“A gente parte da ideia do Mito da Caverna de Platão para poder descristar esse momento artístico que todos estamos criando no fim, como se fosse um mosaico circular de programações de curta duração, para que as crianças não fiquem muito tempo no computador. Então, são programações espaçadas, com bastante reflexão sobre o que podemos acreditar, o que é educar na era planetária e o que é a arte para dar certo”, disse Karen.
Entre as atrações para pessoas de todas as idades destacam-se poemas visuais, historietas musicadas, marionetes corporais, marionetes em 3D, dança, música, show-oficina, encontro de saberes, mitologias, invenções divertidas, rodas de conversa, homenagem aos artistas que se encontram em outra dimensão e micro espetáculos musicais, criados especialmente para o evento, que faz parte do calendário anual da cidade do Rio de Janeiro.
Para curtir, é só acessar o site do FIL ou assistir pelas plataformas do festival no Youtube e Facebook. Karen destacou que uma das metas do FIL é incentivar a relação intergeracional, de modo a unir pessoas de várias gerações, que podem assistir as atrações juntas.
Identidade
Karen disse que o FIL 2021 está em busca de sua nova identidade e de novos encantamentos e perguntas e tem como metas sensibilizar novos públicos e formar pensamento crítico. Para isso, o projeto ganha uma intensa atividade virtual. O objetivo é fomentar intercâmbios com importantes nomes do cenário nacional e internacional da cultura.
O FIL não acontece sozinho. Estarão juntos com a edição de 2021 a Rede FIBRA – Festivais Internacionais Brasileiros Para Crianças, a Feira Internacional de Teatro de Língua Portuguesa (FESTILIP), o Festival Meu BB, o Mini Festival e o Festival Momix (França). Representantes de Angola, Cabo Verde, Portugal, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Macau, Moçambique, Timor Leste e Guiné Equatorial participarão das ações com a FESTLIP, além de Peru, Chile, França, Bósnia e Itália, informou a assessoria de imprensa do evento.
Toda programação do FIL é inédita, sendo que cada atração terá tempo máximo de 45 minutos, com intervalos entre elas, sendo que a única exceção será no horário reservado à homenagem póstuma à diretora e educadora Lúcia Coelho, uma das mais importantes artistas dedicadas ao teatro infantil, que ocorrerá após a exibição do espetáculo A Pequena Vendedora dos Palitos de Fósforos. O espaço para homenagens traz também os nomes de Fernando Barba, criador do grupo de percussão corporal Barbatuques, e o marionetista e percussionista Jean Luc Ronget.
Educação
A educação na forma participativa tem destaque nessa edição do FIL. O festival entrelaça o indivíduo ao coletivo. “Para a gente, educação se faz como um todo, pegando a criança desde a educação infantil até a pós-graduação, o doutorado”, explicou a curadora. Com essa finalidade, foram criados o Guia Prático do Espectador e o Guia Prático das Escolas, de modo a estabelecer parcerias entre as escolas municipais, estaduais e as universidades públicas da cidade e do estado do Rio de Janeiro e servindo também para os professores trabalharem cada programação com seus alunos.
Um dos resultados obtidos no campo da educação foi a parceria com o Programa de Extensão de Mídias Criativas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que gerou os Observadores FIL. São alunos da Escola de Comunicação da instituição (ECO/UFRJ), que farão a cobertura jornalística do FIL para as redes sociais, como prática do programa de extensão universitária.
“O FIL é múltiplo, parceiro, ponte de encantamentos. Se amalgama aos festivais internacionais brasileiros, para crianças, aos artistas nacionais e internacionais e une em sua equipe os jovens talentosos, que serão os Observadores FIL-ECO UFRJ, para poder aprender com eles”, disse Karen.
