O Vasco da Gama foi proibido de exibir a mensagem institucional “Respeito. Igualdade. Inclusão” pela concessionária do Maracanã, administrada pela dupla Flamengo e Fluminense em uma censura mesquinha e sem fundamentos.
Mas o tiro saiu pela culatra e a Pixbet, patrocinadora do Gigante da Colina, deu um tapa com luva de pelica na dupla e usou uma ação publicitária para exibir a mensagem. Torcedores vascaínos também se mobilizaram para levar a mensagem no estádio.
VASCO.
📸 Daniel Ramalho | #VascoDaGama pic.twitter.com/xZWVYeXnpM
— Vasco da Gama (@VascodaGama) June 12, 2022
O Vasco da Gama se manifestou sobre o assunto e publicou uma carta aberta criticando a proibição da mensagem.
Confira a íntegra da carta aberta divulgada pelo Vasco.
“Carta aberta: respeito, igualdade, inclusão
Um século de lutas
O Vasco da Gama é um gigante do futebol brasileiro por merecimento. Escreveu partes grandiosas de sua história dentro de campo, e é um dos clubes com mais motivos para se orgulhar de sua história também fora de campo. Ser vascaíno é torcer por um futuro que honre nossa história – e ela não é pequena.
O relacionamento do Vasco com seus co-irmãos – ou rivais – do futebol do Rio de Janeiro é um caso à parte. Em breve, o Clube celebrará o centenário de um dos capítulos mais importantes de sua história, a Resposta Histórica de 1924. O caminho que leva à construção desta carta tem uma raiz muito bem definida: a mudança de regras.
Após o sucesso do Clube no campeonato de 1923, tendo em seu time atletas negros, pobres e analfabetos, os demais clubes do Rio de Janeiro mudaram os critérios esportivos da liga de futebol da época. Exigiram a desfiliação dos atletas tidos como indesejáveis – o que o Vasco orgulhosamente negou – e, posteriormente, demandaram ainda que o Clube tivesse um campo próprio para mandar seus jogos. O resultado foi a construção do estádio de São Januário, o maior do Brasil e da América do Sul à época, nossa casa, nosso orgulho, nosso lar. Grandeza não se compra, grandeza se constrói.
E quis a grandeza do Clube que nossa história não fosse escrita apenas em um palco, mas em dois. Desde a inauguração do Maracanã, em 1950, o Vasco da Gama construiu uma relação íntima e vitoriosa com o maior estádio do mundo. Foi o primeiro campeão do “Maraca” e se acostumou a grandes jogos e inesquecíveis conquistas. É um caminho a não ser apagado jamais.
É natural, portanto, que o Vasco mantenha uma relação contínua com o Maracanã, levando para lá grandes jogos e públicos contra adversários tradicionais. O Vasco x Cruzeiro deste domingo é um deles.
Não chega a ser surpreendente – mas triste – que a história se repita. As regras foram modificadas novamente.
Segundo as regras vigentes, o aluguel para uso do Maracanã por clubes do Rio de Janeiro é de R$ 90 mil reais. Esta é a regra aplicada para partidas muito recentes, de alguns poucos dias atrás. Mas agora, sem qualquer justificativa, o valor cobrado para a partida do Club de Regatas Vasco da Gama foi estabelecido em R$ 250 mil reais. O Vasco pediu esclarecimentos, obtendo em troca um constrangedor silêncio.
Além disso, o Consórcio do Maracanã modificou as regras em torno dos bares e restaurantes do estádio. É praxe que o clube mandante obtenha um percentual das vendas no dia do jogo. Tal direito, no entanto, foi negado ao Vasco para o jogo deste domingo, o que significa que o consumo de mais de 60 mil vascaínos no estádio não se reverterá em recursos para o clube. Novamente, nenhuma explicação plausível nos foi oferecida.
Por fim, o Maracanã possui um espaço para mensagens institucionais, à beira do campo, no setor leste. É aquela mensagem visível nas transmissões televisivas, com dizeres escolhidos pelos clubes, direcionados aos espectadores.
O Vasco apresentou a mensagem a ser veiculada na partida deste domingo, o que foi vetado pelo consórcio. A mensagem que o Clube pretende disponibilizar é a seguinte:
“Desde 1898 o legítimo Club do povo /// Respeito, Igualdade, Inclusão”
Mais uma vez, o motivo do veto não foi explicado, o que nos leva a crer que haja algum tipo de censura à mensagem que o Vasco pretende veicular.
Demandamos o restabelecimento do valor previamente determinado pelo consórcio para o uso do Maracanã pelo Vasco, o mesmo valor que pagam os demais clubes do Rio; demandamos o restabelecimento da participação do Clube sobre as vendas nos bares e restaurantes do estádio no dia da partida; e demandamos a veiculação da mensagem do Clube na lateral do campo.
Demandamos, enfim, o respeito à história do Vasco da Gama e às regras vigentes que garantem condições iguais para os clubes cariocas que usam o estádio.
Nenhuma destas demandas se afasta do trato normal a um grande clube do Rio de Janeiro.
Infelizmente, o Vasco da Gama encontra um tratamento paralelo àquele recebido no início do século passado. Mudam as regras mas não impedirão nosso clube de exercer sua grandeza de sempre.
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