochen, entre outros.
3. CIA AFRO BLACK
Quilombo
O espetáculo “Quilombo” mostra a resistência de cada jovem preto periférico através da arte. O quilombo não morreu, ele ainda existe e se localiza em cada favela do nosso país, e do Rio de Janeiro. A performance aborda o quilombo do passado e o que não morreu, que está vivo no século 21. Ainda hoje as pessoas são discriminadas por morarem na favela, tendo pele clara ou escura. Ainda hoje, gente preta todo dia é massacrada só por ser preta.
Neste quilombo procuramos a força para lutar por igualdade de viver. E mostramos que, apesar dos privilégios, pretos e brancos são iguais, e deveriam ter as mesmas oportunidades e serem tratados da mesma forma.
Cia Afro Black
A Cia. Afro Black foi idealizada pelo coreógrafo Vinicius Rodrigues, em 2017, a partir de um duo de black music. Desde então surgiu a necessidade de atender à demanda crescente de jovens dançarinos moradores da região da Penha, situada no subúrbio do Rio de Janeiro, por espaços em que conseguissem desenvolver o estilo afro mesclando ritmos internacionais. O principal objetivo da Afro Black é ativar a memória que é acionada através da dança, articulada com uma pesquisa sobre os gestos, os gostos, as sonoridades e, principalmente, as vivências individuais e coletivas desses jovens negros e periféricos.
4. EDUARDO FUKUSHIMA
Homem Torto
Homem Torto é um solo de dança de Eduardo Fukushima com música de Tom Monteiro e luz de Hideki Matsuka, criado em 2013 especificamente para a sala Cenacolo Palladino, um antigo refeitório de monges renascentistas na Fondazione Giorgio Cini em Veneza, Itália. Essa peça foi recriada em 2014 para espaços alternativos e que formem uma passarela onde a dança passa aos olhos, é passagem.
É uma dança que acontece na ação de andar e quase cair, é uma caminhada em dança em constante desequilíbrio. É a insistência no movimento em múltiplas direções em conflito e a tentativa de unir opostos como a dureza e a leveza, a fragilidade e a força, o pequeno e o grande, o feminino e o masculino, o velho e o novo, movimentos fluidos e cortados, desenhados e vibracionais, rápido e lento, o equilíbrio e o desequilíbrio, o estar perto e longe do público. É movimento na sua crueza como possiblidade de acontecimento e comunicação.
Eduardo Fukushima
Nasceu e vive em São Paulo, Brasil. Trabalha como dançarino, coreógrafo e professor. É graduado em dança pelo curso Comunicação das Artes do Corpo na Puc- São Paulo. Apresentou Homem Torto em diversas cidades do Brasil e também na América do Sul, Europa e Ásia, apresentando em importantes festivais como Tanz im August em Berlin, Dance Umbrela em Londres, Dañs Fabrik em Brest, Projeto Brasil em Dresden, Dusseldorf e Frankfurt, no Rolex Arts Weekend, em Veneza, Bienal Sesc de Dança em Campinas, dentre outros. Homem Torto recebeu o prêmio Denilto Gomes em 2014 em São Paulo. Fukushima foi premiado pela Rolex Mentor&Protégé Arts Initiative 2012-2013, residindo por um ano em Taipei, Taiwan junto a Cloud Gate Dance Theatre e seu fundador Lin Hwai-Min. Colabora com a companhia Okazaki Art Theatre do Japão, dirigida por Yudai Kamisato. Atualmente colabora com Beatriz Sano no dueto O QUE MANCHA e vem dirigindo filmes de dança, dentre eles: Caderno de Artista para o Centro Cultural São Paulo, Homem Torto em vídeo dança para o Festival Loft no Chile e 1 pra 1 para o Espaço Sergipe Arte Psicanálise e Cultura em São Paulo. Em 2020 recebeu o prêmio APCA de melhor criação de dança com o vídeo performance Silêncio.
5. LAURA SAMY E MARIA ALICE POPPE
O Pássaro e a Enguia
O encontro entre o Pássaro e a Enguia evoca imagens de um mundo fantástico. Não é possível dizer de onde vem o vento, qual o tamanho exato de uma formiga, ou que acontece dentro da boca. Um gesto proferido é também algo que se dissipa rapidamente na luz e nos corpos. Mas nem tudo ali se esvai. Quando se tocam ou são tocados por algo, o ar pesa, o coração sente e o olhos explodem. Agora se lembram que podem falar. E você que faz versos, que ama, protesta, começa a se perguntar: e agora?
