Montevidéu, 19 out (EFE).- Os “alarmantes” números de reclusos que não sabem ler nem escrever levaram o governo do Uruguai a criar um plano educacional que pretende erradicar o analfabetismo e diminuir a reincidência da população carcerária do país.
A iniciativa foi anunciada pelas autoridades uruguaias durante a apresentação, nesta terça-feira, do roteiro de trabalho do Plano Nacional para a Educação nas Prisões, na qual participaram os ministros do Interior, Luis Alberto Heber, e da Educação e Cultura, Pablo da Silveira.
Segundo Da Silveira, a iniciativa, que surgiu de conversas entre vários representantes do sistema prisional, tem a sua base jurídica em um artigo da última Lei do Orçamento, promulgada em 2020, e busca dar um quadro de “planejamento estratégico” aos esforços pré-existentes.
O ministro do Interior observou que embora já exista “uma quantidade muito grande de recursos e pessoas empenhadas” nos planos educacionais que estão sendo desenvolvidos nas prisões do país, ainda era necessário um “quadro” interinstitucional.
Heber, entretanto, disse à imprensa que apenas 4 mil dos 14 mil reclusos do sistema prisional uruguaio recebem atualmente educação formal ou informal e sublinhou a importância de multiplicar os esforços.
“O instrumento da educação é talvez a coisa mais importante para uma pessoa que se desviou do seu caminho para poder se reintegrar à sociedade uma vez liberta. Caso contrário, continuará no círculo vicioso do crime, é isso que pretendemos erradicar”, destacou.
Na mesma linha, o diretor de Educação, Gonzalo Baroni, disse que os números do analfabetismo dentro das prisões são “alarmantes”. Cerca de 11% dos reclusos dizem que não sabem escrever, 6% não sabem ler e 23,5% não concluíram o ensino primário, sendo que a educação até ao ensino secundário é obrigatória no Uruguai desde 2008.
“(O recluso) já deveria ter passado por este processo. O que vamos fazer (através do plano) é incentivar os mecanismos educacionais existentes a alcançar os diferentes módulos (prisionais) do país”, concluiu. EFE