Um webinar promovido pela Metso Outotec e pela Revista Brasil Mineral reuniu especialistas para comentar o cenário da mineração, nesta sexta-feira (15). O evento aconteceu de forma virtual e debate o papel de pequenas e médias mineradoras.
O debate faz parte da programação da iniciativa ‘Desafios do Norte ‘, que acontece entre 15 e 24 de junho. Na programação de hoje, Francisco Alves, editor da Brasil Mineral, reflexões sobre a atuação de empresas de mineração em processo de crescimento.
“As empresas de mineração de médio e pequeno porte são a grande maioria. E é importante lembrar também que os gigantes da mineração de hoje pequenas. A Vale começou na década de 1940, minerando minério de ferro com picareta e transportando com muita dificuldade, em uma escala infinitamente menor do que hoje. Isso é importante, porque as empresas de mineração de médio e pequeno porte de hoje podem ser grandes mineradoras do futuro. ”
Francisco ainda ressaltou o papel dessas associações quanto ao desenvolvimento sustentável, pontuando que há grandes diferenças entre os serviços delas com aqueles feitos de formas irregulares, que acabam trazendo uma percepção distorcida do que é a mineração.
“A mineração está sendo hoje, de certa forma, vilanizada no Norte por conta de atividades de extração que são confundidas, atividades de extração que são irracionais, que não têm qualquer traço de sustentabilidade e que passa para população uma imagem bastante negativa. Então, a questão da sustentabilidade acho que é extremamente importante. ”
Licenças O debate também contou com a participação de Luis Azevedo, presidente e fundador da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral (ABPM). Ele oferece o ponto das necessidades de licenciamento pelas empresas, que dá a regularidade necessária para as atividades, mas que envolve processos burocráticos diferentes das operações de outros países desenvolvidos.
“O minerador precisa de um leque de licenças. A licença de energia que já é difícil, começa por aí, a licença de pesquisa é difícil. Depois, você tem que ter licença de barragem, você tem que ter licença de operação de lavra, você tem que ter licença de água. Quer dizer, a pluralidade. E o pior de tudo, diferentes órgãos para te licenciar, o que é outra dificuldade. Países como Canadá e Austrália alcançaram cumprir esse rito todo em cinco anos, com previsibilidade para projetos de médio a grande porte. ”
Segundo ele, no Brasil, a maior parte dos licenciamentos de pequenas minerações levam cerca de oito anos. “É possível licenciar a pequena mineração em menos de oito anos? Se os casos têm que aconteceram foram um ou dois, mas a maioria leva esse prazo mesmo. ”
Desenvolvimento Giorgio De Tomi, diretor do Núcleo de Pesquisa para a Pequena Mineração Responsável da USP e membro do Conselho Editorial do Brasil Mineral, esclareceu como essas empresas podem trazer impactos positivos para as regiões em que se identificam.
“Temos exemplos do papel da micro, pequena e média empresa de mineração na integração regional. Porque, normalmente, ela está operando em lugares não necessariamente com infraestrutura desenvolvida, e todo esse trabalho que a gente faz de mineração pode contribuir com isso. Então, a oportunidade de parcerias e integração regional é muito grande. ”
O especialista também avaliou que o planejamento no processo de atividades de extração mineral é fundamental para que esses benefícios sejam implementados.
“Quando falamos em mineração responsável, para qualquer nível de mineração, mas, especialmente, para micro , pequena e média mineração, temos que ter um plano. Temos que planejar a mina e aí ir lá e cumprir o plano. ”
Esse foi o segundo webinar realizado na semana. Os detalhes do primeiro, que discutiu o potencial mineral da Amazônia, estão no portal Brasil 61. Com, neste link. O evento vai promover ainda quatro encontros técnicos, entre 15 e 18 de junho, com foco em: tecnologias para mineração, peneiramento eficiente, soluções de desgaste e soluções para filtragem e modernização de células de flotação.