Foto: Patrick GomesO monólogo “Pedro I” estreia no Paço Imperial, no Bicentenário da Independência, para questionar valores e atitudes de um dos grandes nomes da história do Brasil. Com direção de Daniel Herz, o ator João Campany dá vida a dois personagens: o primeiro imperador do país e um ator dos tempos atuais, que iniciam um embate de ideias.
No Bicentenário da Independência, o monarca que desfez nossos laços com a Coroa portuguesa e transformou o Brasil em nação está de volta aos holofotes. Mas não para ser louvado, e sim questionado. “Pedro I” resgata a figura histórica para refletir sobre a eficácia do seu governo, os atos impulsivos, o início da corrupção no Brasil e o machismo que sempre esteve presente em suas relações familiares.
O texto de Daniel Herz, João Campany e Roberta Brisson mistura elementos históricos e fictícios para lançar ao público a pergunta: o legado do Primeiro Império é realmente positivo? O espetáculo tem apoio institucional do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através do Edital Retomada Cultural RJ2.
Criada na sala de ensaio, a dramaturgia busca repensar a história do país ao revisitar os acontecimentos que construíram a sociedade brasileira. O texto tem influências do teatro de Luigi Pirandello e Bertold Brecht ao buscar o conflito a partir da relação entre dois personagens: um artista do século 21 e o Chefe de Estado do século 19.
“A liberdade é diferente de independência. Dom Pedro proclamou a independência de um país em relação a outro, que o colonizava. Mas será que, com isso, ele realmente garantiu a liberdade das várias etnias que povoam o Brasil?”, questiona João Campany. “Ao fazer uma reflexão sobre esse período histórico, procuramos entender de onde vem muitas questões que se apresentam até hoje pra nós, como o racismo e a misoginia, por exemplo. A ideia de relembrar para não repetir os erros do passado se une à necessidade de lutar, diariamente, por uma sociedade mais igualitária”, completa a coautora Roberta Brisson.
O drama acompanha a tentativa delirante de Dom Pedro retomar o poder em 2022. No processo, ele enfrenta um artista que questiona os seus valores e sua conduta em relação ao trono. Porém, este embate não é fácil. Dom Pedro é autoritário e o ator não pretende permitir que seu corpo seja veículo para este governante de caráter e conduta duvidosas. Quem vencerá?
“A peça imagina esse encontro inusitado entre D. Pedro e um ator de hoje, no meio do caos em que a gente vive. Como esse ator vai lidar com os valores e ideias de um imperador tão explosivo, envolvido em tantas polêmicas e atitudes controversas?”, questiona o diretor Daniel Herz. “Fazemos uma provocação a partir de pensamentos tão diferentes, e levamos à cena reflexões para a construção de um Brasil melhor”, acrescenta.
SERVIÇO:
Temporada: De 08 de setembro a 01 de outubro de 2022
Centro Cultural do Patrimônio Paço Imperial / IPHAN: Praça XV de Novembro, 48, Centro
Dias e horários: Quintas-feiras e sextas-feiras, às 17h30. Sábados e domingos, às 16h.
Ingressos: Gratuitos, com retirada de senhas
Lotação: 60 lugares.
Duração: 60 minutos
Classificação: 12 anos