Com o segundo maior índice de concentração de terras do Brasil, atrás apenas da Bahia, o Mato Grosso do Sul é o estado que mais registra casos de violência contra a população indígena, segundo uma pesquisa do Instituto Socioambiental (ISA), divulgada nesta semana, que coletou e sistematizou informações sobre concentração fundiária e violência contra os povos originários do Brasil.
De acordo com o levantamento, as grandes propriedades do estado (com mais de 1.000 hectares) totalizam 83% da área de todos os imóveis rurais sul-mato-grossenses, enquanto as pequenas propriedades (com menos de 50 hectares) representam apenas 4%. Só o recorte de 10% dos maiores imóveis rurais do estado (8.674 no total) soma 23 milhões de hectares, com uma área média de 2.680 hectare por proprietário.
Por outro lado, as Terras Indígenas (TIs) ocupam apenas 2,5% do território do Mato Grosso do Sul, apesar de o estado ser o segundo do país com mais pessoas vivendo em Terras Indígenas, 85 mil no total, menos apenas que o Amazonas. Se cada um deles tivesse os 2.680 hectares médios dos maiores latifundiários do estado, as Terras Indígenas sequer cabreiam dentro do Mato Grosso do Sul e ultrapassariam em 6,4 vezes da área total do estado, segundo a pesquisa.
Leia mais: O agro é branco: propriedades de negros ocupam metade da área das terras de brancos
Historicamente, o Mato Grosso do Sul é o estado da federação com mais casos de violência contra a população indígena. Entre 2003 e 2019, o estado, que concentra grandes fazendas produtoras de commodities, somou 39% dos 1.367 assassinatos de lideranças indígenas ocorridos no Brasil, de acordo com levantamento do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
De acordo com a pesquisa do ISA, 77% dos conflitos por terra ocorridos no Mato Grosso do Sul entre 2005 e 2019 “são referentes a lutas pelo reconhecimento de terras indígenas”.
A íntegra da pesquisa pode ser conferida neste link.
Edição: Sarah Fernandes