Chefe das Forças Armadas do Sudão revela paradeiro de premiê e nega sequestro

Diário Carioca

Cartum, 26 out (EFE).- O general Abdelfatah al Burhan, chefe das Forças Armadas do Sudão, revelou nesta terça-feira o paradeiro do primeiro-ministro do país, Abdalla Hamdok, que foi detido ontem, logo depois do golpe que destituiu o chefe de governo.

“Ninguém o sequestrou, nem o agrediu. Ele está na minha casa”, disse Al Burhan, em entrevista coletiva concedida em Cartum.

Segundo o general, depois que a situação no país “se tranquilize e prevaleça a paz”, Hamdok, que foi preso junto com a esposa, poderá retornar para casa.

“Ele não está sob pressão”, disse Al Burhan, em versão diferente a divulgada ontem pelo Ministério de Informação do governo deposto, que informou que o primeiro-ministro havia sido “sequestrado”, após se recusar a apoiar o golpe dos militares.

Além de Hamdok, na segunda-feira, foram detidos diversos integrantes do governo, além de outras lideranças políticas ado Sudão. Sobre os demais presos, Al Burhan não deu detalhes sobre a situação.

O general informou ainda que será formado um novo governo no país, que será “aceito pela população”, em que estarão representados todos os setores nacionais, depois do conflito ocorrido entre algumas tribos locais.

“Nós conseguiremos a transição com uma participação civil. Insistimos em que haja um governo civil que realizará conosco a transição, e acatamos os objetivos acordados no documento constitucional”, disse o militar, em referência ao texto assinado em abril de 2019, após a derrubada do regime de Omar al-Bashir.

Além disso, Al Burhan afirmou que serão formados novamente os três órgãos determinados pelo documento constitucional para a etapa de transição, que havia sido inicada em agosto de 2019.

Segundo o general, “nos próximos dois dias” será completado o Conselho Soberano, órgão máximo de governo, que foi dissolvido ontem, para que cada estado do Sudão possa apresentar um representante, através do voto.

Ainda será escolhido um ministro de cada estado para formar o Conselho de Ministros e, por último, haverá um novo Conselho Legislativo, segundo o militar, formado “pelos jovens da revolução”.

Al Burhan ainda prometeu que, antes do fim deste mês, serão completadas as instituições judiciárias do país, como o Tribunal Constitucional e o Conselho Supremo, que “ficarão afastados da política e serão independentes”.

O golpe militar no Sudão aconteceu depois de um mês de tensões entre o governo civil de transição e as Forças Armadas, diante de uma tentativa de derrubar Hamdok, que acusou “remanescentes” do regime de Al-Bashir. EFE

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