“Garrincha não jogaria hoje”, opina Vanderlei Luxemburgo no The Noite

Diário Carioca


Um dos treinadores mais vitoriosos do futebol estará no The Noite desta quarta (21). Com nove Paulistões, cinco Brasileirões, uma Copa do Brasil e outros tantos títulos estaduais e regionais, ele ainda conquistou a América com a Seleção e foi o primeiro e único brasileiro a comandar o Real Madrid. O ‘professor’ Vanderlei Luxemburgo abrilhanta a atração com sua presença e suas histórias. 

 

Sobre a cultura de revelar craques no país, avalia: “o Brasil tem uma essência de jogar futebol. E essa essência foi acabando ao longo do tempo… O pessoal jogava muita bola na várzea. O futebol, não adianta as pessoas quererem criar uma outra solução que não seja dos menos favorecidos. Futebol é para o menos favorecido. Tu não nasce rico e vai jogar bola. Fomos perdendo, ao longo do tempo, os campos que são formadores de jogadores. Campo de barro, ali é que nasce o jogador… Gênios do futebol nascem no campo de barrão, de terrão, da favela”. 

 

Ao recordar sua época de jogador, afirma: “morávamos em Quintino, o Zico morava também. No domingo nós jogávamos no Maracanã, na preliminar, juniores, e depois também no profissional. Só que, na segunda-feira, tinha uma tradicional pelada lá em Quintino que era no paralelepípedo. A gente já profissional no futebol e íamos jogar em paralelepípedo”. 

 

Ainda sobre as diferenças do passado para hoje, declara: “o Garrincha não jogaria hoje. Da maneira que ele jogava antigamente, em que ele pegava a bola, driblava o cara, parava, esperava o cara voltar e driblava de novo. Os técnicos não iam deixar. Iam falar assim ‘tem que tocar a bola’… Eu mando é driblar. Jogador sem drible, futebol sem drible, não é a essência do futebol”.  

 

A respeito de seu trabalho com o Bragantino, diz: “ali foi um grande trabalho meu. Porque eu não tinha os recursos que os outros clubes tinham. Você vai trabalhar no Palmeiras, você sai com 80% de chance de ganhar o campeonato. O Bragantino sai com 20%. A diferença é absurda. Só que aí, o que eu fiz, eu tinha uma cidade à minha disposição. A minha concentração do Bragantino era melhor que a do São Paulo, que a do Palmeiras, que a do Corinthians. Como a cidade estava à nossa disposição, eu aluguei uma chácara que tinha lago para pescar, piscina, tudo que os outros não tinham. Os campos da cidade toda onde podíamos treinar. Tínhamos o melhor clima porque estávamos na serra. Foi aí onde eu desenvolvi a minha qualidade profissional de mudança de comportamento no treinamento. Saímos da parte aeróbica para entender que o futebol é totalmente anaeróbico. Criamos um conceito diferente de jogar futebol…. Foi o mais marcante. Porque é muito difícil você sair com um Bragantino e sair campeão brasileiro, campeão paulista diante dos grandes, é muito difícil”. 

 

Comparando com sua atuação à frente do Palmeiras e se teve receio ao assumir o time, declara: “o medo de perder tira a vontade de ganhar. Palmeiras para mim não era medo. Foi a solução para chegar aonde eu cheguei, que foi a Seleção, me projetar. Não via como desafio, porque nem gosto dessa palavra, via como uma oportunidade de mostrar meu trabalho. Foi o que aconteceu. Fiz um trabalho brilhante”. Danilo pergunta se ele gostaria de dirigir o São Paulo e Luxemburgo responde: “gostaria. Sempre quis dirigir o São Paulo. Acho um grande clube, tive grandes embates com o Telê Santana, em jogos maravilhosos. É um grande clube, que tem uma torcida que gosta de mim, pedindo minha contratação. Mas, infelizmente, não aconteceu”.  


O The Noite é apresentado por Danilo Gentili e vai ao ar de segunda a sexta-feira, no SBT. Hoje, 00h30.

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