Assunção, 20 out (EFE).- O embaixador do México em Assunção, Juan Manuel Nungaray, negou nesta quarta-feira que Rodrigo Granda, ex-líder das Farc, estivesse em território mexicano quando chegou a difusão vermelha da Interpol de busca e detenção solicitada pelo Paraguai para sua extradição.
Granda, que tinha viajado ao México para um seminário internacional do Partido do Trabalho mexicano, retornou à Colômbia sem que as autoridades mexicanas atendessem ao pedido paraguaio.
“O código vermelho da Interpol foi ativado. Quando ativado, dizia que era inadmissível que essa pessoa entrasse em território mexicano”, disse Nungaray a jornalistas em Assunção após encontro com o ministro das Relações Exteriores do Paraguai, Euclides Acevedo, que o convocou após tomar conhecimento do retorno de Granda à Colômbia.
Nungaray afirmou que o pedido do Paraguai chegou tarde, e portanto não havia como “coordenar” uma operação devido ao “intervalo de tempo” entre a comunicação oficial e a decolagem do avião que levou Granda do México de volta para a Colômbia.
“Esta pessoa sempre esteve na área internacional (do aeroporto da Cidade do México). O segundo ponto importante que quero ressaltar é que o sr. Granda nunca foi detido pelas autoridades mexicanas porque nunca entrou em território mexicano”, argumentou.
O imbróglio começou na noite de terça-feira, quando foi confirmado, após fortes rumores, que Granda havia sido detido no México, para onde havia viajado para participar de um seminário internacional do Partido do Trabalho.
O ex-guerrilheiro viajava com uma delegação do partido Comunes – que surgiu da desmobilização das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) – liderada por Rodrigo Londoño, conhecido durante seu tempo na guerrilha pelo codinome “Timochenko”.
“A prisão de Rodrigo Granda foi o resultado de uma difusão vermelha do Paraguai por sequestro, associação criminosa e homicídio intencional”, disse ontem, no Twitter, o ministro da Defesa da Colômbia, Diego Molano.
Após completar os trâmites de imigração no aeroporto El Dorado, em Bogotá, e ser liberado, Granda insistiu, sem dar mais detalhes, que foi o governo colombiano que decidiu “reativar a circular”.
“A ordem estava adormecida no Paraguai”, disse Granda, conhecido como o “chanceler” das Farc, assim que colocou os pés em solo colombiano.
Segundo o partido Comunes, Granda tinha recebido autorização da Jurisdição Especial para a Paz (JEP) para viajar ao México, e que por isso o governo colombiano não podia solicitar sua prisão às autoridades de outro país.
O Paraguai quer a extradição de Granda por seu suposto envolvimento no assessoramento ou na colaboração para o sequestro de Cecilia Cubas, filha do ex-presidente paraguaio Raúl Cubas (1998-1999), que foi encontrada morta em 16 de fevereiro de 2005, após cinco meses de busca e apesar de um pagamento milionário por sua libertação, segundo um livro do jornalista Andrés Colmán. EFE
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