Montevidéu, 5 nov (EFE).- O Uruguai defendeu nesta sexta-feira para a “necessidade de modernizar” o Mercosul após tomar conhecimento da decisão do Brasil, anunciada horas antes, de baixar as taxas para importar produtos de fora do bloco e, portanto, adotar unilateralmente uma medida que ainda está sendo discutida dentro dele.
Os Ministérios de Relações Exteriores e Economia e Finanças do Uruguai emitiram um comunicado conjunto, no qual apontaram que “a decisão do Brasil é entendida dentro da atual estrutura do Mercosul como uma Zona de Livre Comércio imperfeita”.
“O anúncio do governo brasileiro reflete a necessidade de modernizar e pragmatizar o Mercosul, como forma de alcançar maior abertura e inserção internacional”, diz o texto.
Na sexta-feira, o Brasil anunciou que aplicará uma redução de 10% nas tarifas sobre 87% do universo de suas importações de bens e serviços.
De acordo com o comunicado conjunto dos ministérios uruguaios, a redução, que ficará em vigor até 31 de dezembro de 2022, foi decidida unilateralmente e sob regras do Mercosul que permitem “a adoção de medidas destinadas a proteger a vida e a saúde das pessoas”.
Essa medida tem sido discutida há meses no bloco, mas ainda não foi formalizada.
A Argentina foi o país com maior resistência a esse tipo de redução tarifária, mas há um mês adotou uma postura mais aberta, durante uma visita a Brasília de seu novo ministro das Relações Exteriores, Santiago Cafiero, que foi recebido pelo chanceler Carlos França.
No final dessa reunião, ambos os ministros anunciaram que haviam chegado a um “acordo” sobre a redução de 10%, que seria consultada com o Paraguai e o Uruguai, que já estavam inclinados a aceitar a mudança.
Até então, esperava-se que a redução tarifária fosse anunciada na próxima cúpula do Mercosul, prevista para dezembro e a ser organizada pelo Brasil, que atualmente detém a presidência semestral do bloco e até agora não definiu uma data ou local para a reunião presidencial. EFE