Senado do Chile faz última sessão sobre processo de impeachment de Piñera

Diário Carioca

Santiago do Chile, 16 nov (EFE).- O processo de impeachment do presidente do Chile, Sebastián Piñera, tem nesta terça-feira a última sessão no Senado, com uma inédita votação que poderá se prolongar até a próxima madrugada.

Às 11h (pelo horário de Brasília), os senadores começaram a analisar a acusação contra o chefe de governo, sobre irregularidades na venda, nas Ilhas Virgens Britânicas, de um projeto de mineração, ainda no início do primeiro mandato de Piñera, o que foi revelado pela investigação jornalística Pandora Papers.

Durante a manhã, haverá a exposição de argumentos por um grupo integrantes da Câmara dos Deputados, onde foi aprovado na semana passada o início do processo de impeachment com 78 votos dos 155 parlamentares.

Em seguida, será a vez da exposição do advogado do presidente chileno, Jorge Gálvez.

À tarde, será iniciada a votação final, em que cada um dos 47 senadores terá 15 minutos para apresentar os argumentos, o que deverá prolongar que a sessão até a madrugada desta quarta-feira.

Na Câmara dos Deputados, a sessão que deu sinal verde para o processo de impeachment durou cerca de 22 horas, apesar de algumas pausas e da argumentação de 15 horas de um dos parlamentares de oposição.

Essa é o julgamento político de um presidente que mais avançou no Chile, embora os analistas acreditem que o impeachment não prosperará no Senado, onde é preciso o aval de dois terços das cadeiras.

A oposição ao governo de Piñera, contudo, conta com apenas 24 votos certos pelo afastamento do chefe de governo.

O CASO.

Piñera é acusado por supostas irregularidades na venda de um projeto de mineração no Chile e de manter uma offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, conforme revelou a investigação jornalística conhecida como Pandora Papers.

Segundo o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), a venda do projeto deveria ser feita em três parcelas, mas a última estava condicionada a uma área não ser declarada de proteção ambiental, decisão que deveria ser tomada pelo presidente, o que geraria conflito de interesses, conforme aponta a acusação.

O chefe de governo, que é dono de uma das maiores fortunas do Chile, argumenta que se desvinculou dos negócios através de ‘blind trusts’ em 2009, antes de chegar ao poder pela primeira vez, e que as informações que vieram à tona já tinham sido reveladas em quatro anos atrás.

“Foi determinado que não havia nenhuma irregularidade e, além disso, foi estabelecida minha total inocência”, afirmou Piñera, que pode seguir no cargo durante o processo, mas está proibido de deixar o país sem autorização do Congresso.

Esse é o segundo processo de impeachment aberto contra o atual presidente chileno. Em novembro de 2019, o primeiro não avançou. Na época, eram investigadas supostas violações aos direitos humanos na repressão a protestos populares. EFE

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca