Dez dos 15 locais analisados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM Regional) registraram queda na produção industrial em junho. Os principais recuos foram no Paraná (5,7%) e no Pará (5,7%). A redução em São Paulo (0,9%) também pesou no resultado. O Paraná marcou a terceira queda consecutiva e acumulou no período retração de 10,2%.
O Pará intensificou a redução de 2,4% registrada em maio. Os outros estados que tiveram queda na produção em junho foram Pernambuco (2,8%), Mato Grosso (1,9%), Espírito Santo (1,6%), Goiás (1,1%), Rio Grande do Sul (0,9%), Minas Gerais (0,6%) e Santa Catarina (0,3%).
Os números foram divulgados hoje (11), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na terça-feira passada (3), o IBGE já tinha informado que a produção nacional teve variação nula no mês, após crescer 1,4% em maio.
Para Bernardo Almeida, gerente da pesquisa hoje divulgada, a alta de maio aconteceu após alguma flexibilização das medidas de isolamento social em relação a abril, quando houve mais interrupções na cadeia produtiva causadas pela pandemia de covid-19. “Já o resultado de junho, mostrando estabilidade, demonstra mais realisticamente o ambiente em que se encontra a indústria nacional”, explicou.
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Influência negativa
O recuo de 5,7% no Paraná foi a principal influência negativa no indicador e o local com maior queda absoluta. O resultado em junho é também o mais intenso desde abril de 2020 (-27,1%), no auge do fechamento das unidades industriais por conta da pandemia.
Conforme a pesquisa, o índice de junho foi puxado pelo baixo desempenho dos setores de veículos e de derivados do petróleo. “Foi a terceira taxa negativa seguida para o estado do Sul, com perda acumulada de 10,2%”, informou o IBGE.
O Pará foi o outro local com maior recuo absoluto e representou a terceira principal influência no resultado geral. O setor de metalurgia foi a principal influência na queda no mês, mas os setores de celulose, papel e produtos de papel e o de produtos minerais não metálicos também contribuíram para a queda no Pará, que anotou a segunda taxa negativa seguida. No período, a perda acumulada é de 7,9% no Pará.
Com queda de 0,9%, atribuída principalmente ao setor de veículos, atividade mais forte do estado que é o maior parque industrial do país, São Paulo foi a segunda principal influência de retração no mês, embora se mantenha acima do patamar antes da pandemia. “O setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos também contribuiu, com desempenho abaixo”, afirmou o gerente da pesquisa.
Avanços
Dois locais foram destaques na expansão. Com a alta de 10,5%, a Bahia teve a segunda taxa positiva consecutiva e a mais elevada desde julho de 2020 (11,7%). A Região Nordeste (6,4%) interrompeu seis meses seguidos de queda na produção. Nesse período acumulou perda de 21,1%.
Os demais resultados positivos em junho ficaram com o Amazonas (4,4%) e o Ceará (3,8%). Por causa da importância, a alta do Rio de Janeiro (2,8%), exerceu a maior influência nos números positivos da indústria. O bom desempenho de metalurgia e do setor de derivados do petróleo no mês levou o estado a anotar a terceira taxa positiva consecutiva, acumulando ganho de 10,3% no período.
A segunda maior influência positiva no indicador, o resultado na Bahia foi puxado pelo bom resultado do setor de derivados do petróleo, muito atuante na indústria baiana. O ganho acumulado atingiu 11,1%. Os números do estado ajudaram o desempenho positivo da Região Nordeste, onde os setores de derivados de petróleo e o de couro, artigos de viagens e calçados também contribuíram para a elevação. O Amazonas (4,4%) e o Ceará (3,8%) completam os locais com alta na produção industrial no mês.
Antes da pandemia
A pesquisa indicou, ainda, que, em junho, Minas Gerais (15,5%), Amazonas (9,4%), Santa Catarina (6,1%), Rio de Janeiro (4,2%) e São Paulo (3,4%) estão acima do patamar pré-pandemia de fevereiro de 2020.
De acordo com o IBGE, somente Minas Gerais se manteve acima do patamar desde que começou em julho de 2020 esta análise de comparação com o patamar pré-pandemia. São Paulo entrou em setembro e vem se mantendo.
Comparação anual
Em relação a junho do ano passado, quando houve crescimento nacional de 12%, dez dos 15 locais pesquisados tiveram alta. Em grande parte, segundo Bernardo Almeida, o resultado foi influenciado pela baixa base de comparação.
“Em junho de 2020, o setor industrial foi pressionado pelo aprofundamento das paralisações ocorridas em diversas plantas industriais, fruto, especialmente, do movimento de isolamento social por conta da pandemia de covid-19”, disse, destacando que junho de 2021 teve o mesmo número de dias úteis que junho de 2020 (21 dias).
Ainda na comparação, o Espírito Santo (34,3%) e o Ceará (31,1%) apresentaram as maiores altas. Amazonas (24%), Santa Catarina (23,2%), Minas Gerais (23,1%), Rio de Janeiro (15,3%), São Paulo (14,6%) e Rio Grande do Sul (13,4%) também tiveram avanços mais expressivos do que a média da indústria nacional. O Paraná (8,2%) e a Região Nordeste (3,5%) completam o conjunto de locais com aumento na produção em junho.
Já nos recuos o Pará (8%) e a Bahia (7,9%) apontaram as maiores quedas, seguidos por Mato Grosso (6,9%), Goiás (4,2%) e Pernambuco (2,7%).
Como é a pesquisa
Segundo o IBGE, desde a década de 1970, a pesquisa PIM Regional produz indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação.
O estudo mostra, mensalmente, índices de 14 unidades da federação cuja participação é de, no mínimo, 1% no total do valor da transformação industrial nacional e, também, para o Nordeste.