Madri, 16 nov (EFE).- O ex-general venezuelano Hugo Armando Carvajal, conhecido como ‘Pollo Carvajal’, prestou depoimento nesta terça-feira na Audiência Nacional da Espanha a dois procuradores da Itália sobre o suposto financiamento irregular do partido italiano Movimento 5 Estrelas com recursos fornecidos pelo governo da Venezuela.
Na audiência, cujo conteúdo foi declarado secreto tanto na Itália como na Espanha, estiveram presentes dois representantes do Ministério Público de Milão, Maurizio Romanelli e Cristiana Roveda, além do procurador-chefe da Audiência Nacional, Jesús Alonso, e o juiz espanhol Joaquín Gadea, entre outros, informaram fontes do tribunal à Agência Efe.
O interesse da Itália em questionar Carvajal se encaixaria na investigação sobre o suposto envio de 3,5 milhões de euros por mala diplomática ao fundador do Movimento 5 Estrelas, Gianroberto Casaleggio, através da delegação consular venezuelana na Itália.
Ao final do depoimento, os procuradores confirmaram que está aberta uma investigação sobre o financiamento do partido italiano e que, devido ao sigilo do caso, não poderiam dar mais detalhes.
A advogada de Carvajal, ex-chefe da inteligência venezuelana, Dolores de Argüelles, também invocou sigilo quando questionada pela imprensa sobre este assunto.
No entanto, ela disse que não se surpreendeu que o Ministério Público italiano estivesse interessado em interrogá-lo.
Argüelles explicou que desde que ele foi preso, em setembro, na Espanha, depois de dois anos em paradeiro desconhecido, e decidiu fazer revelações sobre os tentáculos do governo chavista fora da Venezuela, jornalistas de Brasil, Itália, Argentina e Peru começaram a procurá-la para ter mais informações sobre seu cliente e supostos financiamentos do governo de Nicolás Maduro a partidos e outras organizações desses países.
Carvajal está agora à espera de que os Estados Unidos respondam à Audiência Nacional espanhola sobre as garantias para sua extradição – basicamente a revisão de uma possível sentença de prisão perpétua – como último passo para ele ser entregue ao país, onde responde a acusações de tráfico de drogas.
Enquanto isso ocorre, a advogada do ex-general venezuelano anunciou que planeja apresentar um pedido de liberdade condicional, com a colocação de um dispositivo eletrônico que revele sua localização, a fim de evitar o risco de fuga.
Desde que foi preso, Carvajal tem usado diferentes estratégias, sem sucesso, para travar ou, pelo menos, retardar sua entrega aos EUA, inclusive pedindo asilo na Espanha e apelando ao Tribunal Supremo espanhol contra a decisão de extraditá-lo. EFE