Glasgow (Reino Unido), 3 nov (EFE).- O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) anunciou nesta quarta-feira, durante a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), a emissão do primeiro “bônus azul” ligado à saúde dos oceanos e à água limpa na América Latina e no Caribe.
Os fundos ligados a esses bônus contribuirão para respaldar o sexto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que visa garantir a disponibilidade de água, a gestão sustentável e dar impulso ao saneamento básico.
Através do BID Invest, o braço investidor do BID, que dirige as atividades para o setor privado, serão emitidos títulos de dez anos com um valor total de 50 milhões de dólares australianos (R$ 210,4 milhões).
Para combater a crise climática e avançar rumo aos objetivos de desenvolvimento da ONU “não só os governos têm um papel a exercer. Acredito que o setor privado, mais do que nunca, também tem um papel importante”, afirmou à Agência Efe James Scriven, CEO do BID Invest.
“A América Latina e o Caribe constituem um dos continentes com maior quantidade de população assentadas nos limites de mares e oceanos, por isso, devem se preparar especialmente para as consequências da mudança climática”, destacou.
Cerca de 25% da população da latino-americana vive na costa, enquanto que o Caribe tem inúmeras ilhas e pequenas nações vulneráveis aos efeitos devastadores do aquecimento global.
“Os bônus azuis estão emergindo como uma solução financeira inovadora para mobilizar capital e criar oportunidades de negócio sustentáveis no âmbito dos oceanos e da proteção da água”, garantiu Scriven.
O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Mauricio Claver-Carone, disse, por sua vez, que “com esses primeiros bônus azuis, o Grupo BID está promovendo uma perspectiva inovadora para o financiamento das ações climáticas e atraindo novos investidores para a América Latina e Caribe”.
Estes bônus são o sexto produto de dívida sustentável que foi lançado neste ano pela instituição, que emitiu US$ 1,6 bilhão (R$ 6,73 bilhões) em um título ligado à sustentabilidade, dois bônus sociais e dois verdes.
Estes avanços fazem parte da base para impulsionar, no futuro, outras emissões voltadas para setores como portos resilientes com baixas emissões de carbono, economia circular e turismo sustentável, segundo informou o BID.
As instituições financeiras de desenvolvimento exerceram um papel essencial na última década para fortalecer a credibilidade dos títulos ligados às medidas climáticas, especialmente, em torno dos chamados bônus verdes.
O braço investidor do BID considera que os azuis estão “onde estavam os verdes há dez anos” e garante estar comprometido com o desenvolvimento deste mercado, para que alcance a mesma direção. EFE
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