UE tenta avançar em pacto com Mercosul, apesar de relutância da França

Diário Carioca

Bruxelas, 11 nov (EFE).- A Comissão Europeia (CE) continua trabalhando para concretizar os acordos de livre comércio já negociados com Mercosul e México e o que está debatendo com o Chile, apesar da relutância da França, que vai realizar eleições em abril de 2022 e alega riscos ao meio ambiente para resistir aos pactos.

“Precisamos continuar os trabalhos para concluir estas negociações”, reconheceu o ministro de Desenvolvimento Econômico e Tecnologia da Eslovênia, Zdravko Pocivalsek, em uma entrevista coletiva após presidir um Conselho de Ministros do Comércio da União Europeia (UE), já que o país detém a presidência rotativa do bloco por seis meses.

Na reunião, os ministros europeus discutiram os acordos de livre comércio pendentes de aprovação e os desafios na próxima conferência ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC), que acontecerá no final do mês, e as relações comerciais com os Estados Unidos.

ESTREITA JANELA DE OPORTUNIDADE.

O vice-presidente executivo da CE responsável pela área de Comércio, Valdis Dombrovskis, explicou que hoje fez um balanço da situação desses acordos. No caso do que está sendo negociado com o Chile, ele contou que “as conversas foram concluídas em nível técnico, mas isso não é o fim da viagem”.

“Qualquer acordo comercial também precisa da aprovação dos países membros e do Parlamento Europeu. É por isso que as conversas com os países são tão importantes”, afirmou.

Perguntado sobre se vê a possibilidade de dar luz verde a esse pacto antes das eleições francesas, ele admitiu que “a janela de oportunidade é mais estreita agora, porque o Chile também está entrando em seu ciclo eleitoral”, referindo-se ao pleito presidencial do próximo dia 21 no país sul-americano.

O secretário de Comércio Exterior da França, Franck Riester, ressaltou que a CE, que é a instituição que tem o poder de negociar acordos comerciais com países de fora do bloco europeu em nome da UE, deve ser “ambiciosa” na revisão de seu enfoque sobre o desenvolvimento sustentável em acordos comerciais.

Ele também insistiu, após a reunião, que os acordos comerciais “não devem desestabilizar nossas sensíveis redes agrícolas” e que a UE deve estar “muito vigilante nas negociações em andamento”, em um momento em que os agricultores estão enfrentando mercados altamente voláteis devido à recuperação econômica global.

Por sua vez, a secretária de Estado de Comércio da Espanha, Xiana Méndez, ressaltou que “há uma opinião generalizada” sobre a importância do acordo com o Chile.

Ela destacou que se trata de um pacto “de última geração, com um impacto econômico positivo muito importante de prosperidade compartilhada, que inclui pela primeira vez as questões de gênero, o que é muito inovador”.

MAIS AMBIÇÃO COM OS ESTADOS UNIDOS.

Os ministros também tiveram a oportunidade de discutir as relações com os Estados Unidos com a representante comercial do país, Katherine Tai, que participou da reunião por videoconferência.

Pocivalsek reconheceu o progresso feito com os Estados Unidos desde junho para superar os desacordos durante o mandato de Donald Trump, como a suspensão mútua de tarifas e o acordo sobre um imposto sobre serviços digitais.

“É uma base sobre a qual construir”, declarou, embora a UE pretenda fazer mais progressos e finalizar um novo acordo sustentável sobre alumínio e aço que seja compatível com a OMC, após a suspensão das tarifas que os EUA haviam colocado sobre essas exportações europeias.

Já Dombrovskis enfatizou que a cota estabelecida para estas exportações “respeita os volumes históricos”, o que é “um grande passo à frente” e permitirá recuperar os níveis anteriores às tarifas impostas por Trump.

“Mas continuamos a trabalhar com os EUA com o objetivo de retirar totalmente essas tarifas”, disse.

AVANÇO NA OMC.

Com vistas à próxima conferência ministerial da OMC, a UE espera que seja possível chegar a acordos sobre subsídios à pesca em favor de capturas sustentáveis e sobre comércio e saúde, de forma que os direitos de propriedade intelectual não impeçam os países em desenvolvimento de acessar vacinas e sua cadeia de produção.

Entretanto, Dombrovskis admitiu que diferenças continuam a existir nestas áreas e pediu “mais envolvimento de nossos parceiros globais”.

A UE espera pressionar um grupo de trabalho na reunião de Genebra (Suíça) para se concentrar na reforma da organização, em particular no desbloqueio do Órgão de Apelações que Trump se recusou a renovar. EFE

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