Caracas, 14 out (EFE).- O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pediu nesta quinta-feira que o rei da Espanha, Felipe VI, retifique suas ideias sobre a celebração de 12 de outubro, data que rejeita como Dia da Hispanidade, por homenagear uma das “mais sangrentas conquistas”.
“É inaceitável que no século XXI uma nação que se orgulha de ser civilizada deva adorar o pior do seu passado: roubo, pilhagem, racismo e crimes de ódio cometidos durante mais de três séculos de ocupação pelo império espanhol no território de Abya Yala”, diz Maduro em carta de dez páginas endereçada ao rei da Espanha.
O governante venezuelano, que na terça-feira disse que a Espanha deveria pedir desculpas pelo “genocídio de 300 anos”, afirma na carta que “mais do que desculpas, é necessária uma retificação das ideias e opiniões que cinco séculos depois parecem mais tolas e vis”.
“O que nos preocupa é o esquecimento e a minimização destes acontecimentos atrozes que estão na origem das nossas nações atuais. O que não aceitamos é a banalização e a negação do genocídio indoamericano, que nos parece manifestar o perigo e a justificação de novos holocaustos”, frisa o texto.
Maduro pediu respeito à memória dos antepassados que há 529 anos sofreram a ocupação do império espanhol e o fim de posições que justifiquem o que ele considera ser uma “barbárie” após a “violência” e os “crimes” cometidos durante os tempos da conquista.
“É uma ofensa a toda a América Latina o rei de Espanha ainda celebrar 12 de outubro, o dia que iniciou o colonialismo do nosso continente e o maior genocídio da história, como uma data de suposta civilização”, destaca a carta.
O mandatário também defendeu o fato de que 12 de outubro “não é o dia da raça, ou o dia do descobrimento, ou o Dia da Hispanidade, é o Dia da Resistência Indígena”, e enfatizou que esta postura é “muito mais do que uma mudança de nome”, é uma “mudança de olhar histórico que funciona para ver o passado e o futuro com olhos diferentes”.
Maduro se juntou assim ao presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, que também pediu à Espanha que peça desculpas pela conquista.
Em 2019, o presidente mexicano enviou uma carta ao rei de Espanha que esfriou as relações entre os dois países. Em 27 de setembro, representantes espanhóis cancelaram no último minuto a sua presença no grande evento na capital para celebrar o bicentenário da consumação da independência.
O governo espanhol argumenta que “a chegada dos espanhóis ao México atual há 500 anos não pode ser julgada com considerações contemporâneas”. EFE