Este trabalho tem como ponto de partida a aproximação entre as formas com que cada uma das artistas recria suas memórias e imaginação enquanto dança. A superfície em que pisam, a profundidade dos corpos e a constante presença da gravidade, são matéria prima para a elaboração deste encontro e de uma construção poética, livremente inspirada na distância entre o chão e as alturas.
Laura Samy e Maria Alice Poppe são artistas com longa trajetória de atuação e investimento no campo da dança, como intérpretes, criadoras e educadoras. Através desse trabalho inauguram uma parceria com o desejo de criarem novas formas de estruturação para suas criações, dando continuidade à paixão e a dedicação com que vem exercendo suas profissões.
Laura Samy
Performer, coreógrafa e formada em Teoria do Teatro pela Universidade Federal do Rio de Janeiro/Unirio (2016), Laura atua no campo da dança desde 1986, ano de sua formação como bailarina clássica. Com uma vasta experiência profissional vem realizando seu trabalho através de pesquisas coreográficas autorais e em parceria com diversos outros artistas, nacionais e internacionais, em projetos de dança e das artes da cena em geral. dentre eles, Thiago Granato, João Saldanha, Marcela Levi, Renato Linhares, Alice Ripoll, Tunga e Xavier Le Roy. Seu trabalho contínuo como performer e dançarina tornou-se uma importante referência para outros artistas na cidade. Nesse percurso desenvolve pesquisas em formato de solo, onde estrutura e problematiza no corpo e na cena os seus anos de experiência artística. Nos últimos anos tem sido convidada a participar na elaboração de dramaturgias de movimento, tanto em peças de dança como de teatro. A partir dessas experiências vem construindo múltiplos espaços de atuação, ministrando oficinas em formatos variados e promovendo a circulação de artistas através da idealização e realização da Mostra Caixote.
Maria Alice Poppe
Doutora em Artes Cênicas pela UNIRIO com estágio doutoral no exterior na Coventry University, mestre em Artes Visuais pela EBA/UFRJ e graduada em Licenciatura em Dança na Faculdade Angel Vianna. Atualmente é Professora Adjunta da UFRJ. Juntamente com o coreógrafo Paulo Caldas, fundou a Staccato Dança Contemporânea. Colaborou com João Saldanha, Angel Vianna, Marcia Rubin, Mauricio de Oliveira, Thereza Rocha, Tato Taborda e Aderbal Freire-Filho. Participou do festivais Panorama da Dança, Dança Brasil, Solos de Dança do Sesc, Bienal de Dança do Ceará, Festival de Dança do Recife, Japan International Competition, Wettbewerb für Choreographen Hannover, Costante Cambiamento, AmericArtes KennedyCenter, Bienalle de la Danse de Lyon, Danse Lille e Move Berlim. Dos prêmios: Melhor execução na Mostra para Novos Coreógrafos, Melhor Bailarina Prêmio RioDança e Mambembe, Melhores da dança pelo Jornais do Brasil e O Globo, Prêmio Klauss Vianna, Edital de Fomento RJ entre outros.
6. mão_coletivo
Ensaio_Mão
ENSAIO_MÃO é uma reflexão sobre a construção da (mão de-) obra pública. Um mergulho no universo das montagens de estruturas urbanas e lonas de circo é a proposta central do trabalho, que poeticamente, fala sobre cooperação, força do trabalho coletivo e comprometimento; partes importantes do que constituem o ser humano como uma espécie social e que, em momentos tão conturbados como os atuais, são colocadas em suspenso, na medida em que nos afastamos dos alicerces básicos de convivência e respeito pela diferença.
A intervenção tem direção e coreografia de Renato Linhares, e a atuação dos intérpretes/construtores Adelly Costantini, Camila Moura, Carolina Cony, Daniel Elias, Daniel Poittevin, Fábio Freitas e do músico Marcelo Callado.
