Produção e vendas da Petrobrás encolhem junto com a empresa nos primeiros nove meses do ano

Diário Carioca

Para a Federação Única dos Petroleiros (FUP), as quedas na produção de petróleo e gás e no refino, registradas no Relatório de Produção e Vendas da Petrobrás do terceiro trimestre de 2022, são reflexo do processo de encolhimento da maior empresa do país, que reduziu participação nos contratos de partilha, vendeu campos de petróleo, refinarias, terminais, gasodutos, termelétricas, usinas eólicas, entre outros. No total, foram 63 ativos privatizados de janeiro de 2019 até hoje.

Nota técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/subseção FUP), com base nos dados da Petrobrás, destaca que nos primeiros nove meses deste ano, comparados com o mesmo período de 2021, houve quedas significativas nos indicadores de produção de petróleo:

“A produção de petróleo caiu 3,5%, sendo que em ‘terra e águas rasas’ a queda foi de 25,7%; em campos no ‘pós-sal profundo e ultra profundo’ a redução atingiu 12,6%; e, nos campos de petróleo no exterior, o declínio também foi acentuado, de 14%. Somente os campos do pré-sal tiveram pequeno aumento da produção, em 0,8%”.

A queda na produção ocorre principalmente em função da estratégia adotada pela empresa nos últimos anos, com a venda de ativos no Brasil e no exterior (parte da produção que pertencia a empresa agora está com outras petroleiras), redução dos investimentos em campos maduros (o recuo de investimentos leva ao declínio natural dos campos), e foco em campos do pré-sal (mais produtivos e concentrados em poucas regiões), diz o estudo.

“No momento em que os preços do barril de petróleo estão em crescimento, por conta do aumento da demanda mundial, guerra na Ucrânia, falta de energia na Europa em pleno inverno e decisão de redução da produção da OPEP+, a Petrobrás poderia aproveitar esse cenário e aumentar sua produção. Haverá também impactos no futuro, pois a empresa continua com poucos investimentos e concentrada nos campos do pré-sal, colocando em risco o futuro da produção da companhia”, observa Cloviomar Cararine, economista do Dieese/FUP.

Quanto à queda de 4,5% na produção de derivados e ao declínio de 3% nas vendas de produtos, nos primeiros nove meses deste ano, em comparação com mesmo período de 2021, o Dieese/FUP observa que o resultado deve-se à decisão adotada em 2021 de privatização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia.

“A Petrobrás perdeu uma refinaria estratégica que representava cerca de 10% da capacidade de produção nacional. Assim como acontece no segmento de petróleo, a Petrobrás está perdendo a oportunidade de ampliar a produção e venda de derivados, em momento de maior demanda, principalmente de óleo diesel, quando o Brasil inicia a fase de escoamento de produção do agronegócio”.
 

Nota técnica Dieese/Fup sobre Relatório de Produção e Vendas da Petrobrás 3T2022

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