A produção e comercialização de carros e outros veículos leves teve muitas idas e vindas desde o começo da pandemia. De fato, o ano passado foi catastrófico para a indústria. À paralisação de atividades de fabricação e das montadoras, somou-se o comportamento dos consumidores que começaram a ficar mais e, por tanto, menos interessados na procura por meios para se deslocar.
É só olhar nas estatísticas: em maio de 2020, a ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) divulgava uma queda nas vendas de 74,7% em comparação com o mesmo período de 2019, sendo o pior maio desde 1992 e “o pior semestre da história automotiva brasileira” segundo o seu presidente. No total, o ano passado encerrou com uma queda de 26%, se bem os analistas consideraram que a queda poderia ter sido pior.
Com aqueles antecedentes, as boas notícias são mais do que bem vindas.Os emplacamentos e vendas de veículos novos no Brasil (carros, comerciais leves, caminhões e ônibus) subiram até 188.660 unidades em maio, ou seja um crescimento de 7,7% por cima do volume registrado em abril. Se comparado com o mesmo período do ano passado, a alta foi de 203%. Por enquanto as expectativas para este ano são de alta, da ordem de 16%, se bem em julho as projeções serão revisadas.
Mesmo que os números sejam bons, eles ainda poderiam ser melhores, mas o que acontece? As concessionárias continuam com estoques reduzidos, conforme informou a Fenabrave (Federação dos Distribuidores de Veículos), o equivalente a 12 dias de vendas em maio, por exemplo. Alguns comércios informam demoras de até 120 dias para a entrega de um carro novo.
O principal problema está nas montadoras e na descontinuidade da produção delas. É que desde final do ano passado as fábricas enfrentam dificuldades principalmente com a importação de componentes eletrônicos que cada vez mais fazem parte dos carros. Assim, por exemplo, a VolksWagen já tem anunciado uma nova paralisação de suas fábricas brasileiras neste mês por falta de semicondutores, item que está globalmente em falta, não só no país.
Carros usados, os principais ganhadores
Se teve algum setor beneficiado com as limitações na produção foi o de venda de carros seminovos e usados. A falta de estoque de 0km e os longos prazos de espera fez com que o público se voltasse para a alternativa dos usados. Em Belo Horizonte, por exemplo, as vendas cresceram 459% em abril se comparado com o mesmo período de 2020. Estes valores, com leves variações, se refletem ao longo de todo o país.
Além da entrega imediata, os clientes procuram por valores mais em conta do que os oferecidos nos carros novos, mesmo que com a falta de estoque a diferença de preço entre um 0km e um usado esteja se reduzindo. Um conselho importante na hora de escolher é dar uma olhada nas despesas fixas que cada tipo traz consigo, como conhecer o preço das apólices, um aspecto que pode até ser maior se o carro usado tiver muita quilometragem ou ser muito velho.