Neblina estreia na noite de 12 de agosto, no Teatro II do CCBB-Rio

Diário Carioca

O espetáculo Neblina teve estreia nacional em janeiro de 2020, no CCBB Belo Horizonte. Depois de uma pausa de 18 meses, por conta do fechamento dos teatros em todo país, o espetáculo retorna em cartaz, desta vez no CCBB Rio de Janeiro, onde estreia na noite de 12 de agosto de 2021. A obra teatral foi idealizada pelo ator Leonardo Fernandes junto a produtora Tatyana Rubim, com texto inédito de Sérgio Roveri. Leonardo divide o palco com a atriz Fafá Rennó para contarem o drama de Diego e Sofia, alteregos de Rafael e Júlia, que se passa em uma noite fria e com muita neblina. Questões existenciais relacionadas a como lidar com a perda, o luto, o sofrimento e formas de alcançar a superação estão inseridas na história desse misterioso casal. Para a montagem, realizada com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura, ator e produtora convidaram nomes de referência na cena teatral, entre eles a premiada diretora Yara de Novaes. As representações de Neblina acontecerão de quinta à sábado, às 19h, domingo, às 18h, no Teatro II, com ingressos adquiridos antecipadamente pelo site https://www.eventim.com.br/artist/neblina/. Para garantir segurança e conforto, nos teatros e cinemas a capacidade de público está reduzida para 40%. Curta temporada!

A intenção de montar o espetáculo Neblina aconteceu em 2018, quando Leonardo Fernandes (Prêmio APCA 2017, de melhor ator), conhecido por importantes papéis no teatro e cinema, convidou Sérgio Roveri (Prêmio Shell-SP 2006, de melhor autor) para escrever o texto da peça, tendo como ponto de partida apenas uma imagem que tinha em mente e que ele mostrou ao autor como poderia acontecer. “O Sérgio já tinha me assistido e eu a ele. Somos amigos e tínhamos uma vontade de trabalhar juntos. Mostrei a cena na sala da casa dele. Ele viu e disse que já sabia o que fazer. E, depois de poucas semanas, ele já me mandou a primeira cena”. Roveri conta que escreveu toda a peça em três semanas: “Quando ele (Leonardo) me pediu o texto, eu fiquei livre para pensar em qualquer coisa, mas tentando obedecer essa única imagem que o Leo me passou, que é de um acidente de carro. Quando eu comecei a história eu não sabia para onde ela iria, eu tinha essa primeira imagem de uma mulher (Sofia) batendo na casa de um cara, de madrugada. E ele (Diego) com medo de abrir a porta, por morar em uma casa afastada, e por já ser quase meia noite e ter muita neblina.”

Com o texto em mãos, Leonardo e Tatyana, que já haviam trabalhado juntos em Horácio, partiram para levantar recursos e montar a equipe para levar o espetáculo ao palco. “Eu sempre tive vontade de voltar a trabalhar com a Taty, somos amigos de muitos anos. Nunca tinha trabalhado com a Yara, sou completamente fã e admirador do trabalho dela e queria muito que ela me dirigisse”, revela o ator. Tatyana lembra que sua produtora, a Rubim Produções, fazia tempo não construía um espetáculo desde o começo: “Volta e meia a gente faz isso, nossa equipe sente a necessidade de produzir um projeto desde o início e essa parceria com o CCBB foi fundamental. E, quando a instituição trouxe essa possibilidade da gente rodar em quatro unidades do CCBB do país, foi um encantamento para todos.”

