O Rio de Janeiro é a sexta capital mais cara para comprar um imóvel entre as principais cidades da América Latina. A conclusão faz parte de um estudo inédito feito pelo QuintoAndar com dados de 12 das cidades mais populosas da região. Para alugar, a cidade aparece na 9ª posição.
Segundo a publicação, intitulada “O mercado residencial na América Latina”, o Brasil aparece com apenas uma cidade entre as cinco mais caras para comprar e só com uma também entre as cinco com o aluguel mais alto. Brasília tem o 5º maior custo para compra, enquanto São Paulo tem o 4º maior para alugar.
O levantamento foi feito levando em conta dados dos últimos 12 meses, encerrados em julho de 2022, com base nos anúncios e nas buscas feitas nos portais Zonaprop (Argentina), Imovelweb e WImóveis (Brasil), Plusvalia (Equador), Inmuebles24 (México), Compreoalquile (Panamá), Adonde Vivir e Urbania (Peru), integrantes do Grupo QuintoAndar.
Foram analisadas sete cidades do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre) e cinco capitais da América Latina (Lima, Cidade do México, Buenos Aires, Quito e Cidade do Panamá). Juntas, essas cidades congregam mais de 55 milhões de habitantes.
No Rio, o preço do metro quadrado para compra foi de US$ 1.784 nos últimos 12 meses, encerrados em julho de 2022. Já o preço médio para aluguel foi de US$ 5,1 por metro quadrado no período de referência.
De acordo com o estudo, Buenos Aires é a capital mais cara para alugar e vender um imóvel entre as analisadas, O preço custa, em média, US$ 2.479. É o mais caro entre todas as analisadas. Veja toda a lista.
Como fora do Brasil os imóveis são listados tanto em moeda local como em dólar americano, foi feita uma conversão de todos os dados para dólares americanos usando a taxa média mensal de fechamento do mês em que o anúncio foi criado para permitir uma comparação.
“Durante a pandemia, houve uma curiosa combinação de fatores que se traduziu num pequeno boom imobiliário. E é possível perceber que o mercado na América Latina está hoje, em boa parte, aquecido. A Argentina é uma exceção: Buenos Aires vive um cenário de muita oferta e pouca procura. Ainda assim, com a inflação em alta, os preços de imóveis na capital são comparativamente maiores que os de outras cidades da região”, explica Vinicius Oike, economista do QuintoAndar.
Comprometimento de renda tem nível crítico
O estudo aponta uma situação menos crítica no Rio no que diz respeito ao comprometimento da renda com o aluguel, na comparação com as outras cidades. O Rio de Janeiro é uma das únicas três com percentual de gasto com aluguel inferior a 30% – considerado o limite recomendado por especialistas.
No entanto, para compra de imóveis, o índice de acessibilidade financeira é considerado “alarmante” – ou seja, quando o indicador que revela quantos anos de renda uma família precisa comprometer para comprar um imóvel é superior a 7-10 anos.
“Os valores de comprometimento para compra nas cidades analisadas são bastante similares e também indicam uma baixa acessibilidade financeira. Já os valores no aluguel apontam para um mercado formal descolado da renda familiar média”, ressalta Oike.
Busca por apartamentos segue em alta
A pesquisa também mostra que, em 11 das 12 cidades analisadas, a procura por apartamentos supera as buscas por casas. A exceção na lista é Quito, onde o inverso é registrado – cerca de 54% das buscas são por casas. A capital tem uma das menores densidades demográficas entre todas as cidades analisadas (3.400 hab/km²), o que ajuda a explicar o percentual.
No Rio, cerca de 60% das buscas no primeiro semestre foram por apartamentos, enquanto cerca de 40% foram por apartamentos. Entre as cidades brasileiras analisadas, a maior diferença foi identificada em Brasília, no Distrito Federal. Na capital do país, em média, 69% das buscas no primeiro semestre deste ano foram por apartamentos, enquanto somente 31% das procuras foram por casas.
No universo latino-americano, o volume de procura por imóveis verticais é bem próximo do registrado no Brasil. Em Buenos Aires, por exemplo, cerca de 80% das buscas visam apartamentos. Já na Cidade do México esse percentual é de 60%. Lima e Cidade do Panamá seguem na mesma tendência, com incidência próxima de 70%.
Segundo o estudo, há uma tendência de crescimento na procura por casas. No primeiro semestre de 2019, para o mesmo período de comparação, 70% das buscas eram por apartamentos, enquanto 30% eram por residências térreas.
O estudo revela ainda os filtros mais usados por quem procura um imóvel nas 12 cidades analisadas. O desejo por um cantinho extra e por um contato maior com a natureza são evidentes.
No Rio destaca-se a procura por imóveis próximos ao metrô, principal filtro utilizado, segundo a pesquisa. Na sequência aparecem churrasqueira, campo de futebol, elevador e área verde. O campo “frente ao mar” também é um dos mais selecionados nas buscas na cidade.
A metodologia
A base de dados analisada é composta por anúncios imobiliários nos portais do grupo Navent de julho de 2021 até julho de 2022. A cobertura geográfica inclui 6 países (Argentina, Brasil, Equador, México, Panamá e Peru).
Foram escolhidas 12 cidades, que estão entre as mais populosas e mais representativas economicamente da região, além de possuírem um volume significativo de anúncios nos portais do Grupo QuintoAndar. São elas: Brasília (BRA), Belo Horizonte (BRA), Buenos Aires (ARG), Cidade do México (MEX), Cidade do Panamá (PAN), Curitiba (BRA), Lima (PER), Porto Alegre (BRA), Quito (EQU), Rio de Janeiro (BRA), São Paulo (BRA) e Salvador (BRA).
Para padronizar a comparação de preços entre os países no estudo, foram selecionados apenas os anúncios de compra/venda e de aluguel de apartamentos. Já para a análise dos filtros mais utilizados foram considerados tanto apartamentos como casas e todos os filtros de busca acessíveis nos sites.
Para a comparação de custo de vida e affordability foi feita uma conversão para dólares em paridade de poder de compra ou ppp (purchase power parity). Este tipo de conversão cambial ajusta as diferentes taxas de câmbio às flutuações domésticas no nível de preços e permite uma comparação mais adequada do custo de vida e do poder de compra da população nos países. As taxas de câmbio em paridade de poder de compra foram extraídas do Banco Mundial.