Washington, 6 jan (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, culpou nesta quinta-feira seu antecessor, Donald Trump, por criar uma “teia de mentiras” sobre as eleições de 2020 e incitar seus apoiadores a invadir o Capitólio, sede do Congresso, há um ano.
“Seu ego ferido é mais importante para ele do que nossa democracia e nossa Constituição. Ele não pode aceitar que tenha perdido”, disse Biden em um discurso no Capitólio no primeiro aniversário do ataque que deixou cinco mortos e 140 agentes de segurança feridos.
Embora não tenha citado Trump pelo nome, Biden dedicou grande parte de seu discurso a criticar o antecessor, que pouco antes do ataque de 6 de janeiro de 2021, em um discurso em Washington, encorajou seus simpatizantes a irem ao Capitólio e “lutarem” para impedir que o resultado das eleições presidenciais de 2020 fosse aprovado pelos congressistas.
“O ex-presidente dos Estados Unidos da América criou e divulgou uma teia de mentiras sobre as eleições de 2020. Ele fez isso porque valoriza o poder mais do que os princípios”, afirmou Biden hoje.
Ele acusou Trump e seus aliados de terem decidido que “a única maneira de vencer é suprimir o voto e subverter as eleições”, em um contexto de reformas crescentes a nível estatal que, na prática, prometem tornar mais difícil o voto para as minorias e aqueles com menos recursos econômicos.
“Você não pode amar nosso país apenas quando vence. Você não pode obedecer à lei apenas quando ela lhe convém. Você não pode ser patriota quando abraça as mentiras e as permite”, acrescentou.
Visivelmente irritado, o presidente americano reiterou que há “zero provas” sobre as acusações de fraude eleitoral que Trump fez após as eleições de 2020 e que levaram a maioria dos eleitores do Partido Republicano a não acreditar que Biden venceu as eleições legitimamente.
“Ele não é apenas um ex-presidente. É um ex-presidente derrotado, por uma margem de mais de 7 milhões de votos, em eleições plenas, livres e justas”, frisou.
Biden prometeu se manter vigilante contra a possibilidade de que a oposição republicana tente reverter um possível resultado que não a favoreça nos próximos ciclos eleitorais: as eleições legislativas de novembro deste ano e as presidenciais de 2024.
“Vou defender esta nação. Não vou deixar ninguém cravar um punhal na garganta da democracia”, declarou.
Biden também disse que “a promessa da democracia está em risco” tanto nos Estados Unidos como em todo o mundo, onde, de acordo com ele, está sendo travada uma batalha ideológica contra “autocracias” de países como China e Rússia.
O discurso de Biden foi feito depois de um pronunciamento mais curto da vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, e antes de uma série de eventos começar no Capitólio como parte de um dia de reflexão sobre o primeiro aniversário do ataque. EFE