Sobre o roteiro, Yara de Novaes explica que os textos de Sérgio Roveri são com muitas camadas: “É um texto que parece simples à primeira vista e quando você se debruça, percebe que é um texto muito fundo, cheio de camadas, que quer dizer muito mais do que as palavras dizem. São textos que vêm com uma vida anterior, as palavras são só o resultado dessa vida que ele consegue gerar ali, em lugares muito profundos. A gente tem visto isso enquanto estamos estudando o texto ou já montando a cena ou estudando em cena o texto. Percebemos que em muitas vezes a gente não compreendeu o absoluto daquele texto. Ele sempre tem um mistério pra nos oferecer, não esse mistério da trama, mas um mistério humano para nos oferecer.” Para ela, na montagem, o grande desafio é conseguir, através do texto, saltar para um lugar que seja mais transcendente: “É um texto que pede o transcendente.” A diretora acredita que a peça quer propor a inexorabilidade da vida. “A morte é algo muito certo, assim como a perda. No entanto, a gente evita isso o tempo inteiro. Nós ocidentais compreendemos a morte como o fim e não como uma transformação ou um correr natural da vida. E essa é a grande dor, a gente tem a tendência a querer manter tudo como está, é muito difícil aceitar que as coisas se transformam.”

Para o autor, a palavra chave do espetáculo é a verdade: “Cada elemento ou cada agente da peça, elenco, direção, cenário, trilha, eles têm que compor um jogo verdadeiro. O grande desafio da peça nesse sentido é o seguinte: se tiver um rabinho de mentira aparecendo, a estrutura desse casal desmonta. A Sofia tem que acreditar em tudo que o Diego está dizendo e ele precisa acreditar em tudo que a Sofia está dizendo e fazendo. É a crença daquilo que eles estão vivendo naquela noite específica, que faz o fechamento da trama ser tão impactante e surpreendente”. E é aos poucos que este casal vai se mostrando ao público. Para Roveri, o espetáculo traz aquilo que a gente está disposto a fazer em busca da superação. “É uma peça que mostra que o ser humano não conhece limites ou ele é desafiado a extrapolar os seus limites em nome da superação, em busca de um novo dia, de uma nova manhã, de uma reinvenção da vida. E apesar de não estar certo do que você está fazendo, você faz. Os personagens são movidos por essa intenção boa no sentido de manter a vida, a sanidade, o relacionamento. A peça é uma demonstração de força de seres humanos que não desistem.”

A respeito dos elementos que compõem a cena, Yara de Novaes explica que “quando conversamos sobre esse espaço, que tem uma função dramatúrgica, a gente entendeu que ele precisaria ser espiritual, um espaço que pudesse promover essas metáforas, que o próprio texto sugere ou evoca. É um espaço a princípio vazio, com um pêndulo, que é uma pedra. A trilha sonora acompanha as personagens. Dá chão a elas, ou faz com que elas tenham a possibilidade de sair daquele espaço, daquele tempo.” A diretora explica que esses elementos no palco contribuem porque estão ali: “para ajudar a compreender que tudo é impermanente, que nada vai ser como é para sempre. Eu acho que é isso que todos nós estamos procurando, uma compreensão muito profunda dessa impermanência.”

Em 5 de fevereiro de 2021, a obra ganhou uma versão websérie intitulada Farol de Neblina, co-dirigida pela cineasta Clarissa Campolina – que assinou a adaptação cinematográfica com Sérgio Roveri – e direção de fotografia de Wilssa Esser, transmitida gratuitamente pelas redes sociais do CCBB, com a chancela Ministério do Turismo, Banco do Brasil apresentam e patrocinam e Livelo co-patrocina. A versão web continua disponível no canal do YouTube do CCBB. Também foi lançado recentemente o Podcast Farol de Neblina, disponível no Spotify, com entrevistas da equipe a respeito da transposição da peça para a web.

A temporada do espetáculo Neblina, no palco do Teatro II do CCBB-Rio, será presencial, com representações de quinta à sábado, às 19h, e domingos, às 18h, até 12 de setembro, e ingressos adquiridos antecipadamente pelo site https://www.eventim.com.br/artist/neblina/. Na noite de 21 de agosto, a representação será com intérprete de Libras.

