Depois de coletar as primeiras amostras de maçãs da safra atual, nos embaladores e classificadores da fruta, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, os auditores fiscais federais agropecuários (affas) obtiveram resultados que indicam ausência de contaminação da fruta para resíduos de agrotóxicos. Até o momento, das 131 coletas analisadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) nenhuma apresentou desconformidade, segundo prevê o Plano Nacional de Controle de Resíduos e Contaminantes em Produtos de Origem Vegetal (PNCRC/Vegetal), que monitora a qualidade dos produtos de origem vegetal produzidos em todo o território nacional, em relação à ocorrência de resíduos de agrotóxicos e contaminantes químicos e biológicos.
De acordo com Tiago Dokonal, auditor fiscal federal agropecuário e Coordenador de Fiscalização da Qualidade Vegetal da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA/Mapa), as 131 amostras foram colhidas nos municípios de Vacaria (RS), São Joaquim (SC) e Fraiburgo (SC), durante esse período de safra da fruta. Os lotes coletados tinham como destino a exportação e também o mercado interno. “Esses são os primeiros resultados, mas temos uma previsão de coletar 272 amostras de maçãs até julho, quando se encerra esse monitoramento nos dois estados, grandes produtores da fruta”, explica Dokonal e acrescenta que outros monitoramentos paralelos vêm ocorrendo, como o de hortifrutis. “O PNCRC/Vegetal determina que os resultados de monitoramentos sejam divulgados anualmente”, complementa.
O trabalho de monitoramento faz parte do PNCRC/Vegetal, que desde 2016 apresenta conformidade de 97,3% na produção de maçãs no Brasil, atestando a segurança do produto para o consumo. Mas, nem sempre foi assim. “Antes desse Plano, em 2007, tivemos problemas com excesso de resíduos de agrotóxicos em maçãs, porém tanto os Affas quanto as empresas do setor trabalharam para reverter essa situação”, informa Dokonal. Segundo ele, o monitoramento deste ano está sendo feito por quatro affas e está sendo realizado nas embaladoras e classificadoras de maçã, ou seja, antes da fruta chegar ao comércio. Caso se constate alguma não conformidade nas maçãs, os Affas conseguem atuar para suspender a comercialização do produto, antes mesmo de chegarem às prateleiras dos supermercados.
Segundo dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE (POF), no período de 2008 a 2018, a maçã continua a figurar entre as frutas mais consumidas do Brasil, só ficando atrás da banana, da laranja e da melancia. Ainda consta nessa lista o mamão, que vem logo após a maçã.
Banana
Ao contrário da maçã, a fruta mais consumida pelo brasileiro, a banana, não apresentou o mesmo resultado na análise realizada por laboratórios oficiais ou credenciados do Mapa. Do total de 145 coletas, 15 não estavam conformes. Mesmo assim, o resultado é muito positivo (89,66%), apesar de apontar 15 amostras fora do padrão de conformidade.
De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017/2018, o brasileiro consome em média 25 quilos de banana per capta/ano, o que predispõe a um monitoramento regular por parte dos Affas.
O Brasil é o quarto maior produtor de banana do mundo, atrás apenas da Índia, China e Indonésia. Praticamente tudo o que é produzido é destinado ao mercado interno, sendo exportado apenas 1%.
Em outra coleta, desta vez no monitoramento de hortifrutis, conforme os dados oficiais já publicados em Diário Oficial da União, do total de 267 amostras de tomates, 46 tinham resíduos de agrotóxicos em excesso. E de 55 coletas de alfaces, 11 não estavam conformes. O tomate é o queridinho das hortaliças no Brasil, segundo pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da Esalq/USP. Já a alface aparece em oitavo lugar.
Sobre os auditores agropecuários
Os auditores fiscais federais agropecuários são servidores de carreira do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). São engenheiros agrônomos, farmacêuticos, químicos, médicos veterinários e zootecnistas, que exercem suas funções há mais de 150 anos no serviço público federal, e como carreira, desde 2000. Trabalham para garantir qualidade de vida, saúde e segurança alimentar às famílias brasileiras.
São responsáveis por garantir a saúde animal, a sanidade vegetal e a qualidade e segurança dos produtos agropecuários que chegam até o consumidor final, seja no Brasil ou no exterior. Atuam nos portos, aeroportos e postos de fronteira, nos campos de produção, nas empresas agropecuárias, nas cidades, nos programas de desenvolvimento agropecuários elaborados pelo Mapa, nas negociações internacionais, entre outros ambientes ligados a atividades agropecuárias