“Melro” elucida a dor de mães que perderam os filhos em chacinas

Diário Carioca

Foto: Núria KiffenFoto: Núria KiffenLogo após a semana que marca os 32 anos da Chacina de Acari, ocorrida em 26 de julho de 1990, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o espetáculo “Melro” aborda a solidão dessas mães que sonham encontrar algum vestígio dos filhos assassinados.

Ancestralidade, amor, dor, desesperança e luta se misturam em “Melro”. A peça produzida por Núria Kiffen desenvolve a denúncia dessas mortes, com uma pegada científica, trazendo questionamentos para o  público. Para finalizar, ainda é abordado o afeto, que se desenvolve dentro de casa, o que envolve duas pessoas pretas e o que possibilita a cura. “Eu digo que a peça tem uma pegada de dramaturgia, misturada com show e uma dose de performance”, ressaltou a produtora.

Segundo Núria, a ideia é fazer as pessoas questionarem as mazelas que abarcam os negros. “Nós queremos conduzir o nosso público nas diferentes atmosferas do questionamento. Por que isso aconteceu? Como foi possível fazer isso? Por que quase ninguém faz isso? São perguntas que definem bem os três atos do espetáculo. Esperamos que o público aprecie o questionamento levando para suas casas e compartilhando com seus amigos e familiares”, pontua.

Foi durante a pandemia de Covid-19, nos últimos dois anos, que tudo começou. Formado pelas atrizes Cláudia e Pietra e por Fabiano, que também é ator, o ‘Coletivo Agô’, o qual originou a materialização deste espetáculo, nasceu do encontro dos artistas na Escola Técnica Estadual de Teatro Martins Penna. Juntos, o trio realizou montagens de peças e cenas curtas, além de apresentações em festivais e saraus. No final do no passado, os atores conquistaram os prêmios de Melhor Esquete pelo júri técnico, Melhor Iluminação, Melhor direção e Melhor Atriz para Cláudia Macedo, ao participarem da 11ª edição do Festival de Teatro Universitário (FESTU).

A poucos dias da temporada, o coletivo tem boas expectativas. “Esperamos que este projeto seja o tipo de espetáculo que comunique com os diferentes públicos da nossa sociedade. É uma peça que quem é branco vai ter um questionamento diferente de quem é preto, quem é rico vai ter um questionamento diferente de quem é pobre, mas todos vão questionar o seu lugar dentro da sociedade. É o que esperamos. Queremos nos conectar com esse público. Queremos ficar na cabeça dele. Queremos estar no dia seguinte na sua chegada ao trabalho, durante seu almoço com colegas e na sua vivência familiar. Este é o tipo de espetáculo que fica e o público leva para a vida”, frisou Núria.

Serviço:

Terreiro Contemporâneo – Teatro Chica Xavier

Rua Carlos de Carvalho, 53, centro, Rio de Janeiro

Datas: 12, 13, 14, 19, 20, 21, 26, 27 e 28 de agosto

sextas 20h, sábados 19h e domingos 18h

Ingressos pela Sympla

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