Fake news
Alguns destaques da programação do FIL são: Ping Pong com o tema Fake News para Novos Públicos. Nessa mesa, a professora Cristina Rego Monteiro da Luz, da ECO/UFRJ, entrevista o jornalista Gilberto Scofield, diretor de negócios e estratégia da Agência Lupa, maior agência de checagem de dados do país, para mostrar como as novas gerações podem identificar as notícias falsas por meio da formação do pensamento crítico.
Para as crianças, será contada, em uma ação conjunta do FIL e do FESTLIP, a fábula popular O Homem que Pôs um Ovo, para que os pequenos possam refletir sobre notícias falsas. A atriz, professora e contadora de histórias Silvia Castro contará esta divertida história na qual uma pequena mentira acaba por se transformar em algo gigantesco.
A história, compilada pelo folclorista Câmara Cascudo, é recontada nesta ação de parceria e será assistida pelos sete países da língua portuguesa. A atração será transmitida ao vivo, nas plataformas do Facebook, Youtube e Instagram dos dois festivais. “Isso mostra como a gente pode fazer todas essas discussões de forma metafórica, poética, musical, completamente lúdica, com delicadeza, respeitando a criança que está em casa com os pais”, disse Karen.
Na roda de conversa Encontros de Saberes, dois temas estarão presentes: infância e migração. Participarão a jornalista Marcela Uchôa , chefe de escritório do Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Roraima; Sérgio Eduardo Marques da Rocha, subgestor nacional da Organização Não Governamental Aldeias Infantis SOS; e Prudence Kalambay (migrante/refugiada), sob mediação do professor e pesquisador Pablo Fontes. A mesa discorrerá sobre as crianças que vivem como refugiadas no mundo e o fluxo migratório em que muitas delas chegam desacompanhadas e sem documentos no Brasil, em situações de alta vulnerabilidade, além de debater um planejamento maior para sua assistência.
Espetáculos
A FIL apresenta também novas dramaturgias da marionete e das formas animadas, reunindo especialistas da arte da marionete do Brasil, da França e da Bósnia para abordar a arte do mamulengo à marionete corporal, do bebê ao adulto. No evento A Ópera para Novos Públicos, a professora de canto e ópera do Instituto Villa-Lobos na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Carol Mac Davit, dividirá uma mesa ítalo-brasileira com Alessandro Di Profio, da Sorbonne Nouvelle Paris 3, a cantora e compositora Ligiana Costa, do Theatro Municipal de São Paulo, para conversar sobre o tema. A mediação será da presidente do Foro Latinoamericano de Educación Musical (Fladem) e professora do Conservatório Brasileiro de Música, Adriana Didier.
No espetáculo Rubarbagibatuques, criação especial da palhaça Rubra (Lu Lopes) e Minduim (Giba Alves, do grupo Barbatuques de percussão corporal) para o FIL, o show-oficina brinca com a tecnologia humana, “fazendo muita farra”, segundo acentuou a curadora.
A brincadeira ensina as crianças a descobrirem os sons do corpo, enquanto cantam. Os artistas unem comicidade à “tecnologia de barbatuquear” com o próprio corpo para contar historietas musicadas.
No Poemário Visual de Gaia, criado e interpretado pela artista bósnia Ines Pasic, a ação se vale de pequenos poemas visuais. Já as Historietas Musicadas – Inspira Fundo 2 reúne filmes de até três minutos, que passeiam por diferentes temas e que dialogam com dramas e questões do mundo da primeira infância.
A programação traz ainda a peça A Pequena Vendedora de Fósforos, um dos textos mais populares de Hans Christian Andersen, mas pouco montado no Brasil. No exterior, já recebeu diversas montagens tanto para crianças quanto para adultos. Estimulada por esse ineditismo e pelos temas abordados, a curadora decidiu trazer esse texto para o público infantil do FIL, contando com a adaptação de Denise Crispun e direção de Lúcia Coelho, ambas com vasta experiência com o teatro infantil.
A programação completa do festival pode ser conferida no endereço em www.fil.art.br. O FIL é uma realização da Lei Aldir Blanc, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro e do Fundo Estadual de Cultura.