Washington, 21 out (EFE).- A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos declarou o desacato de Steve Bannon, aliado do ex-presidente Donald Trump, por ter se negado a comparecer ao ao comitê legislativo que investiga o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro.
A Câmara dos Representantes, de maioria democrata, aprovou a resolução contra Bannon com 229 votos a favor – nove deles de republicanos – e 202 contra.
A declaração de desacato irá agora para o Departamento de Justiça, que deverá decidir se tomará medidas contra Bannon, o que poderá resultar em uma multa ou pena de prisão de até um ano, embora seja pouco habitual neste tipo de processos.
O procurador-geral dos EUA, Merrick Garland, disse nesta quinta-feira que o Departamento de Justiça analisará todos os documentos recebidos, mas não deu pistas sobre a decisão que será tomada.
“O Departamento de Justiça fará o que sempre faz em tais circunstâncias, aplicaremos os fatos e a lei, e tomaremos uma decisão consistente com os princípios da acusação”, justificou Garland em audiência perante o Comitê Judicial da Câmara.
Antes da votação no plenário, a comissão legislativa que investiga o ataque ao Capitólio aprovou por unanimidade na terça-feira a declaração de desacato de Bannon, com os votos dos dois congressistas republicanos que compõem o órgão, Liz Cheney e Adam Kinzinger.
O comitê de investigação quer que Bannon deponha por acreditar que “tinha algum conhecimento prévio dos acontecimentos extremos que aconteceram” em 6 de janeiro, quando Trump inflamou um protesto perto da Casa Branca no momento em que o Congresso se reunia para ratificar a vitória eleitoral do agora presidente Joe Biden.
Os legisladores baseiam as suas suspeitas contra Bannon em declarações que o ultradireitista, que foi conselheiro de Trump na Casa Branca, fez em seu podcast na véspera do ataque ao Capitólio por centenas de apoiadores radicais do ex-presidente.
“Será que o caos se vai instalar amanhã? Muitas pessoas me disseram: ‘Se houvesse uma revolução, seria em Washington’. Bem, este vai ser o momento de vocês na história”, disse Bannon aos ouvintes.
Bannon, que não quer depor ao Congresso, se amparou em uma ação judicial apresentada por Trump para impedir que certos documentos relacionados com os acontecimentos ocorridos sejam revelados, pedindo ao comitê que adie o seu comparecimento até que a justiça decida, o que foi rejeitado.
Antes da votação desta quinta-feira, Trump emitiu um comunicado no qual afirmou que “a insurreição ocorreu em 3 de novembro, dia das eleições, 6 de Janeiro foi um protesto”.
O ex-presidente continua denunciando sem provas que houve fraude nas eleições de novembro do ano passado, vencidas por Biden. Antes da invasão ao Capitólio, em janeiro, Trump fez um discurso polêmico no qual incentivou apoiadores a seguirem em direção ao Capitólio. EFE