Exposição “Órbita Hélio” faz temporada no Centro do Rio de Janeiro

Diário Carioca
THOMAS VALENTIN_Hélio Oiticica com Bólide área água, Ogramurbana MAM, Rio de Janeiro, 1970_Fotografia Analógica - Impressão em gelatina de prata a partir de negativo.

O legado de Hélio Oiticica (1937-1980) vai além de seus trabalhos: ele influenciou o processo de criação artística. A forma com que dialogava com seus parceiros, a compreensão da importância dos saberes e técnicas populares, a relação profunda e afetiva com o morro da Mangueira e seus moradores são aspectos fundamentais em sua obra. A exposição “Órbita Hélio”, que está em cartaz, no Centro Municipal que leva seu nome, na Praça Tiradentes, enfatiza essa dimensão social, comunitária e libertária que tanto inspirou Hélio Oiticica e sugere novas abordagens. 

A mostra traz trabalhos de Hélio Oiticica e de artistas que conviveram com ele.  Reúne imagens de grande experimentalismo da arte brasileira, nas décadas de 60 e 70. Todos os artistas que participaram da mostra conviveram com Oiticica e foram cúmplices em artes. Em alguns trabalhos, o próprio Hélio aparece retratado.  “Ele incentivava a criação a todo momento, sem fazer distinção entre a vida pessoal e profissional. 

Ele também era muito aberto para a cultura e a arquitetura populares, e o convívio com a Mangueira e seus moradores marcou profundamente sua produção”, conta Margareth Telles, fundadora do MT Projetos de Arte, que organiza a mostra.  

  

THOMAS VALENTIN_Hélio Oiticica com Bólide área água, Ogramurbana MAM, Rio de Janeiro, 1970_Fotografia Analógica - Impressão em gelatina de prata a partir de negativo
THOMAS VALENTIN_Hélio Oiticica com Bólide área água, Ogramurbana MAM, Rio de Janeiro, 1970_Fotografia Analógica – Impressão em gelatina de prata a partir de negativo

Com a curadoria de Fernando Cocchiarale, a exposição confere destaque a imagens de ex-alunos que assumiram, décadas após, o papel de parceiros artísticos: os irmãos Andreas e Thomas Valentin. A visita à exposição também permite reencontrar Hélio em companhia de Gal Costa, nos bastidores do show da cantora, de 1971, em registro de Frederico Mendes.  

Roberta Salgado, autora dos “Poemas em objeto” que integram o Penetrável Tropicália, exibe um raro exemplar dessa série. Marcos Bonisson, jovem atraído pelas experimentações de Hélio, igualmente participa da mostra, com um lírico registro de criança em proposição do artista, no morro da Mangueira, em 1980. A exposição dá grande destaque à participação de moradores da Mangueira, em dinâmica interação com Bólides e Contrabólides. E também Parangolés. A cor, a obra, ativada pelo calor e movimento dos corpos: Nildo, Paulo Ramos, Nininha, Lilico e mestre-sala Delegado. 

FREDERICO MENDES_Hélio Oiticica e Gal Costa Década de 1970, Rio de Janeiro _Díptico_Fotos analogicas_ Gelatina de prata em papel fotográfico_Circa 1971_24x36 cm
FREDERICO MENDES_Hélio Oiticica e Gal Costa Década de 1970, Rio de Janeiro _Díptico_Fotos analogicas_ Gelatina de prata em papel fotográfico_Circa 1971_24x36 cm

A exposição também apresenta fotos de Marcos Rodrigues, nos bastidores da última entrevista de Oiticica, concedida para o pintor Jorge Guinle e publicada na revista Interview.   

Caetano + Órbita de Hélio   

Uma foto de Caetano Veloso captada por Hélio Oiticica, em 1969, em Londres, integra a mostra. Hélio e Caetano eram muito amigos e o cantor teve a companhia de Oiticica durante o período de exílio, na Inglaterra.  Sobre a cena retratada, Caetano lembra: “É de uma ida minha a Sussex (sudeste da Inglaterra), onde Hélio estava convidado pela universidade, depois de termos estado sempre juntos no período em que ele permanecia em Londres. Fui a Sussex para vê-lo. Simplesmente eu, numa estação londrina”, resume Caetano.   

  

Serviço: 

Exposição Órbita Hélio 

Horário: segunda a sábado, das 10h às 18h  

Onde: Centro Municipal Hélio Oiticica – Rua Luís de Camões, Praça Tiradentes, 68, Rio de Janeiro

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Equipe de jornalistas, colaboradores e estagiários do Jornal DC - Diário Carioca