Audiência pública pressiona governo de PE sobre emissão de gases na Refinaria Abreu e Lima

Diário Carioca

Desde a instalação da Refinaria Abreu e Lima no Complexo de Suape em 2014, os moradores de Ipojuca, no litoral sul de Pernambuco, sofrem com as emissões de gases poluentes na região. Isso está acontecendo pela ausência de uma Unidade de Abatimento de Gases SNOx. A estrutura funciona como um filtro que impede que gases poluentes sejam liberados no meio ambiente.

Após levar a pauta para reuniões comunitárias, para a prefeitura de Ipojuca e para a Petrobras, a comunidade levou o debate para a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), junto ao Sindicato dos Trabalhadores na Indústria do Petróleo de Pernambuco e Paraíba, o Sindipetro PE/PB.

Yara Marques, moradora do bairro Vila Califórnia, em Ipojuca, destaca que esta é mais uma tentativa dos moradores terem seus pedidos ouvidos. “Nós estamos indo em tudo quanto é lugar, pra tudo quanto é lado, de forma jurídica estamos buscando apoio pra mostrar, tornar ainda mais evidente o que nós estamos passando aqui dentro dessa comunidade, né? Do Ipojuca. E Teresa Leitão [deputada estadual petista] recebeu essa demanda e solicitou com a bancada ambiental da Alepe uma audiência pública”, analisa.

A audiência pública aconteceu na Comissão de Meio Ambiente da Alepe, e debateu desde incômodo aos moradores até doenças que vêm sendo associadas aos poluentes contidos nos gases. Na audiência, foi deliberada uma perícia médica em moradores para identificar se existe essa relação, acionando a Prefeitura, o governo do estado e a própria Petrobras.

“A audiência nos indicou caminhos que podem dizer de quem é a responsabilidade por cada coisa que está ocorrendo e como melhorar a qualidade de vida da população, lembrando que desenvolvimento não é excludente de qualidade de vida, o que precisa é o desenvolvimento estar à serviço da qualidade de vida”, destaca Teresa Leitão.

O técnico de operação da Refinaria Abreu e Lima e coordenador do Sindpetro PE/PB, Rogério Almeida, analisa o impacto que isso tem tido não só para os trabalhadores, mas também para a população de Ipojuca.

“Uma coisa é nas estações de monitoramento em que elas estão localizadas, outra coisa é dentro do apartamento. Eu perguntei ao próprio pessoal do CPRH [a Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Pernambuco] se tinha como ele medir dentro do apartamento das pessoas. Porque nós trabalhadores que chegamos ali na refinaria já sentimos aquele cheiro meio azedo que parece cheiro de vinagre, de ovo podre, e a gente sente um pouco quando está chegando, mas estamos em ambiente aberto. Dentro do apartamento deve ser horrível”, analisa o petroleiro.

Em fevereiro de 2021, a refinaria foi multada em R$ 50 mil por poluição atmosférica pela CPRH, que também autuou a empresa por emissão de altas concentrações de outros gases poluentes. A Unidade de Abatimento SNOx já está sendo construída. Segundo informações enviadas pela Petrobras ao Sindipetro, 85% das obras já foram realizadas, e a previsão é de finalizar os trabalhos ainda este ano. A reportagem entrou em contato com a CPRH, mas não recebeu resposta até o fechamento desta matéria.

Fonte: BdF Pernambuco

Edição: Elen Carvalho


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