Genebra, 11 out (EFE).- A mudança climática é a “maior ameaça à saúde que a humanidade enfrenta” e seus efeitos podem ser mais catastróficos do que os da pandemia de covid-19, advertiu nesta segunda-feira a comunidade médica mundial, que se uniu para pedir aos governos mais esforços para frear o aquecimento global.
Trezentas organizações de saúde, representando 45 milhões de trabalhadores do setor (cerca de dois terços do total global), apresentaram nesta segunda-feira a “Receita para um Clima Saudável”, uma carta aberta à comunidade internacional pedindo uma ação urgente para evitar que o aquecimento global supere 1,5 grau neste século.
O apelo é apresentado juntamente com um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) que, na mesma linha, pede aos governos para que estabeleçam objetivos mais ambiciosos de redução de emissões antes do que parece ser uma decisiva Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), em Glasgow, de 31 de outubro a 12 de novembro.
A OMS e especialistas de saúde advertem que os efeitos nocivos das mudanças climáticas já são sentidos nos hospitais e clínicas de todo o mundo, por exemplo, sob a forma de um aumento das mortes relacionadas com a poluição, que causa sete milhões de mortes prematuras todos os anos.
As mudanças climáticas também têm aumentado os casos de doenças de origem alimentar, hídrica e animal (a própria covid-19 é um exemplo), além eventos extremos como ondas de calor, incêndios e inundações, com milhões de pessoas afetadas física e mentalmente.
Médicos e profissionais de saúde advertem no apelo que “cada décimo de grau acima de 1,5 grau (recomendado pelo Acordo de Paris de 2015) provocará um sério caos na vida e na saúde das pessoas”, mas no ritmo atual até o final do século poderá mesmo ultrapassar os 3 graus.
“Pedimos aos líderes de todos os países para evitarem esta catástrofe sanitária, limitando o aquecimento global a 1,5 grau Celsius (em comparação com os níveis pré-industriais) e colocando a saúde humana no centro de todas as ações de mitigação e adaptação”, diz o texto. EFE