Bogotá, 20 out (EFE).- Rodrigo Granda, um dos ex-líderes das Farc, chegou à Colômbia nesta quarta-feira, um dia depois de ser detido ao desembarcar no México por ser alvo de uma difusão vermelha emitido pelo Paraguai por “sequestro, associação criminosa e homicídio intencional”.
“A ordem estava adormecida no Paraguai”, disse Granda, conhecido como “chanceler” da extinta guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), a jornalistas após cumprir os trâmites de imigração no aeroporto El Dorado, em Bogotá.
Ele também repetiu a alegação de ex-colegas de guerrilha de que foi o governo colombiano que decidiu reativar o pedido à Interpol.
O ministro da Defesa da Colômbia, Diego Molano, afirmou ontem, após a prisão de Granda no aeroporto da Cidade do México, que “a Interpol Colômbia não tem poder ou acesso para modificar, esclarecer ou cancelar as informações publicadas por outros países”.
Granda deveria participar, juntamente com vários membros de alto escalão do partido Comunes, que surgiu da desmobilização das Farc, do seminário internacional “Os partidos e uma nova sociedade”, realizado hoje e até o próximo sábado, a convite do Partido dos Trabalho do México.
Para isso, ele tinha autorização da Jurisdição Especial para a Paz (JEP) – o tribunal transitório onde ele está sendo julgado por crimes de guerra – para deixar o país.
O ex-membro do secretariado das Farc, que participou das negociações de paz com o governo colombiano, garantiu hoje que foi pessoalmente à Interpol antes de viajar “e absolutamente nada aparecia”.
Entretanto, vários veículos de imprensa colombianos revelaram hoje que a Direção de Investigação Criminal e Interpol da Polícia Nacional (Dijín) havia notificado Granda em 28 de setembro que ele era alvo de uma difusão vermelha ativa, solicitado pelo Paraguai, por três acusações criminais.
O Paraguai o acusa por supostamente influenciar ou colaborar para o sequestro de Cecilia Cubas, filha do ex-presidente paraguaio Raúl Cubas (1998-1999).
Granda é acusado de assessorar a organização marxista Partido Pátria Livre (PPL) para o sequestro da filha do ex-presidente, que foi encontrada morta em 16 de fevereiro de 2005, enterrada em uma casa nos arredores de Assunção após cinco meses de buscas e depois que sua família pagou cerca de US$ 300 para que ela fosse libertada, de acordo com um livro do jornalista Andrés Colmán sobre o grupo guerrilheiro Exército do Povo Paraguaio (EPP), que tem raízes no PPL. EFE