O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assinou, na última quarta-feira (14), um novo decreto emitindo sanções à Rússia por supostas “ações de inteligência contra a soberania e interesses estadunidenses”.
A medida punitiva inclui a deportação de dez funcionários do corpo diplomático russo em Washington e afetam 32 instituições e outros 16 cidadãos russos, acusados de interferir nas eleições presidenciais de novembro de 2020.
Entre os afetados, estão Alexei Grómov, ex-chefe de gabinete de Vladimir Putin, acusado de pressionar a imprensa para publicar notícias negativas sobre o processo eleitoral estadunidense, Konstantín Kilimnik, político russo-ucraniano, acusado de oferecer informação “sensível” às autoridades russas, e Evgueni Prigozhin, empresário russo com negócios no continente africano, que supostamente usou suas relações comerciais para desacreditar as eleições dos EUA.
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O pacote também afeta todas as emissões de dívida da Rússia, a partir do dia 14 de junho, impedindo as instituições financeiras dos EUA de comprar títulos do governo diretamente do Banco Central Russo, do Fundo Nacional de Riqueza Russo e do Ministério das Finanças.
O porta-voz do gabinete de Vladimir Putin, Dmitri Peskov, afirmou que as novas sanções não irão “favorecer um encontro entre os dois presidentes”, proposto para acontecer ainda em abril.
“Nós condenamos as sanções, acreditamos que são ilegais. Em todo caso, o princípio da reciprocidade se aplica nessa situação”, pontuou Peskov.
A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da Rússia, Maria Zajárova convocou o embaixador estadunidense em Moscou a uma reunião e assegurou que os resultados do encontro serão publicados posteriormente.
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O Departamento do Tesouro dos EUA acusa seis empresas russas de “desenvolver ferramentas e atividades cibernéticas malignas” em apoio à inteligência militar do Kremlin. Os indivíduos sancionados estariam vinculados à empresa estadunidense Solar Winds, que desenvolve softwares para administração de redes sociais e tecnologia da informação.
Em uma carta enviada ao Congresso, o mandatário estadunidense afirma que a Rússia se tornou “uma ameaça extraordinária para a segurança nacional, a política exterior e a economia dos EUA”.
Depois do Russia Gate, que acusava Moscou de ter influenciado o resultado eleitoral de 2015 à favor de Donald Trump, agora o Partido Democrata tenta levar adiante a operação Solar Winds, alegando interferência Rússia no último processo.
A medida foi apoiada pela União Europeia e pelos 15 países membro do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O grupo de países, por eio de nota, afirmou que “trabalhará em estreita cooperação para responder as ações da Rússia, que constituem uma ameaça para a segurança euroatlântica”.
“Continuaremos responsabilizando a Rússia por suas ações como adversários”, afirmou o secretário de Estado dos EUA, em visita à Europa, Anthonny Blinken.
As declarações acontecem logo depois que a Otan e a Rússia aumentaram sua presença militar na fronteira com a Ucrânia, revivendo o conflito de Donbás.
Em coletiva de imprensa, na manhã desta quinta-feira (15), a porta-voz do ministério de Relações Exteriores da Rússia, María Zajárova, pediu que França e Alemanha recuassem suas tropas das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk.
Histórico
Desde que assumiu a presidência, Joe Biden elevou o nível de tensão com seu homólogo russo, chegando a acusar Vladimir Putin de ser um “assassino”.
Na última terça-feira (13), os dois chefes de Estado estabeleceram um reunião telefônica, que foi avaliada como “construtiva” pela Casa Branca. No entanto, não foi suficiente para evitar as sanções unilaterais.
Segundo nota do governo russo, Biden convidou Putin para participar da Cúpula de Líderes sobre Clima Virtual, nos dias 23 e 24 de abril, e sugeriu um encontro em um terceiro país para discutir as relações bilaterais Rússia – Estados Unidos.
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Desde a anexação russa da Crimeia, em 2014, Washington emite sanções econômicas contra o país eslavo.
Moscou acusa Estados Unidos de ameaçar a segurança do país, aumentando presença militar, com exercícios das tropas da Otan nas zonas fronteiriças.