Os diagnósticos de depressão na população adulta cresceram 41% no Brasil nos dois primeiros anos da pandemia de Covid-19. Esses dados são do Covitel, estudo feito pela organização global de saúde pública Vital Strategies em parceria com a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que comparou números pré-pandemia com o primeiro trimestre de 2022.
Conforme uma pesquisa da Adecco Group realizada em 2021, 54% dos jovens líderes relatam que estão passando ou passaram por um Burnout, e 52% dos trabalhadores brasileiros sofrem de ansiedade enquanto estão no local de trabalho, segundo pesquisa feita no mesmo ano pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje).
Em uma pesquisa atual realizada em 2022 pelo Wellz, Gympass e Talenses Group, 63% dos colaboradores entrevistados relataram uma falta de apoio pela liderança para lidar com condições de saúde mental.
“Como empresa, devemos acolher, apoiar e capacitar os funcionários em sua jornada de cuidados e proporcionar um ambiente de trabalho psicologicamente seguro, em que eles possam se expressar e interagir livremente”, explica Ines Hungerbühler, psicóloga, PhD e líder do Time Clínico do Wellz, solução de saúde mental desenvolvida pelo time do Gympass, que apoia as empresas na gestão do bem-estar emocional dos seus times. “Cuidar da saúde mental das equipes também significa criar um espaço de confiança, abertura e segurança psicológica, para tornar o ambiente de trabalho um recurso para a saúde mental e não um fator de risco”, complementa.
Ações educativas, como o Setembro Amarelo, buscam reduzir o estigma em questões de saúde mental, abrindo o diálogo e trazendo conhecimento sobre essas condições. Falar sobre o tema saúde mental dentro das organizações, dar apoio e acolher as vulnerabilidades das pessoas por meio da empatia e/ou mudar as contingências que forem possíveis dentro do local de trabalho, por exemplo, são ações que podem ajudar na redução do estigma social e na busca de tratamento, e também na prevenção de doenças mais graves.
Neste Setembro Amarelo, a especialista do Wellz Ines Hungerbühler compartilha dicas para que cuidado com a saúde mental seja uma realidade constante no ambiente organizacional:
Liderança humanizada para que haja segurança psicológica dentro de uma equipe, é preciso que a liderança fale abertamente sobre as próprias necessidades, emoções, dificuldades e vulnerabilidades, ou seja, seja humana. Isso pode incentivar os colaboradores a se abrir, compartilhar e conversar sobre a própria saúde mental. Para essa troca acontecer, precisamos de momentos para falar sobre assuntos não relacionados ao trabalho, tais como check-ins no início de uma reunião onde cada participante conta brevemente como está se sentindo, por exemplo.
Feedback e reconhecimento: implementar feedbacks frequentes com gestores é fundamental para que o colaborador sempre saiba o que é esperado de seu desempenho. Além disso, quando um gestor adota essa postura aberta e de suporte, identificando boas contribuições dos colaboradores no dia a dia, estabelece um convívio de confiança e reconhece o valor e a importância do colaborador para o time. Através da Comunicação Não Violenta (CNV) é possível estabelecer uma relação mais empática e assertiva ao invés de evidenciar atitudes agressivas ou defensivas durante esses diálogos, o que permite o aumento do engajamento e a diminuição significativa do estresse e da ansiedade.
Acolhimento como cultura da empresa: oferecer tratamento e estratégias de bem-estar são pilares fundamentais de uma empresa que acolhe os colaboradores, mas esses valores precisam estar presentes no dia a dia, não apenas em situações extremas, em eventos, ou em datas especiais, como o Setembro Amarelo. O acolhimento precisa se tornar parte da cultura da empresa, das conversas e atividades cotidianas.
Memorize o acrônimo ROC: para ajudar a rede de apoio das pessoas em situação de vulnerabilidade em saúde mental a lidar com o risco, o doutor Neury José Botega, psiquiatra, professor titular da Unicamp e diretor da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (ABEPS) criou o acrônimo ROC, que pode fazer a diferença para a lidença. As três letras formam um passo a passo que deve ser seguido para evitar o agravamento do problema. 1. repare no Risco; 2. Ouça com atenção; 3. Conduza a situação até algum profissional