Você conhece a história da prova do Enem? O Exame Nacional do Ensino Médio foi criado há quase 25 anos, em 1998, para avaliar a situação de escolaridade do Ensino Médio no Brasil. Conforme os anos se passaram, a prova sofreu alterações e, em 2009, passou também a ser uma forma de ingressar na universidade. Em 2017, começou a ser aplicada em dois finais de semana e, dois anos mais tarde, em 2019, foi anunciada uma nova versão da prova que teria o projeto piloto colocado em prática em algumas regiões: o Enem Digital.
O formato digital foi pensado para tornar os vestibulares mais dinâmicos junto com a evolução tecnológica, e a previsão é que, até 2026, o Enem deixe de existir na sua versão impressa. Para o Professor de Filosofia Mário Marcondes, da Plataforma do Professor Ferretto, a versão digital é bem-vinda. “Já faz alguns anos que temos usado a tecnologia, e principalmente a internet, como nossa aliada para exercer a Educação, e a pandemia da Covid-19 trouxe ainda mais reflexões de como a tecnologia pode auxiliar o aprendizado ou a avaliação”, comenta o docente.
Para Marcondes, embora tenha seu lado positivo, a mudança também traz algumas incertezas. “Mesmo sendo algo que esteja sendo criado para facilitar a vida do candidato, a versão digital do Enem tem seus prós e contras, o que pode fazer com que a versão impressa não deixe de existir totalmente”, avalia o docente.
O Professor Marcondes listou algumas vantagens e desvantagens do Enem digital:
Pró: Rapidez nos resultados
O gabarito oficial de respostas é divulgado normalmente dois dias depois da prova, e o resultado individual oficial sai cerca de dois meses depois do exame.
“Com o Enem Digital, os resultados podem sair mais rápido, por conta das provas impressas passarem por longos processos de checagem para serem corrigidas com precisão. Com elas sendo em um sistema digital, a correção fica mais fácil”, explica o professor.
Contra: Infraestrutura das escolas
O Enem é feito em diversos pontos ao redor do Brasil, os candidatos fazem a prova tanto em escolas quanto em universidades públicas e particulares. Mas, segundo Marcondes, nem todos os locais estão preparados para esse modelo de prova. “Alguns locais não tem uma estrutura adequada para realizar a versão online, por não ter equipamentos de informática suficientes, espaço suficiente para dividir os candidatos entre um computador e outro, tomadas para manter os equipamentos ligados, ou até mesmo risco de imprevistos, como acabar a luz no local. Falhas como essa podem acontecer e forçariam o candidato a uma reaplicação, o que pode deixá-lo ainda mais ansioso com o exame”, alerta o professor de Filosofia.
Pró: Maior interatividade nas questões
Por enquanto, a prova digital tem questões diferentes da impressa, por serem aplicadas em datas diferentes. Quando o projeto foi anunciado, foram apresentadas questões interativas, com gráficos e vídeos, mas isso ainda não aconteceu nas últimas aplicações digitais.
“Questões interativas podem fazer com que o candidato tenha um melhor desempenho na prova, além de quebrar uma sequência cansativa de textos. Assim, a avaliação fica mais dinâmica e menos maçante”, diz o Professor Marcondes.
Contra: Dificuldade de acesso à tecnologia dos candidatos
Segundo a pesquisa TIC Educação, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.Br) de 2022, 84% dos alunos que moram em áreas urbanas não possuem dispositivos ou acesso à Internet em seus domicílios. Ou seja, mesmo que o candidato não tenha que levar um computador para a prova, muitos não possuem familiaridade com o uso do aparelho, e isso pode prejudicar o candidato na prova.
“O Brasil ainda é um país muito desigual, tanto para a educação como para o acesso à tecnologia, e oferecer a prova somente em modelo digital pode fazer com que um grande número de candidatos nem tente fazer a prova, por não possuir a habilidade necessária com o uso da tecnologia”, finaliza o professor Marcondes