Apresentação e aspas dos atores Leonardo Fernandes e Fafá Rennó

Leonardo Fernandes é ator, diretor, professor de teatro e ilustrador, recebeu em 2017 um dos mais importantes prêmios do país: APCA (Associação Paulista dos Críticos de Artes) de Melhor Ator por sua atuação em Cachorro Enterrado Vivo. Integrou o elenco de  Irmandade, uma série original da Netflix, com direção de Pedro Morelli, participou do filme Pérola, dirigido por Murilo Benício, onde interpreta o dramaturgo brasileiro Mauro Rasi, ao lado de Drica Moraes. Seu trabalho mais recente no teatro foi Casa Submersa, de Kiko Marques (Velha Companhia). Neblina é seu décimo oitavo espetáculo profissional.
– Neblina é repleto de reflexões sobre impermanência, o desapego e os acordos que as pessoas fazem para atravessar momentos difíceis. E tudo isso ganha uma nova camada ao ser apresentado durante a pandemia –, comenta Leonardo.
Fafá Rennó é mineira de Belo Horizonte morando em São Paulo desde 2012, co-fundadora e ex-Integrante da Cia. de Teatro Luna Lunera. Formada pelo CEFAR-Palácio das Artes e bacharel em Jornalismo pela FUMEC-BH. Integrou diversas montagens teatrais, sendo indicada a prêmios como atriz e dramaturga, entra elas: No quarto ao lado, direção de Yara Novaes; O Rei e a Coroa Enfeitiçada (infantil), direção de Cynthia Falabella e Débora Falabella, sendo indicada ao Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem, na categoria Melhor Atriz; Loucas Por Eles, direção de Fernando Cardoso e texto do argentino Marcos Carnevale; Mente Mentira, de Sam Sheppard, direção de Matheus Monteiro. Integrou o elenco das séries Beleza S/A, do GNT, e Que Monstro te Mordeu? (infantil), da TV Cultura, direção Cao Hamburguer. Na Rede Globo, integrou o elenco de Felizes para Sempre?, direção de Fernando Meirelles, como a personagem Virna, além das séries Vade RetroAssédio e PSI. Seus trabalhos mais recentes são: a série Escola de Gênios, do Gloob, como a personagem Renné; o longa-metragem Turma da Mônica – Laços, direção de Daniel Rezende, como a personagem Dona Cebola; a segunda temporada das séries Samantha! e O Escolhido, ambas da NetFlix; a peça A Princesa Falalinda sem papas na língua (infantil), direção de Cynthia Falabella; a websérie Farol de Neblina, direção de Clarissa Campolina e Yara de Novaes; e o longa-metragem Como Hackear seu Chefe, direção de Fabrício Bittar.
– Neblina se mostra uma narrativa cada vez mais atual neste momento em que estamos isolados e precisando de lidar com nossas dores, perdas e angústias. Nossas relações estão passando por revisões delicadas e, assim como as personagens da peça, algo tem que acontecer para que consigamos ver o sol nascer mais um dia. E ele nascerá –, comenta Fafá.
Apresentação da diretora Yara de Novaes

