Treinador do Maringá quer surpreender Coritiba na final paranaense

Diário Carioca
                                                           O Maringá é uma das maiores surpresas entre os finalistas dos principais campeonatos estaduais do país. Mesmo sem integrar atualmente uma das quatro divisões nacionais, a equipe do interior disputa o título do Campeonato Paranaense com o tradicional Coritiba. O Dogão (como é conhecido o clube) foi superado no primeiro jogo da decisão, no estádio Willie Davids, em Maringá (PR), por 2 a 1, de virada, na última quarta-feira (30). Neste domingo (3), às 16h (horário de Brasília), o Tricolor enfrenta o Coxa no Couto Pereira, na capital, tendo que ganhar por dois gols ou mais de diferença para levantar a taça de forma inédita. Caso vença por um gol, igualando o placar agregado, haverá decisão por pênaltis.

“É importante o momento que vivemos no clube. Para mim, é gratificante. Para a cidade, também, que tem a oportunidade de um título que não vem há 45 anos”, destacou à Agência Brasil o técnico Jorge Luiz Castilho, mencionando a última conquista estadual de um time local, o Grêmio Maringá, em 1977, curiosamente sobre o mesmo Coritiba.
O próprio Castilho é personagem importante na trajetória do Maringá. Ele trabalhava nas categorias de base da Prefeitura de Guarujá (SP), cidade onde nasceu, chegando ao clube paranaense em 2020, inicialmente como auxiliar-técnico. Ele assumiu a equipe principal (que liderava a segunda divisão paranaense) na sétima rodada, após a saída de Beto Portella. O treinador foi vice-campeão, ajudando o Dogão a retornar à elite do Estadual.
Em 2021, ele novamente iniciou a temporada como auxiliar, tornando-se o técnico interino na quarta rodada, com a demissão de Marcos Soares. O Maringá saiu do décimo lugar e se classificou às quartas de final na sétima posição, caindo nas quartas de final para o FC Cascavel (vice-campeão). Com mais de 61% de aproveitamento nas duas passagens, o profissional recebeu, em 2022, a chance de dirigir a equipe desde o início do ano.
“Pude iniciar a pré-temporada e ajudei na montagem do elenco. Montamos um elenco forte, com brio, muita vontade de ganhar e profissionais que estão em busca de um espaço ao sol. Temos um time jovem, comprometido. Graças a Deus, estamos sendo coroados, chegando à final do Campeonato Paranaense”, comemorou Buiu, como é conhecido o treinador de 39 anos.
Foi na terra natal que Castilho realizou o primeiro trabalho como técnico. Em 2014, ele dirigiu a Associação Desportiva Guarujá (ADG), na quarta divisão do Campeonato Paulista, com um elenco formado praticamente todo por atletas da cidade. Buiu se dividiu entre comandar a ADG e fazer a segurança de um condomínio na Enseada, bairro onde fica a maior praia do município. Aliás, em mais de uma oportunidade, o treinador teve de buscar outras ocupações para suprir o dia a dia em meio à carência de calendário no futebol.
“Em 2020 tive o acesso à primeira divisão do Paraná, depois fiquei desempregado seis meses. Dividi meu tempo trabalhando como Uber no Guarujá e com uma escolinha no projeto social que tenho. Sempre que tinha bico de segurança, eu fazia. Em 2021, também [ficou sem emprego depois do Estadual]. Cheguei a trabalhar em um estacionamento em Santos [SP], como manobrista, segurança”, relatou o técnico, que tem duas filhas.
A campanha de 2021 assegurou ao Maringá vagas na Copa do Brasil e na Série D do Campeonato Brasileiro do próximo ano. O segundo semestre de 2022, porém, assim como nas duas últimas temporadas, não prevê competições à equipe. Um eventual título neste domingo, portanto, pode ser crucial para o futuro de Buiu, dentro e fora de campo.
“Espero ter oportunidades no segundo semestre. Seis meses podem custar caro. Caso não tenha onde trabalhar, não vejo problema algum [de atuar em outras funções]. Todo emprego é digno. A gente precisa levar o sustento para casa, não tenho vaidade nenhuma quanto a isso”, concluiu Castilho.

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