A Federação Única dos Petroleiros (FUP) e os Sindicatos dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) e de Duque de Caxias (Sindipetro Caxias) fizeram nesta quinta-feira (2), em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, uma nova edição da ação do gás de cozinha a R$ 50. A ação é um protesto contra o valor atual do botijão, que ultrapassou os R$ 100.
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Durante a ação, foram vendidos 350 botijões de gás. Além da venda do produto a um preço módico, os petroleiros doaram um quilo de feijão a cada comprador como protesto à declaração do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que recentemente chamou de “idiotas” quem defende comprar feijão em vez de fuzil. O lema no evento foi “Gás e feijão, fuzil não!”.
Além do benefício aos compradores, os petroleiros dialogaram com a população sobre os prejuízos da política de reajustes dos combustíveis baseada no Preço de Paridade de Importação (PPI), adotada pela gestão da Petrobrás desde outubro de 2016.
Segundo os sindicatos, essa política considera o preço do petróleo no mercado internacional, a cotação do dólar e os custos de importação. A consequência é que o impacto gerado afeta não apenas o valor dos derivados de petróleo, como gás de cozinha, óleo diesel e gasolina, mas também os preços dos alimentos, transportes e demais itens. O efeito cascata influencia a inflação.
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Os consumidores, sobretudo os mais pobres, vêm sentindo bastante os efeitos da política de reajustes dos combustíveis da gestão da Petrobrás. Segundo dados da própria empresa, o gás de cozinha já acumula um aumento de 38,1% em 2021.
Justiça social
Para o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, os reajustes que a Petrobrás vem aplicando não apenas no gás de cozinha, mas também no óleo diesel e na gasolina podem ser evitados. Ele lembrou que 90% dos derivados de petróleo consumidos no Brasil são produzidos em território nacional, em refinarias da empresa.
“Tem gente usando lenha e até álcool para cozinhar. Basta a empresa parar de usar somente a cotação do petróleo e do dólar e os custos de importação, e considerar também os custos nacionais de produção. E a empresa utiliza majoritariamente petróleo nacional, que ela mesma produz aqui”, explicou Bacelar.
O diretor do Sindipetro-NF, José Maria Rangel, destacou a importância da ação para “mostrar como a política de preços da Petrobrás é equivocada, favorece os ricos e prejudica os pobres. Queremos demonstrar ainda como são necessárias ações solidárias, principalmente no momento em que vivemos de pandemia”, disse ele.
O diretor da FUP, Tadeu Porto, também presente ao ato, disse que a iniciativa permite um diálogo próximo com a população sobre “a culpabilidade do governo federal na exploração do povo através dos combustíveis”. “A política de preços da Petrobrás, implementada pelo governo Bolsonaro, é cruel e injusta, penaliza sobretudo os mais pobres”, avaliou o representante dos petroleiros.
A campanha “Combustível a Preço Justo” foi iniciada em fevereiro de 2020 em diversas cidades do país, durante uma greve dos petroleiros, que durou 20 dias – a maior desde 1995. Em 2021, A FUP e seus sindicatos já promoveram ações da campanha em 1º de fevereiro, em apoio à greve dos caminhoneiros, em março, em parceria com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Atingidos
por Barragens (MAB), e também em abril e maio.
Edição: Eduardo Miranda