Glasgow (Reino Unido), 9 nov (EFE).- O planeta caminha para uma alta de 2,4 graus centígrados no fim do século, na comparação com o período pré-industrial, segundo estimativa divulgada nesta terça-feira pela plataforma científica Climate Action Tracker.
O valor é superior aos 2 graus definidos no Acordo de Paris, e ao limite de 1,5 grau que deseja a ONU, a partir de um eventual acordo a ser firmado na COP26.
“Glasgow (onde acontece a conferência), tem uma grande margem de credibilidade, ação e compromisso, já que o mundo se dirige a, pelo menos, 2,4 graus de aquecimento, se não mais”, aponta o relatório publicado pela plataforma.
A atualização dos dados da Climate Action Tracker, que desde 2009 mede as emissões de gases do efeito estufa, aponta que “com todas as promessas de objetivos, inclusive as realizadas em Glasgow, as emissões globais de gases do efeito estufa em 2030 seguirão sendo, aproximadamente, o dobro do necessário para o limite de 1,5 grau”.
A margem no curto prazo entre o necessário e o projetado para o fim desta década caiu “para 15% a 17% durante o último ano”, apontou o documento.
O estudo indica que, com as políticas atuais, não com as propostas que ainda sairão do papel, o aumento no fim do século seria ainda maior e chegaria a 2,7 graus, quase um grau acima dos anúncios de emissão zero feitas pelos governos.
Com os objetivos anunciados desde abril deste ano, os objetivos no longo prazo reduziriam o aumento das temperaturas em 0,3 grau, para 2,1 graus até o fim deste século, indica a plataforma.
Isso se deve “principalmente, à inclusão de metas de zero emissões líquidas de Estados Unidos e China, agora formalizadas em estratégias de longo prazo, apresentadas na Convenção Marco das Nações Unidas sobre Câmbio Climático.
O MELHOR CENÁRIO TAMBÉM É RUIM.
Além disso, o relatório da Climate Action Tracker aponta que, se forem cumpridas dodas as promessas e compromisso de zero emissões até 2050, poderia ser alcançado um aumento de 1,8 grau até o fim do século, o que “está longe de ser uma notícia positiva”.
“Esta via otimista está muito distante do limite de 1,5 grau”, lembra o documento, que aponta para uma estimativa de 16% de chances de ser superado o aquecimento em 2,4 graus na virada do século XXII.
“Há uma margem de quase um grau entre as políticas atuais dos governos e seus objetivos de emissão líquida”, aponta o texto assinado por Bill Hare, diretor executivo da Climate Analytics, uma das organizações parceiras da Climate Action Tracker.
Até o momento, mais de 140 governos anunciaram metas de emissões zero, o que corresponde a 90% das emissões globais. No entanto, análises de 40 países da Climate Action Tracker, que cobrem 85% das emissões, indica que “apenas uma pequena parcela” é classificada como aceitável e que precisam de estratégias para alcançar os objetivos.
Os especialistas indicaram que a falta de ação é impulsionada, principalmente, pelos produtores de gás e carbono, por isso, pedem que ambos estejam fora do setor energético no planeta até 2040. EFE