Johannesburgo, 11 nov (EFE).- O ex-presidente da África do Sul e detentor de um Prêmio Nobel da Paz, Willem de Klerk, que governava o país no fim do sistema racista do apartheid, morreu de câncer aos 85 anos, segundo informou nesta quinta-feira a fundação criada pelo ex-chefe de governo.
“Com grande pesar, a Fundação FW de Klerk deve anunciar que o presidente FW de Klerk morreu em paz, na própria casa, em Fresnaye, nesta manhã, depois da luta contra um câncer de mesotelioma”, indicou comunicado divulgado mais cedo.
O texto lembra que o Prêmio Nobel da Paz deixa a esposa Elita, os filhos Jan e Susan, além de netos.
FW de Klerk, que foi o último presidente branco da África do Sul, havia anunciado a doença – que atinge o tecido que reveste pulmões, estômago, coração e outros órgãos -, no último aniversário, celebrado em 18 de março deste ano.
Chefe de governo entre 1989 e 1994, FW de Klerk abriu as portas para o regime segregacionista do apartheid em 1009, em um cenário de grande pressão internacional, após mais de quatro décadas de opressão de brancos contra negros no país.
A abertura permitiu com que a África do Sul realizasse as primeiras eleições democráticas em 1994. Um ano antes, FW de Klerk recebeu o Nobel da Paz, junto com Nelson Mandela.
Entre o legado do ex-presidente está, especialmente, o discurso proferido em 2 de dezembro de 1990, em que anunciou o princípio do fim do apartheid e a libertação imediata dos presos políticos do país, o que incluía o próprio Mandela.
“É tempo de sairmos do ciclo de violências e abrirmos caminho em direção a paz e a reconciliação. A maioria silenciosa anseia isso”, disse FW de Klerk, na ocasião.
Posteriormente, ele se tornou vice-presidente do primeiro governo democrático da África do Sul, que foi liderado por Mandela.
Apesar de lembrado como o líder que abriu caminho para o fim do apartheid, FW de Klerk tem legado controverso, já que as marcas do regime segregacionista continuam presentes no país, na forma de desigualdades socioeconômicas. EFE