Foto: Priscila NatanySucesso de crítica, “Amanda”, solo estrelado pela atriz mineira Rita Clemente, com texto de Jô Bilac, faz curta temporada no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro
Em cartaz desde 2015, após diversas temporadas pelo Brasil e apresentações on-line, enfim, “Amanda”, chega aos palcos do Rio de Janeiro. Peça é fruto da pesquisa de dramaturgia de cena da atriz, “Solo, Sim! Monólogo, não!”, que diferencia a obra solo da ideia de monólogo, a montagem reforça o conceito de que, no Solo, o espectador se depara com muitas outras vozes em cena, além da presença de uma só atriz.
“Não tem nada de improvisação, sequer se trata da efemeridade da linguagem teatral, pelo contrário, trata-se de enfatizar que os vocabulários criados resistem ao tempo e sua permanência permite que se desdobrem em novos sentidos, sem fugir do compromisso estético e estilístico da obra”, afirma Rita Clemente. O pressuposto é que a cena, tal como o texto, tem sua escrita e, por isso, pode ser revisitada, relida, novamente apreciada, mostrando uma nova perspectiva dramatúrgica para o espectador. Isto é, cada vez em que se vai ao teatro, sempre é um novo momento para o público e para os artistas da cena.
“Teatro de Arte tem vocabulário, elaboração, articulação e, como toda linguagem, pode e deve ser visto novamente. Uma cena atual e contemporânea é uma cena que dialoga com o tempo: que se inspira no passado, reflete o presente e aspira o futuro”, frisa.
Em “Amanda”, Rita dá vida à uma mulher de meia-idade que perde progressivamente os cinco sentidos e, ainda assim, busca, corajosa e absurdamente continuar com o mínimo, com o pouco, com o nada. Gradativamente, o público vai acompanhando as sensações dessa mulher, que sem saber como e nem por quê, de repente, vê sua vida se esvaindo com a perda das sensações mais ordinárias, mas que, no fim, são as que nos mantêm vivos.
As perdas, de maneira geral, marcam as reflexões e metáforas do contexto e Jô Bilac propõe um texto simples e, ao mesmo tempo, cheio de desmembramentos. Ao refletir os valores e recalques da classe média, através de uma autocrítica bem-humorada da personagem, o texto se aprofunda e toca também no universo de uma mulher perdida em um mundo que silencia sua voz. A perda dos sentidos proposta pelo autor é também uma forma de redescobrir um novo “olhar” sobre a vida.
Serviço:
“Amanda”
Data: de 10 de agosto a 04 de setembro (de quarta a domingo)
Local: Teatro III do CCBB RJ (R. Primeiro de Março, nº 66, 2º andar, Centro, Rio de Janeiro)
Horário: Quarta a Sábado, às 19h30; Domingo, às 18h.
Duração: 57min
Classificação: 14 anos
Ingressos emitidos na bilheteria do CCBB ou pelo site eventim.com.br