Currículo do grupo
Mão – translação da casa pela paisagem estreou dia 16 de abril de 2016 no Parque Madureira, Rio de Janeiro. Esta criação foi contemplada com o patrocínio da Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. Realizou sua primeira temporada no Rio de Janeiro, em diversos lugares da cidade. Realizou temporadas independentes e participou de festivais como Festival Internacional de Teatro de Rio Preto, Festival Sesc de Inverno, Sesc Paulista, Sesc Ipiranga, Museu de arte do Rio (MAR) e Virada Sustentável (RJ).
Renato Linhares
Encenador, coreógrafo e ator, iniciou seus estudos em teatro em 1998, em Porto Alegre, com o grupo ÓI NÓIS AQUI TRAVEIZ. Em 2001 ingressa na INTRÉPIDA TRUPE, onde dirige o espetáculo METEGOL (2005). Em 2002 conhece Enrique Diaz e Mariana Lima, criam o COLETIVO IMPROVISO, e as peças NÃO OLHE AGORA (2004) e OTRO(2010), apresentadas em países como a França, Alemanha, Itália, Holanda e Japão. Em parceria com Cristina moura realiza os projetos NU DE BOTAS (2017) e AGÔ – CONVERSAS (2019), em 2012 dirige O MARAVILHOSO MUSEU DA CAÇA E DA NATUREZA, em co-criação com Alice Ripoll, Fabrício Belsoff e Laura Samy. Faz parte do grupo FOGUETES MARAVILHA desde 2011. Em MORTOS-VIVOS: UMA EX-CONFERÊNCIA (2017) é diretor e intérprete. Entre seus últimos trabalhos como diretor (2017/2020) estão os espetáculos, CÉREBRO CORAÇÃO, em co-direção com Enrique Diaz, BAILE PARTIMCUNDUM, de Adriana Falcão, TRAJETÓRIA SEXUAL, de Álamos Facó, MÃO, e SPEED DATE, em co-direção com Alex Cassal, keli Freitas e Marcia Lança para o Festival LINHA DE FUGA 2020 em Coimbra.
INTERVENÇÕES
1. EDUARDO HERMANSON E RENANN FONTOURA
Um ensaio entre corpos e narrativas. Uma transmutação acontece na tomada de decisão entre o que há, e o que de fato pode vir a ser.
Dois dançarinos se revelam, se comunicam em meio a grande desordem, buscando construir fundações para que sobrevivam ao desalinho e ao desarranjo de suas vidas. Prevalecer na ordem lógica das coisas é permear um mundo de imagens que circundam essa narrativa junto ao desconhecido, ao onírico e ao irreal. A disciplina, os saberes individuais e a continuidade do movimento que se diz por si só, afirmam, no limiar da expressão dos corpos, um possível questionamento: o meu começo coincide com o término do outro?
Em uma conversa profunda e tênue entre amizades e singularidades, a narrativa fora da história, a unidade e a proximidade entre eles, faz com que ambos se anulem e ao mesmo tempo de forma ambígua, se percebam. Em meio a lembranças, lutas e caminhos, se levantam e andam, passo a passo, percorrendo terrenos onde por vezes objetos se parecem sujeitos, e sujeitos objetos. Seu maior desejo é o da permanência, ficar, engrandecer, fincar os pés no chão. Mas, como em uma miragem, é impossível tocar o que já se foi, logo é importante deixar-se mover…
Em última instância, um momento arrebatador se desvela no conflito, na fragilidade, na luz da escuridão guiada pela falta de sentido ou pela falta de razão… e nesse instante de criação, veem um ao outro, focados, alegres e o mais importante, juntos nessa jornada.
Eduardo Hermanson
Dançarino e coreógrafo oriundo do Rio de Janeiro, foi cocriador do Grupo de Rua de Niterói por mais de dez anos. Eduardo participou de mais de 100 festivais contemporâneos, considerados os mais importantes mundialmente na Europa, Ásia, Américas e África. Devido a sua vasta experiência como bailarino, Eduardo possui uma grande visão artística como dançarino e professor facilitador nas áreas de danças urbanas. Participou de todas as peças do Grupo de Rua de Niterói, onde em 2007, foi chamado a fazer uma produção com a tv alemã-francesa Arte. “Divagações em um quarto de hotel”, um documentário baseado em seu solo também cocriado por ele e Bruno Beltrão, diretor do Grupo de Rua, em parceria com a H2 Produções (SP). Especialista em danças urbanas, Eduardo acredita que a inspiração pode ser usada em diversas manifestações artísticas do espírito, e que técnica e criatividade apesar de estarem em diferentes locais, sempre estarão atreladas à percepção do indivíduo que a faz.
