O programa Papo na Laje desta quinta-feira (17) mostra que a tradição das batalhas e do passinho nos bailes funk atravessa gerações na zona Oeste do Rio de Janeiro. E são as mulheres que protagonizam esse movimento cultural nas comunidades e favelas cariocas. É o caso do bonde feminino “Borró e as Poderosas” da favela de Antares, em Santa Cruz.
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Ebilene Elias, conhecida como Bibi, conta que o grupo consegue convocar mais de 90 mulheres de todas as idades para curtir o “funk da antiga” e participar de competições. Nos bailes, além dos passos de dança, ganha pontos o bonde que levar mais pessoas representando a comunidade e, claro, a animação com gritos de guerra. Para ela, o “baile funk da antiga é para todas as idades”.
“Venho da época dos anos 1990, do funk da antiga, curti muito com as minhas amigas. Era um grupo de mulheres que sempre trabalhou e todo final de semana saía pra curtir o baile. O grupo surgiu porque a gente usava roupa igual. O bonde do ‘Borró’ são as mães e as poderosas as filhas e netas, ou meninas novas que gostaram e entraram para o nosso grupo. O maior bonde feminino da Zona Oeste é a nossa galera”, explicou Bibi ao Papo na Laje.
Com vestidos personalizados para cada evento que o grupo participa, a filha Juliana Ferreira, de 18 anos, representa a juventude cada vez mais conectada nas redes sociais e no estilo de roupa e maquiagem para os bailes.
“Minha mãe falava sempre chamava pra curtir o baile e eu falava ‘ai mãe que chato, negócio de velho’. Quando eu fui fiquei reparando elas só no passinho e depois nunca mais parei. Minha mãe é assim, onde chega puxa todo mundo”, disse Juliana.
“O funk traz alegria e trabalho. Se você vende uma bala, um cachorro quente, já promove um tipo de renda que você precisa também. Quando começa o funk você vai esquecer todos os problemas, porque o baile até isso consegue. Às vezes é isso que levanta meu astral”, complementa Ebilene.
WikiFavelas
O Papo na Laje é um programa sobre experiências de protagonismo da juventude das favelas e periferias do Rio de Janeiro. A partir desta semana, o projeto televisivo está incluído na lista de verbetes do WikiFavelas, dicionário de Favelas Marielle Franco, plataforma online de preservação da memória e da cultura favelada.
Rodrigo Marcelino, coordenador político do Brasil de Fato RJ, afirmou que o programa é uma ferramenta de organização popular da juventude em seus territórios.
“O projeto se junta aos saltos que o Brasil de Fato vem dando, no sentido de pensar um programa de TV, que seja arte, cultura e entretenimento, mas que também seja uma ferramenta de abertura de um trabalho de base. Isso tudo estava na origem das primeiras conversas com Dieymes Pechincha [diretor e roteirista do programa] e são essas diretrizes que orientam as temáticas de episódios como ‘Ser jovem hoje’; ‘Escolas de samba e religião’; ‘Capoeira’; ‘Tranças e identidade’; ‘Direito à moradia’; etc”, disse.
Episódios inéditos do Papo na Laje vão ao ar toda quinta-feira, às 18h, no YouTube e na TV Comunitária do Rio de Janeiro, com transmissão no canal 6 da NET.
Assista:
Edição: Mariana Pitasse