Mulheres fecharam a avenida Paulista, em São Paulo (SP), neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher. A marcha integrou a mobilização nacional que levou manifestantes às ruas de mais de 40 cidades nas cinco regiões do país.
Com o lema “Pela Vida das Mulheres, Bolsonaro nunca mais! Por um Brasil sem machismo, sem racismo e sem fome!”, a concentração teve início por volta das 16h no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e seguiu até a praça Franklin Roosevelt, no bairro República.
Carregando faixas, cartazes e bandeiras, o grupo gritou palavras de ordem contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), o machismo, o aumento da fome e os retrocessos nos direitos democráticos e sociais das mulheres brasileiras.
Durante o evento, manifestantes queimaram boneco do deputado estadual Arthur do Val (ex-Podemos-SP), conhecido como Mamãe Falei, que, em áudios gravados pelo parlamentar em viagem à Ucrânia, na semana passada, afirmou que mulheres ucranianas são "fáceis, porque são pobres", entre outros comentários misóginos e machistas.
:: Março das Mulheres: acompanhe a cobertura do Brasil de Fato ::
Manifestantes queimam boneco do deputado estadual Arthur do Val, autor de comentários misóginos sobre refugiadas ucranianas / Elineudo Meira / @fotografia.74
"Por que marchamos?"
A convocação do 8 de março na capital paulista foi resultado de um amplo processo de organização, que contou com organizações feministas ou compostas apenas por mulheres, além de partidos políticos e movimentos sociais.
“Nossos direitos têm sido retirados todos os dias. As mais afetadas são as mulheres jovens, mães e estudantes. Por isso, a juventude está nas ruas mostrando que é possível construir um novo projeto de Brasil”, afirmou Daiane Araújo, integrante do Levante Popular da Juventude e diretora do Mulheres da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Rachel Moreno, integrante da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), foi uma das veteranas da luta feminista presentes no protesto. Ela atuou no SOS Mulher, organização que enfrentou a ditadura militar e reivindicou políticas públicas voltadas a vítimas de violência doméstica.
“Estou na luta desde 1974. E, nos dias de hoje, todos esses problemas acabam se repetindo. Junto com os trabalhadores, as mulheres foram o segmento que mais perdeu direitos”, pontuou Moreno.
Leia mais: Damares reserva em 2022 a menor verba para o combate à violência contra mulher em quatro anos
Outra a marcar presença na avenida Paulista foi Sandra, que não quis ter o sobrenome divulgado. Cadeirante, ela fez questão de comparecer ao ato em nome de outras pessoas com deficiência que não tiveram condições de comparecer à marcha.
“Em primeiro lugar, sou mulher, uma pessoa, um ser humano. E também sou uma pessoa com deficiência e represento uma grande parte da sociedade. Por que as mulheres com deficiência não estão aqui hoje? Porque não tem transporte, elas não têm condições de sair dos seus lares. Então eu venho representá-las”, afirmou.
:: No campo e na cidade, mulheres se unem contra o machismo e a fome; veja como foi o 8 de março ::
Mobilização nacional
Em todo o Brasil, mulheres promoveram atos, ocupações e inauguraram centros de acolhimento. Além de ocuparem ruas dos centros urbanos, integrantes de organizações populares articularam a pauta feminista com ações políticas concretas no campo, fortalecendo a luta em favor da terra, da agricultura familiar e contra a violência de gênero.
Edição: Rodrigo Durão Coelho