Havana, 17 nov (EFE).- O governo de Cuba afirmou nesta quarta-feira que não houve nenhum acordo com a Espanha para facilitar que Yunior García Aguilera, um dos organizadores da passeata convocada para a segunda passada, saísse do território cubano.
Um representante do governo cubano disse à Agência Efe que as autoridades cubanas “não têm nada a ver” com a saída de García Aguilera e que o ativista, que desembarcou em Madrid nesta quarta-feira, teria tramitado o seu visto por conta própria.
Além disso, negou que o opositor tenha sido forçado a abandonar o país, como a oposição denunciou após outros ativistas deixarem Cuba nos últimos meses.
García Aguilera estava recluso em casa desde o domingo porque agentes das forças de segurança do Estado não o deixavam sair. Nas últimas horas, o opositor deixou de atender o telefone, motivo pelo qual vários ativistas denunciaram o seu desaparecimento.
O ativista e dramaturgo, de 39 anos, anunciou que protestaria sozinho pelo centro de Havana com uma flor branca no domingo passado, na véspera do protesto que havia convocado.
No entanto, García Aguilera não pôde sair de casa devido à pressão dos agentes e de dezenas de apoiadores do governo, que se reuniram em frente ao seu edifício. Além disso, as comunicações do opositor foram interrompidas.
No dia seguinte, o dia da passeata, o ativista também não deixou a sua residência. Ao perguntar sobre a sua situação, um parente explicou à Agência Efe que tanto ele como a esposa não se sentiam bem depois do que tinham sofrido no dia anterior.
García Aguilera ganhou destaque nos últimos meses ao se tornar o rosto visível da plataforma virtual Archipiélago, que defende uma mudança política pacífica através do diálogo e da libertação dos presos políticos em Cuba.
Archipiélago colocou o governo cubano em xeque, convocando um protesto para a segunda-feira, apesar de as autoridades não terem autorizado a manifestação.
A iniciativa foi quase completamente impedida pelo governo cubano, que mobilizou um grande número de agentes de segurança do Estado nas principais cidades do país de modo que os principais ativistas não participassem da passeata.
A ONG jurídica Cubalex confirmou pelo menos 77 casos de pessoas presas, sitiadas em casa ou assediadas por apoiadores do governo nos chamados “atos de repúdio”. Não foram divulgados números oficiais. EFE