La Paz, 11 out (EFE).- A Procuradoria da Bolívia iniciou nesta segunda-feira a recontagem de quase 35 mil atas das eleições anuladas de 2019 com a meta de comprovar que não houve fraude, e sim um “golpe de Estado”, e refutar a auditoria feita pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
Durante o início desta tarefa, o procurador-geral do Estado, Wilfredo Chávez, assegurou que se tratava de “um ato de justiça e verdade”, uma vez que considera que em 2019 a democracia foi “roubada” e alvo de “um golpe de Estado”.
Chávez, que também era advogado do ex-presidente Evo Morales, questionou a auditoria da OEA, que deveria ter revisado quase 35 mil registros eleitorais e que “só chegou a 226”, afirmou ainda que o secretário-geral da organização, Luis Almagro, “enganou a Bolívia” e que não houve “nenhum método de validação da auditoria”.
O procurador opinou que a crise de 2019 buscava “implantar” um “golpe de Estado” com acusações antecipadas de fraude que viria a ocorrer em 10 de novembro, após o relatório da entidade.
A revisão será “ata por ata” durante uma semana, com base nos dados acessíveis ao público do Supremo Tribunal Eleitoral (TSE). Estudantes do último ano da Universidade Pública de El Alto verificarão os dados e um registro desenvolvido pela Procuradoria, disse Chávez.
Serão criados dois filtros, um para revisar as atas e outro para avaliar a informação eleitoral com a ajuda de especialistas.
O início deste trabalho contou com a participação de setores da sociedade ligados ao governista Movimento ao Socialismo (MAS), alguns funcionários do governo e ex-funcionários, enquanto nem as forças da oposição nem o órgão eleitoral do país fizeram parte do começo da recontagem.
Chávez mencionou que os opositores Comunidade Cidadã, do ex-presidente Carlos Mesa, e Creemos, do governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho, foram os “convidados especiais” nesta atividade e que não compareceram por “pânico” e “medo da verdade”. No entanto, a Comunidade Cidadã mencionou que em nenhum momento recebeu um convite formal para fazer parte desta revisão.
Em novembro de 2019, a OEA realizou uma auditoria nas eleições gerais solicitada pelo Estado boliviano através da assinatura de um acordo bilateral “vinculativo”, no qual estabeleceu que as eleições foram “fraudulentamente manipuladas” e recomendou que fossem realizadas novamente.
Esta situação deu origem a um processo judicial conhecido como o caso de “fraude eleitoral”, que no final de julho foi encerrado pelo Ministério Público, que considera que “não houve manipulação” dos resultados, com base em um estudo solicitado ao Grupo de Pesquisa Deep Tech Lab BISITE, da Fundação Geral da Universidade de Salamanca, na Espanha. EFE