Professores, servidores e alunos da rede pública do Distrito Federal sofrem os impactos da determinação do GDF de volta às aulas. De acordo com dados levantados a partir de denúncias da comunidade escolar e de informações do Comitê de Monitoramento de Retorno às Aulas Presenciais, criado pela Comissão de Educação, Saúde e Cultura (CESC), 69 escolas já registraram ao menos um caso de covid-19.
Informações do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) mostram que, em 16 dias, o número de escolas com casos confirmados de covid-19 aumentou em mais de 335%.
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A diretora da entidade, Letícia Montandon, destaca que desde o início da pandemia, o sindicato apresentou uma “série de pautas em defesa da vida”, como o ensino remoto – que durou quase um ano e meio –, a vacinação de trabalhadores em educação e o emprego de 11 mil professores em regime de contratação temporária.
No entanto, a dirigente aponta que há outras questões essenciais que o GDF ainda não executou. “Uma dessas questões é a testagem em massa. Precisamos adotar essa prática nas unidades escolares para termos possibilidade de frear a escalada de casos confirmados de covid-19 nas escolas. O que vem sendo mostrado é que o GDF tenta, repetidas vezes, normalizar um cenário grave”, disse Montandon.
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A entidade sindical cobra também a publicação de protocolo de segurança sanitária específico para a educação. Além da transparência nos dados apresentados. “O Sinpro-DF vem solicitando a publicação detalhada dos casos de covid-19 nas escolas, mas até agora não há esse tipo de informação. Ter acesso a esses dados é determinante para decidirmos nossas ações e apontarmos soluções para problemas imediatos ou futuros”.
Na opinião de Paulo Vinícius, professor de educação física do Centro de Ensino Médio nº 3, da Ceilândia, a decisão do governo em retomar as aulas presenciais não foi acertada. “Os professores foram vacinados, mas os alunos, não. O certo seria voltar depois que os estudantes fossem completamente imunizados”.
Para ele, os protocolos sanitários e treinamentos recebidos para atuação dentro das escolas são paliativos diante do vírus. “Eficiente mesmo, que daria mais segurança, até emocional e psicológica é a vacinação”, defende o educador.
Geysy Santos, mãe de uma estudante, ressalta que a volta às aulas trouxe apreensão, considerando que “ ainda estamos atravessando a pandemia e que os números dos DF, quanto aos casos de vacinação, não são suficientes para nos sentimos seguras”.
Ela relata que foi ao Centro de Ensino Fundamental 11, de Taguatinga, para verificar a estrutura da escola e “por ver todo o esforço da comunidade escolar” se sentiu mais segura. Mas destaca que trata-se de uma exceção “quando pensamos em outras escolas da região”.
“O GDF foi pioneiro quando determinou o fechamento das escolas em março de 2020, mas não tem conseguido manter uma maior sensação de segurança para a população do DF, já que tem flexibilizado a abertura total do comércio, além do atraso na vacinação geral. Acredito que um retorno gradual, como tem sido proposto, considerando uma política de redução de danos na pandemia, que minimize o sofrimento psíquico gerado no período, somados a estratégias de prevenção e vacinação em massa é que poderão garantir um retorno mais efetivo, mesmo que demore mais tempo”, apontou Geysy Santos.
Ato contra retorno obrigatório às aulas
Na manhã desta sexta-feira (3) o Comitê Escolar Gama, movimento autônomo de professores, familiares e estudantes das escolas do DF, promoveu um ato em frente à Coordenação Regional de Ensino do Gama (CRE) contra a obrigatoriedade de retorno às aulas.
O Comitê defende o direito de escolha pelo ensino remoto, vacinação imediata para todos os estudantes e testagem em massa nas escolas e contratação de mais profissionais da área de limpeza.
“Voltamos [às aulas] sem vacina aos estudantes. Em muitas escolas, as salas de aula não são arejadas, faltam máscaras adequadas. E agora, uma nova determinação da CRE do Gama tenta impedir que os pais optem pelo ensino remoto”, escreveu o Comitê nas redes sociais.
Com assembleia marcada para o dia 28 deste mês, a direção do Sinpro-DF informou que a permanência no ensino presencial ou remoto será definida pelo conjunto da categoria.
Fonte: BdF Distrito Federal
Edição: Flávia Quirino