A adesão dos times de futebol ao formato de Sociedade Anônima de Futebol (SAF), o chamado clube-empresa, vem crescendo no Brasil. Além do Red Bull Bragantino e Cuiabá, que já adotam o modelo, o Cruzeiro anunciou a adesão com o recente anúncio de compra de 90% de suas ações pelo ex-jogador Ronaldo Nazário e o Botafogo foi o pioneiro em conseguir um investidor estrangeiro: John Textor. O acordo foi possível pela consultoria da Matix Capital, com os empresários Thairo Arruda e Danilo Caixeiro
Outros times como, Vasco, que já recebeu sondagens da americana 777 Partners e de um grupo liderado por Roman Abramovich, América MG, Chapecoense, Athletico Paranaense, Juventude e Coritiba também estudam aderir ao formato. Mas afinal, por quê, cada vez mais investidores apostam suas fichas no futebol brasileiro, mesmo com os clubes atolados em dívidas milionárias?
O especialista em gestão empresarial e recuperação de empresas e CEO da BeYou Education, Ricardo Souza, explica que a gestão do futebol está passando por um processo de profissionalização e, mesmo com as dívidas milionárias, um investimento e uma administração bem-sucedida podem dar retornos mais atraentes que nas empresas convencionais.
“O Cruzeiro, por exemplo, possui uma dívida de R$ 1 bilhão, mas isso é ‘fichinha’ para o Ronaldo caso ele faça um bom trabalho. Um exemplo é o Flamengo, que já está sendo administrado com essa mente de empresários e tem uma projeção de faturamento de um R$ 1 bilhão em 2022”.
O especialista conta que, ao profissionalizar a gestão, até os clubes pequenos, que não têm uma grande torcida, conseguem alcançar altos lucros diversificando as fontes de receita, que vão muito além da venda dos direitos de transmissão para a TV. “É possível trabalhar a marca do clube, atrair patrocinadores e jogadores, o que pode aumentar ainda mais o caixa dos clubes”, comenta.
No caso do CruzeiroNotícias
Com tantas opções de retorno, os clubes têm entrado na mira de investidores, pois podem apresentar lucros maiores do que o de empresas. “Se você investe no Flamengo, com a fase em que estão vivendo dentro e fora dos gramados, seus retornos se tornam muito maiores do que investir numa Petrobrás, por exemplo”, afirma.
Sucesso depende de boa gestão
O especialista em gestão empresarial e recuperação de empresas alerta que apenas alterar o formato não basta para se ter sucesso. “É necessário que o empresário ou empresa responsável saibam gerir e administrar bem. No Brasil, o Figueirense e o Botafogo-SP têm o status de SAF, mas após más gestões foram rebaixados para a terceira divisão do Brasileirão de 2021”.
No entanto, a tendência é de sucesso. Estudo da EY Sports mostrou que 92% dos clubes das cinco ligas mais ricas do mundo são empresas. “Virar um clube empresa não garante o sucesso comercial de um time, mas é um fator decisivo para que os clubes deixem para trás o histórico de dívidas”, afirma Souza