Eduardo ministrou aulas de dança no Espaço Cultural da Grota, foi professor no sistema REDES, do complexo da Maré, entre outros. E ainda, tem diversos trabalhos como freelance em propagandas, como Red Bull. E em outras cias. como Rennie Harris Company, onde coreografou um trabalho junto com Raphael Xavier, Cia Gente, Ivana Barreto e a Companhia francesa RAMA.
Renann Fontoura
Renann Fontoura se aprofundou nos estudos das danças que compõem o termo conhecido como “Danças Urbanas “. Sempre com grande foco na investigação da improvisação corporal, tendo como maiores bases o HipHop Dance e algumas técnicas da dança Popping.
Em 2014 entrou para a companhia Grupo de Rua de Niterói (GRN), dirigida por Bruno Beltrão, trabalhando como intérprete nas peças H3 e Cracks. Começou um trabalho com a companhia Francesa RAMa (Montpellier, França) em 2016, dirigida por Fabrice Ramalingom, atuando como Intérprete Criador na peça “Nós , Tupi or not Tupi?“. Em 2018 integrou o elenco da companhia Híbrida (Rio de Janeiro, Brasil) participando da criação da peça IN(in)terrupto e como intérprete nas peças Olho nu e Non stop. Cursou o PACAP 2 2018-2019 (Programa Avançado de Criação em Artes Performativas) sob a curadoria de Sofia Dias e Vitor Roriz, no espaço Forum Dança (Lisboa, Portugal), onde desenvolveu seu primeiro trabalho autoral, intitulado MIRAGEM:(.404), com o qual se apresentou no espaço do festival Alkantara (Lisboa, Portugal), no festival “Dança invisível“ (Palácio do Sobralinho, Portugal) e também na Bienal BoCa (Porto, Portugal).
Renann também já ministrou aulas em diferentes países, tais como Brasil, Colômbia, França e Portugal. E é um dos idealizadores, juntamente com João Chataignier, do evento Abstracto.
2. LEONARDO LAUREANO
Entre caminhos e raízes ancestrais, percebo o lugar das histórias próprias, carregadas por séculos, dias, anos. Penso nas pessoas que dão os seus abrigos, as suas vidas, em tentativas de salvação, pessoas que só nós podemos trazê-las à tona, torná-las visíveis. Através da sensibilidade e da criação.
Junto disso vejo pessoas olhando pra tela, pra caixa, pra tv. Uma caixa de informações, que diz coisas e me leva a ter ideias. Pessoas tiram suas conclusões para seguir destinos, e o destino quem faz é a nossa imaginação em junção com a realidade.
Quero aqui falar das minhas raízes, da questão racial, ressignificar o espaço da tela, o conteúdo, a informação, o discurso, e transformá-lo em um espaço aberto, ao que sinto e ao que a minha mente quer dizer. Ali coloco corpo, movimento e imaginação reunindo o que está ao meu redor, hoje e em tempos passados.
Leonardo Laureano
Leonardo teve uma vasta formação profissional com diversos professores de renome das danças urbanas, influências nacionais e internacionais tais como Bruno Gonçalves (BRA), Rodrigo Soninho (BRA), Nobru Xstyle (BRA/Praga), José Rodrigues(Joro) (BRA) / Alex Lima (BRA) / Xaverinho (BRA) / Onnurb (Funk Fockers) (BRA) / Brian Green (EUA) e outros. Integra o GRUPO DE RUA junto a Bruno Beltrão com o qual vem se apresentando em importantes festivais internacionais nos últimos 10 anos. Desenvolve ainda importantes parcerias com: Cia urbana de Dança (CUD), RJ, HARD crew, Fresh Bones, Bonde do Jack e Rio Hop. Atua também como professor em diversas instituições e espaços que abrigam as danças urbanas além de participar frequentemente de batalhas como competidor e também como jurado