Todos os dias lemos notícias de todo o tipo em sites e em mídias sociais. Muitos usuários replicam notícias no Twitter, no Instagram e no Facebook. Isso sem falar dos temas trazidos através de lives, transmissões de podcast, Youtube e tantos outros canais.
Com tantas plataformas transmitindo informações e um sem-número de perfis que replicam, interpretam ou criam notícias, obviamente, houve também um exponencial crescimento de fake news nos últimos anos. A notícia falsa nunca é acidental, quem a cria tem um objetivo, seja político, comercial ou mesmo de marketing. E quem a compartilha o faz porque tem os mesmos objetivos em disseminar a versão criada ou por ter acreditado na informação que coincide com suas convicções.
De acordo com estudos realizados por pesquisadores da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), o Brasil teve nos últimos três anos um aumento de 150% na postagem de notícias falsas. E, no caso das Fake News, 10,5% são postadas no Instagram, 15,8% no Facebook, 25,1% no Twitter e 48,6% são disseminadas por meio do WhatsApp através do encaminhamento de mensagens.
Uma Fake News consegue rapidamente viralizar com o encaminhamento simultâneo pelas bolhas na internet. Segundo Francisco Gomes Júnior, presidente da ADDP (Associação de Defesa dos Dados Pessoais), como toda tecnologia, a técnica por trás das fake news também evoluiu. “Não se posta mais tantas teorias absurdas ou conspiratórias, mas sim histórias críveis criadas a partir da edição de falas. Por exemplo, não há muita credibilidade em dizer que o planeta Terra é plano, isso era possível na primeira fase das redes sociais, hoje em dia as pessoas aprenderam a identificar tais Fake News, então, tenta-se algo mais sutil como um post que interprete dados científicos, eleitorais ou de qualquer ordem de forma tendenciosa.”
Em um ano eleitoral, há uma tendência de que com o acaloramento do debate político nas redes sociais, estas sejam utilizadas para disseminar notícias falsas. A grande tarefa das autoridades, sobretudo do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) será impedir ou, ao menos, minimizar a disseminação das Fakes News que possam influenciar no processo eleitoral. Os Ministros do TSE estabeleceram regras para atuar contra essas informações criadas e estabeleceram contato com as redes sociais e aplicativos, diante de termos de cooperação. A exceção foi com o Telegram, o aplicativo russo sediado em Dubai, que não atendeu aos pedidos do TSE e não estabeleceu nenhuma tratativa, o que o coloca como um campo fértil para a propagação de notícias falsas ou outros crimes.
Mas, afinal, quais são as técnicas mais avançadas para a propagação das Fake News? “As técnicas passam por transmitir uma mensagem de forma dúbia. Assim, por exemplo, faz-se um gesto similar a uma saudação nazista e quando houver o questionamento, nega-se qualquer intenção, mas o gesto foi feito e transmitido. Da mesma forma atitudes racistas são negadas por não haver intenção, discriminação de gênero e assim por diante. Outra técnica bastante utilizada é a da Fake Piada. Por exemplo, diz-se que tal político impediu a Guerra Mundial e quando houver questionamento argumenta-se que se tratava apenas de uma brincadeira”, complementa Gomes Júnior.
Como se vê, as Fakes News não são criadas acidentalmente, mas com inteligência e com algum objetivo. Em um ano eleitoral, devem ser criadas para prejudicar a imagem de alguns candidatos e enaltecer a de outros. Caberá ao leitor distinguir o que é uma notícia verídica e o que é falso. Na dúvida, a recomendação é para que se pesquise, faça uma checagem em outros veículos que transmitam informações sérias. E, lembre-se, não espalhe Fake News. Este ato é criminoso.
Francisco Gomes Júnior – Sócio da OGF Advogados. Especialista em Direito Digital e Crimes Cibernéticos. Presidente da Associação de Defesa de Dados Pessoais e do Consumidor (ADDP). Instagram: https://www.instagram.com/franciscogomesadv/