Atriz, diretora e professora de teatro, Yara de Novaes é mineira de Belo Horizonte morando em São Paulo desde 2003. Lecionou na PUC-Minas, UFPE, Uni-BH e, atualmente, na FAAP-SP. Trabalha como atriz há 35 anos e como diretora há mais de 25 anos. Seus trabalhos mais recentes são: Contrações, de Mike Bartlett; Uma Espécie de Alasca, de Harold Pinter; LoveLoveLove, de Mike Bartlett; e Justa, de Newton Moreno. Recebeu vários prêmios por suas atuações e direções, entre eles o APCA, Shell, Questão de Crítica, APTR e Aplauso Brasil. Em Belo Horizonte, sua terra natal, fundou duas companhias, o Grupo Teatral Encena e a Odeon Companhia de Teatro, essa última ao lado do diretor Carlos Gradim. Na Odeon dirigiu e atuou em espetáculos de grande importância para a cena teatral mineira e brasileira. Entre eles, Ricardo 3°, de William Shakespeare e o Coordenador, de Benjamim Galimiri. Em 2005, já em São Paulo, funda o Grupo 3 de Teatro, junto com Débora Falabella e Gabriel Fontes Paiva. Dirigiu como convidada diversos espetáculos nos últimos anos, entre eles: Tio Vania, do Grupo Galpão; Caminho para Meca, com Cleyde Yaconis; e as adaptações de: A Mulher que Ri, de Móricz Zsigmond; Maria Miss, de Guimarães Rosa; As Meninas, de Lygia Fagundes Telles; O Capote, de Nicolai Gógol; Noites Brancas, de Fiodor Dostoiévski; Noturno, com o Teatro Invertido; Tiros em Osasco, de Cássio Pires, com um elenco formado por 11 jovens atores do Núcleo Experimental de Artes Cênicas do SESI-SP. Suas direções mais recentes são: A Ira de Narciso, de Sérgio Blanco; Corpos Opacos, um poema-cênico, com Carolina Virguez e Sara Antunes; Entre, de Eloísa Elena; e Brian ou Brenda, de Franz Kepller, esses dois últimos com Carlos Gradim como parceiro. Sua última atuação foi Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante, de Silvia Gomez, direção de Gabriel Paiva. Tem feito várias experiências digitais durante a pandemia, entre elas, Justa, no projeto SESC EM CASA, o jogo Desmemória e Como os Ciganos fazem as Malas, de Newton Moreno, com o Grupo Galpão.
Ficha técnica

Direção: Yara de NovaesTexto: Sérgio RoveriDireção de Produção: Tatyana RubimElenco: Fafá Rennó e Leonardo FernandesCenário: André CortezTrilha Sonora Original: Dr MorrisLuz: Wagner AntônioPreparação Corporal: Eliatrice GischewskiFigurino: Ivana Neves e Leonardo FernandesAderecista: Marcelo AndradeProjeto Gráfico: Estudio Ofício (Tiago de Macedo)Fotografia do Projeto Gráfico: Alessandra NohvaisAssessoria de Imprensa: Ney MottaFotos de divulgação: Guto MunizIdealização: Leonardo Fernandes e Tatyana RubimEquipe Rubim Produções: Sônia Branco Cerqueira, Bárbara Amaral, Juliana Peixoto, Mariana Angelis e Letícia Leiva
Sinopse

Depois de passar com o carro sobre uma pedra no trevo de uma estrada deserta, uma mulher, Sofia (Fafá Rennó), caminha mais de uma hora em busca de socorro, até encontrar uma casa com as luzes acesas, onde mora Diego (Leonardo Fernandes), um homem solitário e de personalidade pouca amistosa. O frio e a neblina daquela madrugada obrigarão Sofia a esperar até o amanhecer para poder partir. Estranhamente, o amanhecer para os dois personagens demora muito a chegar
Serviço

Centro Cultural Banco do Brasil – Teatro IIRua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro.Informações/tel.: 21 3808-2020Temporada: 12 de agosto à 12 de setembro de 2021.Representações: Quinta à sábados, às 19h, e domingos, às 18h.Sessão com Libras: Na noite de 21 de agosto, haverá intérprete de Libras.Ingressos adquiridos antecipadamente pelo site https://www.eventim.com.br/artist/neblina/Valor do ingresso: R$ 30 (inteira) e R$15 (meia)Duração: 60 minutosClassificação: 14 anos
O CCBB-Rio funciona aos domingos, segundas e quartas, das 9h às 19h, quintas, sextas e sábados, das 9h às 20h. A entrada do público é permitida apenas com agendamento online pelo site eventim.com.br, o que possibilita manter um controle rígido da quantidade de pessoas no prédio. Ainda conta com fluxo único de circulação, medição de temperatura, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool gel e sinalizadores no piso para o distanciamento. Nos teatros e cinemas a capacidade está reduzida para 40%. Tudo para garantir aos visitantes segurança e conforto

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