Santiago de Chile, 9 nov (EFE).- O presidente do Chile, Sebastián Piñera, que teve pedido de impeachment acatado nesta terça-feira pela Câmara dos Deputados, não poderá deixar o país até o fim do julgamento político que será instalado no Senado.
O sinal verde foi dado após uma sessão que durou 24 horas, em que os parlamentares decidiram por 78 votos a favor e 67 contra, que os senadores realizem o julguem o chefe de governo pelas supostas irregularidades na venda de um projeto de mineração no Chile e por manter uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas.
Para dar continuidade ao processo de impeachment, era preciso de 78 votos dos 155 deputados respaldando a acusação apresentada em 13 de outubro, de que o presidente havia cometido crime de improbidade e de “comprometer gravemente a honra da Nação”.
O Senado votará o pedido pelo julgamento político em 19 de novembro, apenas dois dias antes das eleições presidenciais do Chile, na qual Piñera não concorre.
No país, diferente de quando é aberto processo com outras autoridades, o chefe de governo não fica suspenso, no entanto, não pode deixar o território sem a autorização prévia do Parlamento.
A ACUSAÇÃO.
A investigação jornalística Pandora Papers apresentou supostas irregularidades na venda da Minera Dominga, feita pela por uma empresa de um dos filhos do presidente chileno, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, a um amigo íntimo da família Piñera, apenas nove meses depois da eleição para um primeiro mandato, de 2010 a 2014.
O presidente, que é dono de uma das maiores fortunas do Chile, argumenta que se desvinculou dos negócios através de ‘blind trust’, em 2009, e que as informações que vieram à tona já tinham sido reveladas em quatro anos atrás.
O julgamento político correrá em paralelo a uma investigação aberta pelo Ministério Público chileno, por possíveis crimes tributários e pagamento de suborno, referentes ao mesmo caso revelado no Pandora Papers. EFE