Aleida Guevarra, médica e ativista, repudiou tanto os episódios violentos ocorridos durante as manifestações oposicionaistas no país como a interencia dos Estados Unidos nos incidentes recentes.
“Não é possível usar a violência para se fazer ouvir”, declarou ela em um comunicado público. “O que mais me incomoda é que eles não têm vergonha de reconhecer os seus laços financeiros com instituições governamentais dos Estados Unidos da América”, afirmou.
Leia mais::: Cuba: conheça as figuras de oposição que promoveram as manifestações
Aleida é a filha mais velha de um dos principais líderes da Revoluçao Cubana, Ernesto “Che” Guevara. Pedriatra na capita do país, Havana, ela já atendeu tambem em diversos países próximos, como El Salvador e Nicarágua. Leia abaixo seu pronunciamento na íntegra:
“Eu vivo em Cuba, amo meu povo e defendo nossa revolução. Sou médica internacionalista, tenho orgulho de sê-lo, pois vejo a realidade, sou crítica, pois entendo que há muitas coisas que temos que melhorar e muitas outras que teremos que mudar, mas estou treinada com grande influência martiana e José Martí disse que o sol tem manchas, mas dá tanta energia e tanta luz que o homem não vê as suas manchas. Ele nos ensinou a respeitar o ser humano, nem todos podemos pensar da mesma forma, mas todos temos o direito de ser ouvidos e, acima de tudo, de sermos levados em consideração, é claro, para isso devemos conquistar esse direito.
Você pode gritar muito e muito alto, mas se aqueles que estão ao seu lado gritarem outra coisa, não importa o quão alto você faça, ninguém vai te entender, é por isso que a unidade de julgamento é importante e eu sempre recomendo que você não apenas critique algo, mas também que seja capaz de propor soluções. O que tenho certeza é que não é possível usar a violência para se fazer ouvir. Ao fazer isso, a única coisa que você obtém é a rejeição, principalmente de um povo que tem alto nível cultural e muita dignidade.
Há poucos dias, pessoas sem escrúpulos cometeram vandalismo em diferentes cidades do meu país. Ou seja, quebraram vitrines, roubaram lojas, atiraram pedras em hospitais infantis, viraram carros no meio da rua, às vezes com colegas dentro deles, enfim, coisas que os cubanos não estão acostumados e com expressões que mostravam um nível cultural muito baixo , exalando ódio e tantas mentiras e o que mais me incomoda é que não têm vergonha de reconhecer os seus laços financeiros com instituições governamentais dos Estados Unidos da América.
Como eu disse, a revolução cubana está longe de ser perfeita, mas os únicos que têm o direito de resolver esses problemas somos nós, nenhum outro país do mundo tem o direito de intervir em nossos assuntos internos e algumas dessas pessoas pediram a intervenção de potências estrangeiras, imagine a reação do povo. O que ainda não entendem é que Cuba é um povo digno e quando alguém questiona essa dignidade, o povo se une e defende apaixonadamente sua soberania.
Temos muitos problemas de moradia, temos sérias dificuldades com transporte urbano, para piorar com essa pandemia brutal que todos sofremos, o governo dos Estados Unidos reforçou ainda mais as medidas de bloqueio, que mantém a meu país há quase 60 anos, de modo que faltam medicamentos, por exemplo, antibióticos orais, insumos, como seringas, e por causa da perseguição financeira a que somos submetidos, não podemos comprar todos os alimentos de que precisamos. Além disso, nos últimos tempos, é uma odisseia levar navios estrangeiros às nossas costas com as coisas de que precisamos, incluindo o petróleo necessário para evitar aqueles apagões irritantes que sofremos.
Agora, alguém pode me dizer qual é a preocupação do governo dos Estados Unidos com o bem-estar de meu povo, se mantém tal bloqueio contra nós?
Sinceramente, não consigo entender.
Apesar de tudo isso, somos o único país da América Latina com duas vacinas contra Covid-19, feitas com muito sacrifício, mas por nós, sem a interferência de nenhuma empresa farmacológica internacional, o que nos permite vacinar toda a nossa população gratuitamente, que nos permite ajudar outras pessoas necessitadas. Quero que se saiba que se você, como povo americano, precisa de nossa solidariedade, teremos prazer em fornecê-la. Não se esqueça que a brigada internacionalista de médicos e pessoal de saúde que tem trabalhado em mais de 50 países ao redor do mundo para ajudar a derrotar esta pandemia tem o nome de um jovem americano que lutou ao lado do meu povo contra o domínio espanhol. Em homenagem a esse valente, Henry Reeve, levamos vida e amor aos mais necessitados do mundo, por isso e por muito mais tenho orgulho do meu povo e da minha revolução socialista.
Um abraço com o calor do povo.”