Assunção, 4 out (EFE).- A Controladoria Geral da República do Paraguai informou nesta segunda-feira que o ex-presidente do país Horacio Cartes não declarou até setembro passado a empresa offshore Dominicana Acquisition S.A., adquirida no Panamá, em 2011, revelada ontem pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).
Armindo Torres, diretor de declarações juramentadas na Controladoria, disse à emissora local “Radio Monumental” que Cartes incluiu a empresa em uma retificação informações apresentadas, ao assumir e ao deixar a presidência, depois completar os cinco anos de mandato, em 2018.
Contudo, o integrante do órgão garantiu que os documentos que foram vazados estão sendo analisados, para a verificação de alguma irregularidade ou inconsistência.
Além disso, Torres explicou que cabe ao Ministério Fiscal do país abrir algum tipo de investigação para verificar se houve delito, caso as declarações de Cartes sejam consideradas falsas.
O ex-presidente paraguaio aparece na investigação jornalística intitulada Pandora’s Papers, que listou 14 líderes mundiais, que teriam ocultado fortunas em paraísos fiscais para deixar de pagar impostos.
Além disso, também constam nos documentos vazados outros 21 políticos que já deixaram o poder nos países de origem.
Advogados de Cartes, que tem uma das maiores fortunas do Paraguai e é dono de um conglomerado empresarial, informaram que a Dominicana Acquisition S.A. foi adquirida como meio legal para a compra de um apartamento em Miami, nos Estados Unidos.
A defesa do ex-presidente, que foi publicada nos veículos de comunicação que ele possui, indicou que a declaração juramentada de bens do ex-presidente foi feita antes e depois do mandato, entre 2013 e 2018.
Além disso, foi indicado que a aquisição de bens no estado da Flórida ou em outras localidades, através deste tipo de estruturas societárias era “absolutamente legal” em 2011, assim como seguem sendo até hoje.
A defesa ainda alega que a Dominicana Acquisition S.A “nunca foi titular de contas bancárias no Paraguai, nem em nenhuma outra jurisdição”, e que a mesma teve dada baixa no registro de imóveis do Panamá assim que o apartamento em Miami foi vendido. EFE